Projeto Memória dos Trabalhadores Petrobras
Depoimento de Francisco Assis Andrade Pimentel
Entrevistado por Rosana Miziara
Urucu, 03 de julho de 2003
Realização Museu da Pessoa
Depoimento PETRO_CB203
Transcrito por Transkiptor
00:00:06 P/1 - Pimentel, você pode falar seu nome completo, local e data de nascimento?
00:00:30 R - Francisco de Assis Andrade Pimentel. Nasci em Caldas do Jorro, Bahia, no interior da Bahia, uma instância hidromineral com águas secas.
00:00:39 P/1 - Posso ouvir o seu, um pouquinho mais alto?
00:00:41 R - Nasci no dia 4 do 10 de 1965.
00:00:45 P/1 - Como que é o nome da sua cidade?
00:00:47 R - Caldas do Jorro, uma instância hidromineral.
00:00:50 P/1 - Caldas do Jorro?
00:00:51 R - Caldas do Jorro.
00:00:52 P/1 - Você já sabia que ia trabalhar com petróleo?
00:00:54 R - Não, não sabia e pra mim foi... Uma das grandes vitórias da minha vida, eu vim pra cá.
00:01:02 P/1 - Como é que você saiu assim da Bahia, você já trabalhava na Petrobras lá, veio pra cá, depois que ano você entrou na Petrobras?
00:01:09 R - Eu entrei em 86, entrei por lá, trabalhei lá quase que dois anos, aí surgiu a oportunidade pra vir pra cá.
00:01:17 P/1 - Mas você me conta antes assim, você queria trabalhar na Petrobras, você tinha um sonho, quer trabalhar na Petrobras, como é que foi a sua entrada?
00:01:24 R - Antes eu trabalhava já em outra firma, o Aldebrecht. Aí surgiu o concurso, eu fiz o concurso com a empresa, passei e era o meu sonho também, era vir trabalhar aqui.
00:01:35 P/1 - Por que você queria trabalhar no Clube do Trabalho?
00:01:38 R - Porque é uma empresa que realmente, hoje em dia, é uma das melhores em termos de salário, de emprego. Então, eu acho que no país é uma das melhores empresas ainda.
00:01:53 P/1 - E na época você prestou concurso pra quê?
00:01:57 R - Eu prestei o concurso pra operador de produção mesmo, pra função que eu estou hoje.
00:02:02 P/1 - Pra o quê?
00:02:03 R -...
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Projeto Memória dos Trabalhadores Petrobras
Depoimento de Francisco Assis Andrade Pimentel
Entrevistado por Rosana Miziara
Urucu, 03 de julho de 2003
Realização Museu da Pessoa
Depoimento PETRO_CB203
Transcrito por Transkiptor
00:00:06 P/1 - Pimentel, você pode falar seu nome completo, local e data de nascimento?
00:00:30 R - Francisco de Assis Andrade Pimentel. Nasci em Caldas do Jorro, Bahia, no interior da Bahia, uma instância hidromineral com águas secas.
00:00:39 P/1 - Posso ouvir o seu, um pouquinho mais alto?
00:00:41 R - Nasci no dia 4 do 10 de 1965.
00:00:45 P/1 - Como que é o nome da sua cidade?
00:00:47 R - Caldas do Jorro, uma instância hidromineral.
00:00:50 P/1 - Caldas do Jorro?
00:00:51 R - Caldas do Jorro.
00:00:52 P/1 - Você já sabia que ia trabalhar com petróleo?
00:00:54 R - Não, não sabia e pra mim foi... Uma das grandes vitórias da minha vida, eu vim pra cá.
00:01:02 P/1 - Como é que você saiu assim da Bahia, você já trabalhava na Petrobras lá, veio pra cá, depois que ano você entrou na Petrobras?
00:01:09 R - Eu entrei em 86, entrei por lá, trabalhei lá quase que dois anos, aí surgiu a oportunidade pra vir pra cá.
00:01:17 P/1 - Mas você me conta antes assim, você queria trabalhar na Petrobras, você tinha um sonho, quer trabalhar na Petrobras, como é que foi a sua entrada?
00:01:24 R - Antes eu trabalhava já em outra firma, o Aldebrecht. Aí surgiu o concurso, eu fiz o concurso com a empresa, passei e era o meu sonho também, era vir trabalhar aqui.
00:01:35 P/1 - Por que você queria trabalhar no Clube do Trabalho?
