Projeto Memória Petrobras
Realização Instituto Museu da Pessoa
Entrevista de Wellington Jorge Alves Tinoco
Entrevistado por Eliana Santos
Mossoró, 16 de fevereiro de 2005
Código RNCE_CB022
Código atual: PETRO_CB513
Transcrito por Susy Ramos
Revisado por Talita Galindo
P/1 – Boa tarde!
R – Boa tarde, Eliana!
P/1 – Quero começar pedindo que o senhor nos fale seu nome completo, local e data de nascimento.
R – Wellington Jorge Alves Tinoco, 07 de fevereiro de 1959, Natal, Rio Grande do Norte.
P/1 – Senhor Wellington, pode contar para a gente como foi o seu ingresso na Petrobras e quando isso aconteceu?
R – Na verdade, foi em 1984, no início do ano eu trabalhava em uma prestadora que prestava serviços para a Petrobras, e tinha colocado meu currículo na empresa, quando fui convocado para fazer uma seleção de instrumentista. A minha formação é em eletrotécnica, escola técnica, e eu tinha feito um curso no Senai, de instrumentação. Fiz o concurso, fiquei em segundo lugar. O primeiro lugar - infelizmente para ele, e felizmente para mim - estava irregular, aqui, no país, por questão de passaporte, e eu fui chamado. Era, somente, uma vaga. Em 1984, no mês de dezembro, eu iniciei essa minha história com a empresa.
P/1 – E o senhor foi trabalhar com o quê e onde?
R – Eu fui trabalhar na área de instrumentação, na PUB-2, aqui, no mar do Rio Grande do Norte.
P/1 – O que é PUB-2?
R - Plataforma de Ubarana, no campo de Ubarana.
P/1 – Aí, o senhor foi trabalhar na área de instrumentação?
R – Instrumentação.
P/1 – E como funcionava?
R – Na verdade, nós dávamos manutenção aos equipamentos de controle. Só que, na época, a instrumentação era toda pneumática, bem antiga, e, hoje, a realidade é uma outra, com a instrumentação bem moderna em todas essas plataformas que existem, aqui, na nossa área. Inclusive, eu participei, também, desse processo. Eu, alguns anos depois, fui trabalhar no setor de...
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Projeto Memória Petrobras
Realização Instituto Museu da Pessoa
Entrevista de Wellington Jorge Alves Tinoco
Entrevistado por Eliana Santos
Mossoró, 16 de fevereiro de 2005
Código RNCE_CB022
Código atual: PETRO_CB513
Transcrito por Susy Ramos
Revisado por Talita Galindo
P/1 – Boa tarde!
R – Boa tarde, Eliana!
P/1 – Quero começar pedindo que o senhor nos fale seu nome completo, local e data de nascimento.
R – Wellington Jorge Alves Tinoco, 07 de fevereiro de 1959, Natal, Rio Grande do Norte.
P/1 – Senhor Wellington, pode contar para a gente como foi o seu ingresso na Petrobras e quando isso aconteceu?
R – Na verdade, foi em 1984, no início do ano eu trabalhava em uma prestadora que prestava serviços para a Petrobras, e tinha colocado meu currículo na empresa, quando fui convocado para fazer uma seleção de instrumentista. A minha formação é em eletrotécnica, escola técnica, e eu tinha feito um curso no Senai, de instrumentação. Fiz o concurso, fiquei em segundo lugar. O primeiro lugar - infelizmente para ele, e felizmente para mim - estava irregular, aqui, no país, por questão de passaporte, e eu fui chamado. Era, somente, uma vaga. Em 1984, no mês de dezembro, eu iniciei essa minha história com a empresa.
P/1 – E o senhor foi trabalhar com o quê e onde?
R – Eu fui trabalhar na área de instrumentação, na PUB-2, aqui, no mar do Rio Grande do Norte.
P/1 – O que é PUB-2?
R - Plataforma de Ubarana, no campo de Ubarana.
P/1 – Aí, o senhor foi trabalhar na área de instrumentação?
R – Instrumentação.
P/1 – E como funcionava?
