P/1 – Seu Aldenor, o senhor pode falar conversando olhando pra mim, tá? Seu Aldenor, qual o seu nome completo, local e data de nascimento?
R – Aldenor Brito de Almeida, natural de Belém do Pará.
P/1 – Nasceu onde?
R – Belém do Pará.
P/1 – Que cidade?
R – Belém capital.
P/1 – Na capital. Qual data?
R – No dia quatro de maio de 1955.
P/1 – Seus pais são de Belém do Pará?
R – São.
P/1 – Da própria capital?
R – Própria capital.
P/1 – Você passou sua infância lá? Até quantos anos você viveu em Belém do Pará?
R – Até os meus nove a dez anos.
P/1 – Como é que era Belém do Pará na sua infância?
R – Na minha infância assim, eu não posso nem... Como é que eu posso dizer? Era bom, eu brincava, era criança, né?
P/1 – Quais eram as brincadeiras de infância?
R – Bom, brincava de carro, aqueles carrinhos de madeira, brincava de bila, que mais? Que chamam de peteca, sei lá. Eu nunca gostei foi de raia, essas coisas.
P/1 – Com quem que você brincava?
R – Com os colegas, meus irmãos.
P/1 – Quantos irmãos você tem?
R – Atualmente somos quatro.
P/1 – Mas eram em quantos?
R – Seis.
P/1 – E qual que você é na escadinha aí desses seis?
R – Eu sou o segundo.
P/1 – Seu pai fazia o quê?
R – Trabalhava na RFFSA, na estrada de ferro.
P/1 – Fazendo o que?
R – Ele era chefe de trem.
P/1 – E a sua mãe?
R – A mamãe é doméstica.
P/1 – Como é que era a convivência na sua casa? Quem que exercia a autoridade, o seu pai ou a sua mãe?
R – O meu pai.
P/1 – Você ia com o seu pai no trabalho? Chegou a ver o que ele fazia?
R – Ia muitas vezes.
P/1 – Como é que era?
R – Andar de trem. Achava bom.
P/1 – Como que você andava de trem? Que trem que era?
R – Um trem que ia pra interior, né? Aí viajava pro interior de trem. Eu achava bom. Achava divertido.
P/1 – E pra escola, com quantos anos você entrou?
R – A escola entrei com meus eu...
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P/1 – Seu Aldenor, o senhor pode falar conversando olhando pra mim, tá? Seu Aldenor, qual o seu nome completo, local e data de nascimento?
R – Aldenor Brito de Almeida, natural de Belém do Pará.
P/1 – Nasceu onde?
R – Belém do Pará.
P/1 – Que cidade?
R – Belém capital.
P/1 – Na capital. Qual data?
R – No dia quatro de maio de 1955.
P/1 – Seus pais são de Belém do Pará?
R – São.
P/1 – Da própria capital?
R – Própria capital.
P/1 – Você passou sua infância lá? Até quantos anos você viveu em Belém do Pará?
R – Até os meus nove a dez anos.
P/1 – Como é que era Belém do Pará na sua infância?
R – Na minha infância assim, eu não posso nem... Como é que eu posso dizer? Era bom, eu brincava, era criança, né?
P/1 – Quais eram as brincadeiras de infância?
R – Bom, brincava de carro, aqueles carrinhos de madeira, brincava de bila, que mais? Que chamam de peteca, sei lá. Eu nunca gostei foi de raia, essas coisas.
P/1 – Com quem que você brincava?
R – Com os colegas, meus irmãos.
P/1 – Quantos irmãos você tem?
R – Atualmente somos quatro.
P/1 – Mas eram em quantos?
R – Seis.
P/1 – E qual que você é na escadinha aí desses seis?
R – Eu sou o segundo.
P/1 – Seu pai fazia o quê?
R – Trabalhava na RFFSA, na estrada de ferro.
P/1 – Fazendo o que?
R – Ele era chefe de trem.
P/1 – E a sua mãe?
R – A mamãe é doméstica.
P/1 – Como é que era a convivência na sua casa? Quem que exercia a autoridade, o seu pai ou a sua mãe?
R – O meu pai.
P/1 – Você ia com o seu pai no trabalho? Chegou a ver o que ele fazia?
R – Ia muitas vezes.
P/1 – Como é que era?
R – Andar de trem. Achava bom.
P/1 – Como que você andava de trem? Que trem que era?
R – Um trem que ia pra interior, né? Aí viajava pro interior de trem. Eu achava bom. Achava divertido.
P/1 – E pra escola, com quantos anos você entrou?
R – A escola entrei com meus eu acho que sete, oito anos.
P/1 – Você tem alguma lembrança marcante do período da escola?
R – Não. De criança assim eu não tenho.
P/1 – Mas e de adolescente, você tem?
