Como construir um retrato vivo da cultura brasileira? O Museu da Pessoa encontrou essa resposta ao reunir histórias de quem faz a cultura no dia a dia. Por meio do projeto Brasil Memória em Rede II, jovens Agentes Cultura Viva entrevistaram mestres da cultura, educadores, artistas e líderes comunitários, criando um mapeamento cultural participativo. Agora, a equipe do museu está produzindo um diagnóstico baseado no mapeamento realizado, além das histórias de vida captadas. A iniciativa gerou uma nova coleção digital na plataforma do Museu da Pessoa, reunindo mais de 40 relatos que revelam a força da cultura em diferentes territórios do país.
“O Museu da Pessoa não poderia realizar o Mapeamento da Cultura Viva sem produzir também entrevistas de histórias de vida. Esse é o diferencial do atual projeto do Pontão Brasil Memória em Rede II, que, além de ter mapeado mais de 200 iniciativas culturais de todo Brasil, documentou 43 Histórias.”
Louyse Sousa Silva, Agente Cultura Viva no projeto Brasil Memória em Rede II.
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O que é o projeto Brasil Memória em Rede II?
O Brasil Memória em Rede II tem como proposta articular uma rede nacional de organizações culturais, conectando diferentes territórios por meio do registro de histórias e da promoção da diversidade cultural brasileira. Essa é a segunda edição da iniciativa, que já foi realizada pelo Museu da Pessoa em 2003 para construir uma rede de memória intersetorial no Brasil.
Mapeamento e diagnóstico
O mapeamento e diagnóstico se desenvolveu em quatro etapas principais:
1. Formação dos Agentes Cultura Viva
Jovens selecionados passaram por uma formação intensiva, com foco na Política Nacional Cultura Viva e na Tecnologia Social da Memória, metodologia desenvolvida pelo próprio Museu da Pessoa. Nessa etapa, eles aprenderam técnicas de escuta, entrevista e registro de memórias.
2. Mapeamento das iniciativas culturais
Com a formação concluída, os Agentes Cultura Viva aplicaram seus conhecimentos preenchendo formulários com informações sobre os coletivos e instituições aos quais pertencem. Esse mapeamento gerou um panorama inicial da atuação cultural nos territórios envolvidos.
3. Produção das entrevistas
Na terceira etapa, os agentes começaram a registrar as primeiras entrevistas de história de vida. Inicialmente, entrevistaram uns aos outros para praticar a metodologia. Em seguida, ampliaram a escuta para mestres da cultura, artistas, gestores e educadores locais.
4. Diagnóstico cultural a partir das histórias de vida
A etapa final do projeto consiste na análise e sistematização das entrevistas como instrumento de diagnóstico cultural participativo. Os relatos ajudam a compreender os desafios, potências e caminhos trilhados por quem constrói a cultura no cotidiano. Além disso, contribuem para orientar políticas públicas de base comunitária. Em breve, ele será disponibilizado no site do Museu da Pessoa.
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Nova coleção reúne histórias de vida de agentes culturais
Como resultado desse processo, o Museu da Pessoa lançou a coleção Agentes Cultura Viva, disponível em seu acervo digital, que já reúne mais de 20 mil histórias. As entrevistas foram transformadas em vídeos e textos, valorizando diferentes formas de atuação cultural no Brasil.
Entre os destaques está a história de Edson Azevedo, toadeiro do Boi Caprichoso de Parintins (AM). Ao lembrar do pai em entrevista, Edson relata a falta que faz ter registros dele e que é o único que mantém essa memória viva. Em seu depoimento, ele destacou a importância de deixar sua memória registrada para as próximas gerações.

Além de preservar essas memórias, a coleção fortalece o reconhecimento dos agentes culturais como protagonistas da cultura brasileira. Essa perspectiva reforça a importância de documentar histórias como forma de preservar identidades e fortalecer a cultura brasileira.
Mais do que um mapeamento de grupos, o projeto trouxe vozes daqueles que constroem a cultura na base e que ecoam tradições, lutas e celebrações. Iniciativas como essa mostram que a cultura não se faz apenas no presente, ela se constrói também pela memória. E, graças a esse trabalho, mais de 40 histórias agora fazem parte de um legado que ultrapassa fronteiras e gerações.
Sobre a autora
Louyse Sousa Silva é educadora e Agente Cultura Viva no projeto Brasil Memória em Rede II, do Museu da Pessoa. Historiadora e Produtora Audiovisual/Cultural, é sócia na Explana Produções. Há 7 anos desenvolve projetos culturais e audiovisuais, principalmente filmes na função de Produção Executiva Criativa. Também é Produtora Executiva na Zawa Filmes, assessora de Comunicação na ONG IESTI e Agente Cultura Viva do MINC.
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Essa ação integra o edital de Seleção Pública MINC – Nº 9, de 31 de agosto de 2023, Cultura Viva – Fomento à Pontões de Cultura – A Política de Base Comunitária Reconstruindo o Brasil.