00:01:38 R - Porque é uma empresa que realmente, hoje em dia, é uma das melhores em termos de salário, de emprego. Então, eu acho que no país é uma das melhores empresas ainda.
00:01:53 P/1 - E na época você prestou concurso pra quê?
00:01:57 R - Eu prestei o concurso pra operador de produção mesmo, pra função que eu estou hoje.
00:02:02 P/1 - Pra o quê?
00:02:03 R - Pra operador de produção. É a função que eu estou hoje.
00:02:06 P/1 - O que fazer naquela época como operador de produção?
00:02:10 R - Na época que eu entrei era mais monitoramento de campo. Carro historiando o campo, poços de petróleo, testando poços, vendo a produção deles, se estava compatível com a produção que o reservatório pedia e fazendo análise também. Esse era o nosso serviço.
00:02:29 P/1 - Você se lembra do seu primeiro trabalho aqui? O que deram para você fazer?
00:02:36 R - Meu primeiro trabalho aqui foi na época de rioquimia ainda. Era uma estaçãozinha pequena, uma estação que a gente produzia aí duzentos e poucos metros de produção, a gente tinha uns dois postos. Era tomar conta de uma estação com dois, três separadores. Na época a gente tinha quatro, cinco operadores para tomar conta de uma unidadezinha pequena. Hoje a gente tem aqui uma unidade enorme e um quadro bastante menor em relação àquela época. Foi gratificante na época.
00:03:06 P/1 - E aconteceu assim, naquele período, alguma coisa que tenha te marcado? Que te destacou?
00:03:11 R - Algum caos? Só a vinda, o local, né? A viagem pra cá, isso me marcou muito. Como que foi? Conheci a Amazônia. Pra mim, foi uma das grandes coisas que aconteceu na minha vida. Conheci a Amazônia. Naquela época eu não tinha nem ideia de como seria. Na época que a gente vinha pra cá de helicóptero ainda, enfrentava duas horas de helicóptero. Era a época que a gente amassava barro meio parafaraó. Hoje não, hoje já tá tudo aí com oito centímetros de asfalto. Porque na época a gente andava na lama mesmo, de bogre, pra ir em poço de todo canto, e às vezes até a pé. Hoje não, já tá tudo mais fácil, tudo informatizado, tudo com controle bem maior.
00:04:03 P/1 - E qual foi a principal transformação daquela época para hoje na sua atividade?
00:04:10 R - A maior transformação é a informatização. Hoje a gente tem os nossos controles, tudo via Echo, via remoto, ou seja, os poços que a gente acabou de ver há poucos instantes atrás, aqueles poços, a gente abre por aqui, fecha, aumenta a vazão, coloca a vazão que quer nesse poço por aqui mesmo. A gente aumenta a temperatura, diminui, assim como a parte de operação também. A chegada aqui do óleo, a gente tem um separador de 3 fases, onde é separado esse óleo em 3 fases, óleo, gás e água. E é feito tudo por aqui. Eu aumento ou diminuo o vazão desse operador. Aumento pressão ou diminuo. Eu controlo a temperatura dele através de fornos. Então é feito tudo por aqui. Então a maior vantagem foi essa aí. A automação. A mudança.
00:05:03 P/1 - E você fez algum curso pra aprender a operar? Como é que foi essa entrada de computador também no seu trabalho?
00:05:10 R - Sim, com certeza. A empresa se preocupa muito com isso, principalmente com a reciclagem do pessoal. Além de cursos, a gente sempre está fazendo reciclagem, principalmente para operar esses programas, esses softwares, as nossas automações. O curso sempre está sendo feito e a empresa sempre investe nisso, no aprimoramento e no conhecimento dos funcionários.
00:05:38 P/1 - Como é que é morar aqui? Você mora aqui, qual que é esse regime de trabalho?
00:05:43 R - Aqui a gente trabalha 14 por 21, passamos 14 dias aqui, 21 folga. No meu caso, e alguns colegas também, que moramos fora, a gente passa nossa folga, no meu caso, na Bahia. Então minha folga, toda folga eu vou pra Bahia e vim pra cá.
00:06:01 P/1 - Você vai acompanhar lá de avião?
00:06:03 R - De avião. E o funcionário dela esteja aqui no dia de embarcar. Não se preocupa com o professor, pode morar até no Japão. Ela quer que ele esteja aqui no dia do trabalho dele, cumprindo com as obrigações.