R – Na verdade, nós dávamos manutenção aos equipamentos de controle. Só que, na época, a instrumentação era toda pneumática, bem antiga, e, hoje, a realidade é uma outra, com a instrumentação bem moderna em todas essas plataformas que existem, aqui, na nossa área. Inclusive, eu participei, também, desse processo. Eu, alguns anos depois, fui trabalhar no setor de projeto. Eu saí do mar, depois de dez anos, vim trabalhar no setor de compras, depois retornei, indo para o setor de projeto, na área de automação, e a gente ajudou a projetar todas essas automações que foram feitas, aí, mudando toda a filosofia, até então, existente nas plataformas.
P/1 – Como era isso? O que o senhor coloca assim: “A gente mudou a filosofia”, mas o que foi mudado?
R – Na verdade, você saiu daquela instrumentação, daquele processo antigo que foi modernizado. A UO-RNCE (Unidade de Operações de Exploração e Produção do Rio Grande do Norte e Ceará) foi uma das pioneiras, aqui, modernizou todos esses, não só nas plataformas, mas, nos campos terrestres, as estações foram automatizadas. Você entra com equipamentos microprocessados, onde você tem mais confiança no controle de todos esses processos.
P/1 – E, atualmente, o senhor está trabalhando em que área?
R – Eu vim do mar, passei dez anos como instrumentista, vim para a área de compras - uma necessidade da empresa - onde trabalhei por quatro anos. Em seguida, voltei para a minha área, dessa vez, com projeto de automação, e, em setembro do ano passado, a engenharia do ____ de Mossoró, o ________, me convidou para assumir, aqui, a gerência de serviços gerais do ______ de produção de Mossoró, tendo em vista uma experiência que eu tinha fora da empresa: eu fui diretor administrativo do CEPE (Clube dos Empregados da Petrobras), por dois mandatos. Era, na época, o atual presidente do clube, e também os envolvimentos que eu tinha, por exemplo, na Cooperativa Educacional, em Natal - tínhamos vários colegas da Petrobras que participavam dessa cooperativa. Como a gente deu essa contribuição, o ______ de produção de Mossoró, sabedor disso, me convidou, e a gente está, aí, há pouco mais de um ano à frente da gerência de serviços gerais.
P/1 – O senhor trabalha, aqui, na sede mesmo?
R – Trabalho, aqui, na sede. Agora, a gente cobre todo o campo.
P/1 – E, como é um pouquinho desse trabalho do senhor, aqui?
R – É uma trabalheira bem pesada porque nós temos, no nosso setor, 26 funcionários da Petrobras e, em média, 600 funcionários contratados. Isso envolve toda a área de segurança patrimonial dentro do setor, liberação de terras... a gente lida com todos esses proprietários de terras, aqui, de Mossoró. Além do mais, a alimentação de todos os funcionários é responsabilidade nossa, a limpeza e manutenção predial é toda do serviços gerais, além de, recentemente, a gente assumir, aí, em torno de 60 projetos de obras civis. Nós temos, aqui mesmo, na base, o Centro de Convivência, com previsão para inaugurar em junho, assim como o Laboratório de Química, que são obras civis que estão dentro dos serviços gerais. Isso, aí, dá um trabalhinho enorme para a gente! Mas a gente está muito satisfeito e motivado a prestar esse serviço aos nossos clientes.
P/1 – Nesse tempo todo de empresa, o senhor tem uma lembrança, uma história marcante que tenha vivido e que possa contar para a gente?
R – Nós temos muitas lembranças, principalmente, da época do mar. Nós tivemos eventos felizes, eventos que marcaram, eventos, infelizmente, tristes, como acidentes com helicóptero, companheiros nossos que faleceram… Isso, aí, deixou marcas profundas na gente, mas tivemos bons momentos, também, vividos no mar. Às vezes, você precisava passar mais do que a jornada de 15 dias, e a gente tem n histórias desse período.
P/1 – Conta uma para a gente, senhor Wellington!
R – A gente tem o folclore de diversos colegas nossos, e eu me lembro muito bem do Abirão. O Abirão é um colega, pessoa que tinha uma certa dificuldade de entender uma palavra quando esta tinha um nível maior de complexidade, e, uma vez, um colega o chamou de poliglota. Poliglota, e o Abirão nos procurou para saber o que era. Eu disse: “Bicho, o cara te chamou de tudo que é palavrão. Te chamou de corno, de boiola e tudo o mais”, e o cara partiu para cima do outro colega, lá, para agredi-lo. Essa é uma das histórias que eu achei bem interessantes. Depois, a gente teve que ir lá e conversar com ele, desfazer o equívoco, a brincadeira, na verdade, que a gente fez com ele.