R – Tem.
P/1 – Qual que é?
R – Bom, uma vez que o cara veio tirar uma brincadeira comigo, eu não gostei, aí quebrei uma cadeira em cima da cabeça dele.
P/1 – Quebrou o que?
R – A cadeira.
P/1 – Na cabeça? Por quê? O que ele fez?
R – Uma brincadeira que eu não gostei.
P/1 – O que aconteceu com ele?
R – Porque é o seguinte, ele passou um gilete aqui em mim e rasgou, aí quando eu vi o sangue a cadeira que eu estava eu quebrei na cabeça dele.
P/1 – E aí, ele desmaiou?
R – Não. Aí quem foi suspenso ainda fui eu. O cara brigou comigo, rasgou-me e eu que fui suspenso.
P/1 – E seus pais?
R – Eu contei a verdade, né? Eles entenderam.
P/1 – Com quantos anos você começou a trabalhar?
R – Eu comecei a trabalhar com os meus 20 anos.
P/1 – Antes você só estudava?
R – Só estudava.
P/1 – E quando você era adolescente assim você tinha o desejo de quando eu crescer eu quero fazer tal coisa?
R – É a gente tem muito sonho, né? Claro. Isso aí não resta dúvida. Só que aí eu entrei aqui como telegrafista na época.
P/1 – Você prestou concurso?
R – Foi concursado.
P/1 – Por que você prestou? Como é que você ficou sabendo do concurso dos Correios?
R – Através da mídia, né? Do jornal e amigos também.
P/1 – E aí você prestou o concurso?
R – Passei.
P/1 – Pra que era?
R – Telegrafista.
P/1 – Como que era a função? O que fazia o telegrafista?
R – Bom, o telegrafista a gente passava telegrama, né? Na época eu alcancei o Código Morse, mas só que eu não sabia operar com ele, aí eu comecei a trabalhar com outros maquinários, né? Em termos de telegrama.
P/1 – Tem algum telegrama que tenha te marcado?
R – Tem. Assim. Porque eu trabalhei muito tempo à noite, de madrugada também, né? Aí quando chegava os turistas muitos deles eu nem entendia a língua, o idioma, aí eles “emputavam” comigo, eu já: “Não. É só escrever que aí eu conto tudinho, digo quanto é que você paga tudinho”. Mas uma hora da manhã, duas, três horas. Não tinha horário.
P/1 – Qual assim um telegrama que tenha te marcado, uma notícia assim?
R – Notícia fica assim meio difícil, né, porque são várias, principalmente se tratando de morte, né? Família...
P/1 – Tem algum episódio marcante no trabalho? Lembra aí. Você deve ter vários com tantos anos de Correios.
R – Assim eu trabalhava no fonado, aquele que só ligava e o pessoal dizia que eu tinha a voz muito bonita, que eu não acho e que eu podia ser um locutor, não sei o que. Mas eu nunca achei que minha voz fosse tão. Eu falo muito baixo, não sei falar...
P/1 – Quanto tempo você tem de Correios?
R – De Correios eu tenho 37 ou são 38.
P/1 – Quanto tempo falta pra você se aposentar?
R – Eu já tô com oito anos.
P/1 – De aposentado? O que você sente mais falta em relação ao trabalho?
R – É ganhar melhor, né? É que eu acho que o salário é pouco.
P/1 – Mas o que você sente falta assim do trabalho, além de ganhar melhor?
R – As amizades que eu fiz. Tenho muitos amigos também, muitos colegas de trabalho. É assim, como é que eu posso dizer? Eu acho que é isso mesmo.
P/1 – Como é que era passar telegrama antes? Como é que era o aparelho? Descreve pra gente.
R – Bom, no começo tinha uma máquina cega, você pegava telegrama pra mandar pra outro estado, aí saía uma fitinha aqui e você batia, mas não sabia o que... Mas tinha que fazer correto, né? Era uma máquina cega que a gente chama, sabe? Só que a fita... Eu sabia ler as fitas tudinho, hoje eu não sei mais.
P/1 – Até quanto tempo durou essa máquina?
R – Acho que uns dez anos, por aí.
P/1 – Parou de ter há dez anos só?
R – É. Aí foi se modernizando, aí já veio computador, essas coisas assim, né? Acho que depois de uns dez, 15 anos mais ou menos.
P/1 – Quais são os seus sonhos hoje?
R – Hoje é me aposentar tentando ganhar melhor, né? Por isso que ainda estou até hoje.
P/1 – Ah, você continua na ativa?
R – Continuo na ativa.
P/1 – Você é aposentado, mas continua trabalhando.
R – Continuo na ativa.
P/1 – Então tá. Obrigada. Eu queria agradecer a sua participação.
FINAL DA ENTREVISTA
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