Lançamentos da programação “Memórias Ancestrais”

Conheça as histórias de vida dos povos indígenas brasileiros por meio dos podcasts, documentários, livros e mais!

Você também pode ter acesso aos produtos culturais dos povos do Maranhão clicando aqui. No link, você navega na exposição virtual desenvolvida com a tecnologia Memô do Museu da Pessoa.


Em um contexto no qual, nos últimos cinco séculos, os povos indígenas que habitam o território brasileiro foram vítimas de genocídio, etnocídio e epistemicídio, o risco destas culturas se perderem ainda é real. 

Diante disso, e reconhecendo o papel dos anciãos e da oralidade na passagem das histórias que formam a identidade dos povos de geração a geração, o Museu da Pessoa tem como uma de suas linhas de atuação o programa “Vidas Indígenas”. Essa iniciativa integra uma série de projetos de registro e de preservação de histórias de povos indígenas que habitam o Brasil, fomentando a conexão intergeracional e o sentimento de pertencimento nas comunidades em que foram realizados. 

Na Primavera dos Museus, divulgamos os principais produtos culturais desenvolvidos pelos jovens indígenas participantes do programa Vidas Indígenas. São podcasts, documentários, coleção de histórias de vida e muito mais! 

Além disso, reunimos indicações de iniciativas independentes, individuais ou coletivas, criadas pelos indígenas para que você conheça mais sobre as culturas e as histórias de diversos povos brasileiros. Navegue por esta página para acessar o material e conhecer mais sobre o programa!

Saiba mais sobre os produtos desenvolvidos pelos participantes do programa Vidas Indígenas

Podcast “Guardiões da Memória do Rio Negro”

O podcast “Guardiões da Memória do Rio Negro”, disponível no canal do Spotify da Rede Wayuri, apresenta, em primeira pessoa, trechos de histórias de vida e narrativas contadas por anciões e outras pessoas indígenas da região do Rio Negro, no Amazonas. O conteúdo traz histórias registradas nas regiões de Iauaretê e no Médio Rio Negro, no âmbito do projeto Memória, Território e Patrimônios Imateriais do Rio Negro, desenvolvido em parceria entre o Museu da Pessoa, a FOIRN-Federação das Organizações Indígenas do Rio Negro e organizações indígenas locais dos dois territórios. 

Na Primavera dos Museus, está sendo lançado o primeiro episódio das séries, que foram idealizadas e produzidas pelos Guardiões da Memória, em parceria com a Rede Wayuri de Comunicação Indígena do Rio Negro e apoio do Museu da Pessoa, a partir do registro das histórias de vida dos detentores dos patrimônios imateriais do Rio Negro: o Sistema Agrícola Tradicional do Rio Negro e a Cachoeira das Onças, em Iauaretê.   

Iauaretê – Episódio 1 |  “Lugares e histórias da Cachoeira das Onças”

O primeiro episódio dos Guardiões da Memória de Iauaretê apresenta histórias ancestrais relacionadas à Cachoeira das Onças, reconhecida em 2006 como Patrimônio Cultural Imaterial do Brasil e lugar sagrado dos povos indígenas dos rios Uaupés e Papuri. As histórias são narradas por dois conhecedores do povo Tariano, moradores de Iauaretê, onde se localiza a Cachoeira das Onças.

A primeira história, narrada na língua tariano, foi contada por Leonardo Brito, nascido em 1949 na Ilha de Acará, alto rio Uaupés. Ele é um grande conhecedor tradicional e relata a parte inicial da história de quando os Irine, também conhecidos como Diroá, ancestrais dos Tariano, resolveram exterminar a Gente-Onça que vivia na Cachoeira de Iauaretê, por isso também chamada Cachoeira das Onças.

E quem conta a segunda história, na língua tukano, é Adriano de Jesus, também do povo Tariano. Ele nasceu em 1946 em Santa Maria, uma das comunidades de Iauaretê. É conhecedor das narrativas, danças e cantos tradicionais de seu clã Koiwathe. Participou ativamente do processo de registro da Cachoeira das Onças como Patrimônio Cultural Imaterial do Brasil. No trecho apresentado neste episódio, o senhor Adriano explica um pouco sobre os nomes de alguns lugares sagrados que fazem parte da Cachoeira das Onças.

Ambas as histórias são seguidas por uma tradução em português realizada pelos Guardiões da Memória. 

Médio Rio Negro – Episódio 1 | “Entre a infância e a roça, as raízes”

O primeiro episódio dos Guardiões da Memória do Médio Rio Negro apresenta, em primeira pessoa, histórias de cinco moradores de comunidades indígenas da região de Santa Isabel do Rio Negro, que narram sobre suas vivências em relação aos saberes e fazeres do Sistema Agrícola Tradicional do Rio Negro, reconhecido como Patrimônio Cultural do Brasil em 2010. Relatam os aprendizados e vivências desde a infância até os dias de hoje e contam como aprenderam a trabalhar na roça com seus pais e avós.