P/1 – O senhor sentiu muita diferença quando saiu do mar para vir trabalhar em terra, em uma sede?
R – Não, eu não senti nenhuma dificuldade, até porque, foi uma decisão minha, foi bem antes de um processo de enxugamento pelo qual passou todo o efetivo do mar, mas eu me antecipei a isso. Nem me antecipei, eu já estava saturado, após dez anos, achei que já era o meu tempo e, aí, eu vim trabalhar em Natal. Não senti nenhuma dificuldade, como, também, não estou sentindo nessa mudança de Natal para cá.
P/1 – Conta para a gente, senhor Wellington: o senhor é sindicalizado, né?
R – Sou, eu sou filiado ao Sindipetro (Sindicato dos Petroleiros). Já fui delegado sindical, representando o mar, há uns 20 anos atrás, na verdade há uns 16 anos atrás, participei de vários movimentos, na época, principalmente, de enfrentamento ao governo Collor. Nós tivemos passagem, também, interessante quando a primeira greve foi feita, eu acredito que foi a primeira região onde as plataformas deixaram de produzir e não se produzia uma gota de petróleo. Foi nesse período. E, se de um lado era bom, porque tinha um desenvolvimento forte, por outro, era muito desgastante, também. Eu confesso que prefiro esse momento que a gente está vivendo, hoje, com essa mudança do governo.
P/1 – E o senhor acha que essa relação do sindicato com a Petrobras mudou?
R – Eu acredito que sim. Eu tenho acompanhado, inclusive, tanto em Natal, como aqui, o relacionamento dos dirigentes sindicais com a gerência de ativos, e a gente, de vez em quando, participa, também. Eu acho que é uma relação que melhorou, na minha visão, consideravelmente.
P/1 – Nesse período em que o senhor foi diretor, há alguma história, desses movimentos, que vocês tenham vivido, uma outra história que o senhor gostaria de contar desses movimentos de luta sindical?
R – O que teve de interessante foi o que eu relatei agora a pouco, essa greve que nós fizemos: na hora, nós fomos fechar os poços e fechamos todos, todo o campo foi fechado, e aí: “Quem vai apertar a (botoeira?)?” Apesar do pessoal estar muito consciente do trabalho que estava fazendo, daquela decisão que era fechar todo o campo, ninguém tinha coragem de chegar lá e dizer: “Fui eu que apertei!”. Então, a gente teve a ideia, os líderes, de todo mundo, de mãos dadas, ir lá e desarmar o painel. Na época, tinha o ____ e o Aquino, dois engenheiros que estavam contrários à greve, mas nós os convencemos a dar as mãos e a fechar, conosco, todo o campo, toda a PUB - 2, e, em conseqüência, as demais plataformas. Esse foi um momento bem interessante, um momento bem emocionante.
P/1 – E, o que aconteceu, depois disso que vocês realizaram?
R – Nós passamos um período longo, foram vários dias de greve, e o que teve de interessante, também, foi o retorno, quando fechou-se um acordo: “Olha, agora você vai ter que passar mais três dias, aqui, até retomar todo o campo”. Depois de você estar mais de 15 dias embarcado, num clima, numa tensão muito pesada, ainda ter que passar mais três dias... Eu vi que era necessário. Naquele momento, acabou a greve, então, eu passei a trabalhar como uma pessoa, o tempo todo tinha que estar produzindo e nós ficamos mais três dias, e, ficaríamos mais, se necessário fosse, atendendo pedidos da nossa chefia, sem problema nenhum. Os demais companheiros, também, concordaram. Foi um momento que eu achei muito importante, nessa decisão. Na hora de fazer a greve se fez, na hora que teve que retomar: “Não, já deu meus 15 dias, vou embora”? “Não! Nós vamos ficar até o último poço ser aberto e voltar a produzir”. Eu acho que foi um momento de responsabilidade e senso profissional muito bom.
P/1 – O senhor lembra, me desculpe, quando foi, mais ou menos, essa greve?
R – Essa greve, se não me falha a memória… 1984, 1986... foi em 1986.
