Esta coleção reúne as vozes de 18 pescadores e pescadoras que carregam, em suas mãos e memórias, a força de uma das mais antigas profissões da humanidade: a pesca artesanal. São relatos vindos da Baixada Santista — Cubatão, Santos, Guarujá e São Vicente — e das comunidades rurais de São Luís do Maranhão — Cajueiro, Camboa dos Frades, Taim, Rio dos Cachorros e Ilha do Medo — além de duas pessoas trabalhadoras do Porto de Santos. Histórias de quem vive entre águas, ventos, marés e saberes transmitidos de geração em geração.
Aqui se cruzam diferentes artes de pesca, modos de vida, trajetórias de homens e mulheres que transformaram o mar, os rios e os manguezais em sustento, identidade e território. Ao narrar suas experiências, eles revelam a complexidade e a beleza de um ofício que molda comunidades inteiras, sustenta culturas e constrói laços profundos com a natureza.
Mas esta é também uma coleção marcada pela urgência. À medida que grandes portos avançam, a poluição cresce e a dragagem altera o fundo do mar, o peixe diminui — e com ele, a viabilidade da pesca artesanal. O que se registra aqui não é apenas memória; é testemunho vivo de uma atividade que resiste, mas que se vê ameaçada em seu próprio futuro.
Ao reunir estas narrativas, o Museu da Pessoa preserva não só histórias individuais, mas um patrimônio coletivo que merece ser ouvido, valorizado e defendido. São vidas navegando entre passado e presente, oferecendo ao Brasil e ao mundo o retrato de uma cultura que não pode desaparecer com as marés.
As entrevistas foram registradas por meio do programa “Conte Sua História”, que ao longo das últimas décadas têm se estruturado como espaço público para a escuta de toda e qualquer pessoa que deseje contar sua trajetória de vida e registrá-la num acervo digital e colaborativo. Através da Tecnologia Social da Memória, a experiência privilegiou a metodologia de história de vida, na qual não apenas tópicos específicos são abordados, mas o panorama de toda uma biografia das pessoas é construída em conjunto.
Esse projeto foi viabilizado pelo Programa Nacional de Apoio à Cultura (PRONAC 235372), por meio do Ministério da Cultura, com patrocínio da VLI e realização do Museu da Pessoa.