A primeira história foi contada por dona Luiza Crescêncio da Silva, do povo Baré, nascida em 1944. Moradora da comunidade Ilhinha, narra que passou grandes dificuldades na infância e se fortaleceu na agricultura tradicional da sua região.

A segunda história é da dona Orlanda Pereira, também do povo Baré, moradora da comunidade de ACARIQUARA. Nascida em 1962, é uma grande agricultora, parteira e artesã da sua comunidade.

A terceira história foi relatada por Carlos Alberto Teixeira Neri, o Carlinhos, do povo Piratapuia, grande liderança do movimento indígena do Rio Negro, atualmente coordenador da Caimbrn. Nascido em 1973, Carlinhos também é um grande conhecedor do Sistema Agrícola Tradicional.  

E a última história é de dona Donata Bezerra, do povo Baré, também conhecedora da agricultura tradicional. Nascida em 1961, ela é atualmente professora na comunidade Ilhinha, localizada em frente à cidade de Santa Isabel do Rio Negro.

Documentários

Ao todo, a programação Memórias Ancestrais reúne seis documentários que retratam as trajetórias individuais e coletivas vividas pelos indígenas em seus territórios. Os filmes foram produzido por jovens e lideranças indígenas após o desenvolvimento da Tecnologia Social da Memória do Museu da Pessoa e de técnicas de audiovisual no âmbito de dois projetos executados em territórios indígenas no Maranhão e no Rio Negro/AM. Confira abaixo os títulos lançados:

  • “Memória Viva” – realizado pelo povo Guajajara na Terra Indígena Caru (MA)
  • “A resistência de um povo” – realizado pelo povo Guajajara na Terra Indígena Pindaré  (MA)
  • “Tamû’i ta ukwa há ke muje sak ta / Os sábios contadores de história Ka’apor” – realizado pelo povo Ka’apor na Terra Indígena Alto Turiaçu (MA)
  • “Awa: resistir para existir” – realizado pelo povo Awá-Guajá na Terra Indígena Caru (MA)
  • “Um rio de raízes e memórias” – realizado pelos povos Baré, Tukano, Baniwa, Desana e Piratapuia na região do Médio Rio Negro, Terras Indígenas Médio Rio Negro II, Rio Tea e Jurubaxi-Tea (AM)
  • “Yaiwa Poewa ehõpeose hihti wererã / Narradores sagrados da Cachoeira das Onças” – realizado pelos povos Tariano, Tukano, Desana, Piratapuia, Kotiria, Kubeo, Tuyuka e Hupdah em Iauaretê, Terra Indígena Alto Rio Negro (AM)

Livro

O livro “Um rio de Raízes e Memórias: o Sistema Agrícola Tradicional do Rio Negro e suas histórias de vida” é resultado das ações desenvolvidas na região do Médio Rio Negro no âmbito do projeto “Memória, Território e Patrimônios Imateriais do Rio Negro”, executado pelo Museu da Pessoa em parceria com organizações e comunidades indígenas locais, representadas pela FOIRN – Federação das Organizações Indígenas do Rio Negro.

A obra foi elaborada de forma colaborativa com jovens e lideranças indígenas que participaram do projeto e traz trechos das histórias de vida por eles registradas junto a seus avôs e avós, mães e pais, tios, tias e outros parentes que em suas trajetórias e vivências cotidianas dão vida e significado ao Sistema Agrícola Tradicional do Rio Negro, reconhecido pelo IPHAN como Patrimônio Cultural Imaterial do Brasil em 2010. 

Coleção virtual de histórias de vida 

Parte do acervo do Museu da Pessoa está presente na plataforma Brasiliana Museus, recém-lançada pelo Ibram. Nela, estão disponíveis de forma gratuita e digital mais de 250 histórias de 72 povos indígenas brasileiros. O material totaliza 16.743 minutos de histórias de vida.

Além dos produtos culturais, a programação Memórias Ancestrais contou com duas mesas redondas dedicadas ao compartilhamento de experiências de  povos indígenas,  nos projetos realizados em parceria com o Museu da Pessoa. As conversas podem ser assistidas no canal do Museu da Pessoa no Youtube


Programa Vidas Indígenas: Saiba mais sobre cada uma das iniciativas do Museu da Pessoa

O programa Vidas Indígenas é composto por uma série de projetos e ações. Conheça cada um deles abaixo!

Indígenas Pela Terra e Pela Vida

O projeto “Indígenas pela Terra e pela Vida” é uma parceria do Museu da Pessoa com o Instituto de Políticas Relacionais e o Armazém Memória, com o objetivo de registrar e preservar as histórias de povos indígenas, acervo que também servirá de instrumento em processos judiciais de demarcação e direitos originários, o projeto foi dividido em duas ações. 