P/1 – 1986?
R – Mais ou menos, por aí. Foi no início do governo Collor.
P/1 – Senhor Wellington, haveria outra história que o senhor tenha vivido nesse período... O senhor está recente aqui em Mossoró, né? Tem alguma história que o senhor tenha vivido, aqui, em Mossoró, ou em Natal, e queira contar para a gente, já em terra?
R – Aqui, em Natal, aqui em Mossoró, lá em Natal... Não, não teria nada, assim, de interessante, não. Assim... alguma coisa que chamasse a atenção, só no meu caso particular, foram várias mudanças: eu saí de uma empresa contratada, entrei na Petrobras, era da área de elétrica, vim para a área de instrumentação…
P/1 – Uma lembrança do dia a dia de vocês, que o senhor tenha vivido... Algo que o senhor considera que foi relevante ou até engraçado nessa sua vivência, já, em terra...
R – Já, em terra, né? Em terra, nós tínhamos, na verdade… Os momentos mais marcantes são as histórias dos colegas, e, lá em Natal, eu lembro – que não tem nada a ver com a empresa – o colega, era o _______, que a gente chamava de Toninho. Tem uma história interessante dele, porque ele saía para farrear e quando ele chegava muito tarde, demorava muito, a esposa reclamava. A última vez que ele saiu, uma das últimas farras que a gente fez, ele demorou muito e chegou ______ os caranguejos, e justificou para a mulher: “Olha, não dá para chegar lá da feira até aqui em dois dias! Tem que gastar três dias para chegar”. Isso, era um negócio que eu achava muito interessante, uma história bem interessante da turma, lá. Mas, dentro da empresa, mesmo, eu não lembro de nada que chame a atenção. Foi um trabalho muito bom, me deu uma visão bem maior da empresa, da área de compras, depois, de automação.
P/1 – Senhor Wellington, a gente vai encaminhando para a parte final da nossa entrevista. Eu queria perguntar: o que o senhor achou de ter participado do Projeto Memória Petrobras e de ter contribuído com o seu depoimento?
R – Eu, até, era maluco para participar disso. Eu vi o livro, o anterior, achei muito bom, vários depoimentos, histórias interessantes de colegas nossos. Eu, na verdade, fui chamado, agora, para dar uma contribuição para o evento que vai acontecer domingo, aqui, o evento comemorativo dos 25 anos da Petrobras, da produção em terra, e, quando cheguei, ali, encontrei os colegas do Projeto, me ofereci: “Pô, eu tenho história! Vamos ouvir para ver se é interessante?” Eu acho muito bom, muito importante, isso, aí. Você, tanto tem uma memória para ficar guardada, quanto retrata, eu acho, um pouco dessa mudança que está ocorrendo na Petrobras, com a mudança do governo. Isso, eu acho que é um ponto muito positivo da gente ter percebido, ter acompanhado.
P/1 – O senhor destacaria alguma coisa, nessa mudança que o senhor apontou, de governo?
(PAUSA)
R – A gente tem acompanhado e percebe, até, em alguns companheiros, alguns empregados da empresa, uma certa cobrança, mas eu acho que a cobrança tem que existir, ninguém pode se acomodar. Agora, com certeza, a mudança dentro da empresa, do relacionamento do empregado com a própria empresa, com as gerências, com a direção da empresa, a mudança salta aos olhos. A gente tem visto isso no dia a dia, e eu, sinceramente, estou feliz. Era isso que eu esperava, que, com essa mudança do governo, mudasse essa maneira de se relacionar entre empregado, empresa e o próprio sindicato.
P/1 – E teria alguma outra coisa que o senhor queira deixar registrado?
R – Não. Só agradecer essa oportunidade de participar e dizer que estou muito feliz de estar dentro dessa empresa, de ter participado, enquanto dirigente sindical, e isso não atrapalha em nada o trabalho que venho fazendo, hoje, muito pelo contrário, tem me ajudado, tenho um relacionamento muito bom com os dirigentes sindicais e, sinceramente, estou muito feliz, não só na empresa, mas com o contexto que se passa, hoje, no nosso país.
P/1 – Bom, queria agradecer muito pela entrevista, obrigado!
R – Ok!
(fim da fita ________________).
--- FIM DA ENTREVISTA ---
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