00:06:25 P/1 - E como é que era no começo, assim, quando você ficou embarcado em terra?
00:06:30 R - Lá na Bahia eu já trabalhava embarcado, em regime de turno. Mas quando eu vim pra cá eu já estava acostumado e sempre gostei de trabalhar em turno. É ruim, é desgastante estar longe da família, longe dos filhos, mas a gente costuma. Pra mim é gratificante. Ainda mais porque dá pra conciliar trabalho e folga, dá pra ir pra casa. É tranquilo.
00:06:58 P/1 - Então, você é sindicalizado?
00:07:00 R - Sim.
00:07:01 P/1 - Você exerce alguma atividade dentro dos sindicatos? Não, não.
00:07:07 R - Já participou de alguma greve?
00:07:16 P/1 - Qual foi a greve mais marcante?
00:07:19 R - A greve mais marcante foi uma que... A gente fez aqui mesmo. Uma greve localizada, só a gente mesmo. O país todo estava trabalhando, só a gente que parou. Só Orucum? Só Orucum. E por sinal, a produção. A gente que parou reivindicando o RAC dos companheiros que trabalham no sistema administrativo de campo. E a gente estava reivindicando o turno pra eles também. Aí a gente fez essa parada. Foi uma greve que marcou muito. A gente ganhava turno já, né? A gente não tinha nem por que parar. Mas em solidariedade aos colegas, a gente fez essa greve aqui. Essa marcou realmente.
00:07:58 P/1 - Que ano que foi?
00:08:00 R - Acho que foi 82, 90, 95. Por isso. A data eu não lembro direito.
00:08:08 P/1 - Quanto tempo durou?
00:08:11 R - Três dias. Três dias. Agora com parada de produção mesmo. Fechar postos e dizer assim, não, só abre. Quando resolveu o problema.
00:08:23 P/1 - Mas teve participação do sindicato?
00:08:26 R - Não, não participou.
00:08:28 P/1 - Mas nessa greve o sindicato participou? Foi uma coisa que independeu do sindicato?
00:08:34 R - Não, teve apoio do sindicato. O sindicato que estava com a gente. Mas foi uma greve localizada, só foi aqui mesmo.
00:08:44 P/1 - Complementar nesse período que você tá sem, aconteceu-se algum caos de trabalho, com algum companheiro, você embarcado tanto tempo, algum caos que você acha importante deixar registrado?
00:08:55 R - Com algum companheiro de trabalho?
00:08:56 P/1 - É, ou com você, ou com alguém, algum fato curioso que é importante, que você acha legal deixar registrado.
00:09:03 R - Na realidade, aqui é a nossa segunda família, querendo ou não, a gente passa a maior parte da nossa vida aqui com os colegas de trabalho e a outra metade com a família. O que eu acho mais interessante, gostaria de deixar registrado, é isso, é a união que nós temos aqui, que passamos juntos nesses dias, praticamente acordando, dormindo junto, Convivendo 24 horas, porque aqui é trabalho e trabalho. 24 horas mesmo, sem parar.
00:09:42 P/1 - Sem parar, mas a hora que você vai dormir?
00:09:45 R - Tem horário de dormir, que eu redimo aqui são 12 horas, né? Trabalho a 12 e folgo a 12. Mas está convivendo com os colegas.
00:09:53 P/1 - Na hora que você não está trabalhando aqui, por exemplo, o que você costuma fazer?
00:09:57 R - Aqui a gente tem a opção de lazer, Tem TV, tem futebol, tênis, tem futebol de salão, tem sinuca, tem baralho. Então, em termos de lazer, a gente tá bem assistindo, não tem porquê se preocupar.
00:10:18 P/1 - Você pode descrever o que faz a sua função hoje? A parte da separação, desse controle?