Na primeira, foram feitas 38 entrevistas com lideranças e detentores de conhecimentos indígenas, realizadas por pesquisadores indígenas contratados para o projeto. Os entrevistadores utilizaram a metodologia de entrevista de história de vida do Museu da Pessoa, contida na Tecnologia Social da Memória – para fazer o registro das histórias.

A segunda ação consistiu no desenvolvimento da Tecnologia Social da Memória de forma online com  20 jovens indígenas de diferentes povos e regiões do país. Ao todo, eles realizaram 10 entrevistas. Oito dessas entrevistas de história de vida, com narrativas que nos ajudam a entender como os povos indígenas vêm, historicamente, sofrendo com violações de seus direitos no Brasil, fazem parte da Exposição Virtual “Vidas Indígenas”, e podem ser assistidas no site da exposição: https://exposicaovidasindigenas.museudapessoa.org/ 

Vidas Indígenas Maranhão

Outro projeto que faz parte do programa Vidas Indígenas do Museu da Pessoa é o “Vidas Indígenas Maranhão”, que busca contribuir com o protagonismo e a visibilidade das comunidades indígenas, por meio do registro, preservação e disseminação de suas memórias. Isto é feito com ações de mobilização nas comunidades e de entrevistas de histórias de vida dos anciãos.

O projeto piloto foi realizado em parceria com os povos indígenas Guajajara, Ka’apor e Awá-Guajá e participação de 40 jovens (16 Guajajara, 12 Ka’apor e 12 Awá). Esses jovens mobilizaram suas comunidades e geraram aproximadamente 70 entrevistas de histórias de vida. Além dos aprendizados, a iniciativa  contribuiu com a conexão intergeracional e o sentimento de pertencimento.. 

Os 44 vídeos editados de histórias de vida dos povos Guajajara das TIs Pindaré e Caru foram reunidos em dois documentários. Na TI Alto Turiaçu, foram 20 histórias de vida dos povos Ka’apor e Awá-Guajá, que renderam um documentário.  Sete das histórias de vida do povo Awá-Guajá da TI Caru também foram reunidas em documentário. No projeto também foi criada a “Florestas das Histórias”, com o plantio de mudas de árvores  e placas com a sinopse da história em homenagem a cada pessoa entrevistada. Houve ainda outras ações de desdobramento: na TI Pindaré, por exemplo, foi criado pelos jovens o perfil de Instagram Mídia Guajajara para divulgar em audiovisual as histórias de acontecimentos da região.

Memória, Território e Patrimônios Imateriais do Rio Negro

Completando o Programa Vidas Indígenas do Museu da Pessoa, o projeto “Memória, Território e Patrimônios Imateriais do Rio Negro” integraa proposta do Museu da Pessoa de realizar ações de mobilização e registro com detentores de patrimônios culturais imateriais reconhecidos, especialmente em territórios indígenas e comunidades tradicionais. Os dois primeiros patrimônios imateriais selecionados para o desenvolvimento das ações foram o Sistema Agrícola Tradicional do Rio Negro e a Cachoeira das Onças, ambos pertencentes aos povos indígenas no Rio Negro. As ações envolveram os povos Tariano, Tukano, Desana, Piratapuia, Wanano, Baré, Baniwa, Tuyuka, Arapaço e Hupdah.

O Sistema Agrícola Tradicional do Rio Negro foi registrado em 2010 no IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional), em nome dos 23 povos indígenas que vivem na região. Trata-se de um conjunto de saberes, fazeres e seus modos de transmissão relacionados às práticas agrícolas desses povos. Já a Cachoeira das Onças, localizada em Iauaretê, região de fronteira entre Brasil e Colômbia, no Alto Rio Negro, foi registrada em 2006 pelo IPHAN como lugar sagrado dos povos indígenas dos rios Uaupés e Papuri.

Por meio de ações de registro e disseminação das histórias de vida de seus detentores, desenvolvidas com a participação direta dos jovens e lideranças envolvidos no processo, o projeto busca contribuir para a salvaguarda destes patrimônios imateriais indígenas, além de estimular as trocas intergeracionais e o interesse dos jovens pela própria história, cultura e território. Foram formados 26 jovens (13 em cada patrimônio), mais algumas lideranças e educadores dos dois territórios que se engajaram nas ações. 


A programação “Memórias Ancestrais” é baseada nas produções do programa “Vidas Indígenas”, uma realização do Museu da Pessoa e do Ministério da Cultura com patrocínio do Instituto Cultural Vale e apoio da Embaixada da Noruega. As ações ainda contam com a parceria do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), da Federação das Organizações Indígenas do Rio Negro (FOIRN), do Instituto de Políticas Relacionais e do Armazém Memória.