00:10:28 R - Essa tela aqui é a tela da separação. É a tela que a gente recebe toda a produção de óleo do nosso campo. Aqui nós temos dois campos de produção. É o campo de Hulk e o campo de Luke. O campo de jogo que é dividido em dois campos. É o campo leste, oeste e urucuco. Aqui a gente tem uma visão macro do processo. E cada tela dessa aqui que eu clicar, a gente vai abrindo uma janela dela e vendo o processo que tem lá fora. Por exemplo, essa aqui, SD01. É aquele slugcat onde a gente fez a entrevista com o Enoch. Por aqui a gente está chegando a produção de gás, de lúquen. Aqui a gente tem a indicação de vazão e de pressão. Aqui me indica quanto é que eu estou e pressão desse gás e a vazão. Estou aqui com 3.775.000 m³. Essa produção é a produção de gás de lua. Nessa produção, a gente tem vários separadores já no campo de lua, que fica a uns 50 km daqui, mais ou menos, e lá a gente já faz a separação. O óleo e o elétron eu dou e o gás, por esse gás eu dou. Essa linha amarela é justamente o gás. É esse gás aqui que está chegando, 3.775 milhões. Passando aqui pra frente, a gente tem aqui dois separadores trifásicos, onde a gente vai fazer a separação e o tratamento do óleo. Esse separador trifásico, a gente separa o óleo em três fases. Ou seja, essa parte branca é água. É uma fase que vem composta do petróleo. Essa outra cinza é o petróleo mesmo e a amarela é o gás. Cada uma vai para uma unidade para ter o seu tratamento específico. A água a gente manda para a instalação de tratamento e de lá essa água é re-injetada. A gente manda ela de volta para os poços. Porque essa água tem uma salinidade bastante alta, a gente não pode jogar ela no meio ambiente. O petróleo a gente manda pra estação de pré-tratamento, a gente faz o pré-tratamento dele e de lá é enviado pra uma área de transferência estocada. Quando a gente vai estocar esse petróleo pra daí transferir pra Porto Solimões. E de lá a gente manda esse petróleo via balsa. pra Manaus, e andamos também pra São Luís, uma parte já vai pra Bahia também.
00:13:22 P/1 - Você controla tudo isso, todo esse processo?
00:13:25 R - Tudo.
00:13:26 P/1 - E não dá tilt, não?
00:13:29 R - Não. A gente tem uma manutenção aqui eficiente, a instrumentação mecânica, elétrica, trabalha full time, então a gente tem sempre uma manutenção preventiva justamente pra evitar esses problemas. Por aqui a gente controla a vazão, quanto é que a gente quer que realmente saia aqui e controla o nível. Nesse separador, por exemplo, a gente está aqui e controla o nível de 50% e uma vazão de 1.318 metros cúbicos de petróleo.
00:14:00 P/1 - Pimentão, fala uma coisa, você faz a maior parte do seu trabalho aqui?
00:14:04 R - Isso.
00:14:05 P/1 - E quantas vezes você vai a campo, em loco?
00:14:10 R - Nós temos operadores de campo. No meu caso, eu sou operador de painel. Eu fico aqui no painel. E temos o operador de campo. Qualquer coisa que ocorra aqui, qualquer distúrbio, a gente se comunica via rádio e o operador de campo é quem toma as ações lá no campo. Normalmente, eu mesmo pouco vou. Só se for um caso muito urgente, mas os operadores que entrem na área conseguem resolver os problemas lá. Ou seja, temos operador de painel e operador do carro.
00:14:40 P/1 - Nesse período todo que você está aqui, qual foi o fato mais importante que aconteceu, mais frente marcado aqui no fundo?
00:14:50 R - O fato mais marcante é a implantação das novas unidades aqui. Começamos aqui com a higienizinha, já estamos partindo agora a padeceira. Então, a gente tá com o campo realmente promissor. Então, isso pra mim é bastante marcante ver a nossa unidade crescer.
00:15:14 P/1 - O que significa pra você essa coisa de estar participando dessa história da Petrobras? Fazer parte dessa história?
00:15:22 R - É a minha vida. É aqui que eu comecei. Vou fazer 17 anos aqui. Então, significa parte da minha vida. Daqui, pra mim, é tudo. Estar na Petrobras, principalmente. O petróleo é nada mais, nada menos do que o movimento do país. É dele que a gente consegue gerar empregos e movimentar o Brasil. O petróleo é uma parte do Brasil.
00:16:14 P/1 - Eu acho.
00:16:26 R - Isso muito importante, saber que a gente tem esse projeto onde companheiros possam contar o que vivenciou, o que está vivenciando, ou até mesmo que possam vivenciar dentro da empresa. principalmente aqui, uma área que a gente começou aqui com bastante dificuldade no início, onde tudo aqui era muito difícil, era tudo transportado de helicóptero, principalmente sondas, tudo era transportado de helicóptero, os equipamentos, então no início era bastante difícil, hoje não, já tem uma facilidade maior. Então esse projeto realmente é É muito importante para todos os funcionários da empresa poder contar um pouco da sua vida.
00:17:15 P/1 - Obrigada.
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