P/1 – Eu queria que o senhor falasse o seu nome completo, o local e a data do seu nascimento.
R – Bom, meu nome é Nicanor Ribeiro, eu nasci na Vila Medeiros, São Paulo, Brasil.
P/1 – Qual a data?
R – Três de novembro de 1954.
P/1 – E os seus pais, como é que eles se chamam?
R – Luis Ribeiro, de Bauru, nasceu em Bauru, e a minha mãe Elza Silva Ribeiro, de Bariri, perto de Bauru também.
P/1 – O que os seus pais faziam?
R – Na realidade eles vieram pra São Paulo bem jovens e cresceram aqui, meu pai virou feirante e ferroviário de manhã ele trabalhava na feira e à tarde na ferrovia, até às 23 horas, eu pouco via o meu pai, mais na feira pela manhã, e minha mãe é empregada doméstica. Eu ficava com a minha avó, a Sebastiana de Carvalho, ela que me educou, me criou e aprendi tudo com ela e eu tenho um carinho muito grande pela minha avó.
P/1 – Você vivia com a sua avó?
R – Ela que me educou o tempo todo, enquanto os meus pais trabalhavam a educação foi feita pela minha avó.
P/1 – Como que foi essa educação que ela te deu?
R – Ah, eu fui um dos netos mais querido dela tanto é que o apelido meu era Neném e tudo o que eu queria ela me dava, eu fui, ela me criou com os modos antigos, então eu fui no médico com 23 anos de idade, era tudo natural, a gente tinha um quintal razoavelmente grande, então lá tinha banana, abacate, tomate, então eu tomava, eu não esqueço nunca, era aquela, ovo com, gemada toda manhã, abacate, batatas, então, nossa, a minha avó era maravilhosa, entendeu, tudo o que eu queria ela me dava impressionante.
P/1 – Ela costumava contar histórias pra você?
R – Me ensinou a cantar o hino nacional, me ensinou ser uma pessoa honesta, ela era, na época ela era espírita, depois se tornou evangélica, então me criou nos modos áfrico africano e benzia, é uma benzedeira então ela falava muito com os anjinhos dela lá e educava com, da forma dela lá, era muito legal.
P/1 – Como que era essa, como que ela te benzia, você se lembra?
R – Com orações, eu não me lembro exatamente, não, mas ela sempre me tratou com, tinha esse tratamento especial da minha avó, não só pra mim como todas as pessoas porque na realidade na minha época, jovem, nem percebia a diferença entre negros e brancos, porque ela atendia todo mundo eu só vim perceber essa diferença meus 18 anos que, do negro e o branco, mas como ela era pra todo mundo, ela dava atenção, eu achava que essa coisa de negro e branco não existia. A partir do momento que eu fui trabalhar numa empresa fora dos padrões, que era a feira eu fui perceber isso, então a educação dela foi me tratar assim, com muito carinho, muito especial mesmo, a mim e a todas as pessoas, tanto é que eu tenho um amigo meu que é delegado que ela amamentou esse moleque, que aí hoje tem a minha idade, aí fez Direito e hoje é um delegado de polícia, meu irmão meu irmãozão.
P/1 – O que a sua avó fazia, ela trabalhava assim?
R – Só cuidava da casa, ela só cuidava da casa, quem trabalhava era a minha mãe e o meu pai, ela cuidava da gente.
P/1 – Você tem irmãos?
R – Tenho uma especial que teve paralisia infantil quando nasceu, e uma irmã que a gente pegou pra cuidar e é nossa irmãzinha e tamo junto, essa é a nossa família, e os outros primos era dos meus tios são mais dez primos, mas moram na zona leste e eu moro na zona norte, então fui privilegiado por isso, ninguém me incomodava a avó era só minha .
P/1 – Você sabe a origem da sua família, Nicanor?
R – Olha, minha avó acho que essa coisa de negro com áfrico porque ela é pequenininha, não tão negra, tem alguma coisa com índio eu acredito, entendeu, tinha o cabelo comprido a minha avó, ela penteava assim, porque a gente era, a gente usava babosa, meu cabelo também era bom na época, a gente usava babosa, era tudo com planta que a gente, a gente, a medicina em si a gente não conhecia, viemos conhecer hoje xampu, tudo, era tudo com planta que ela fazia, tudo com planta.
P/1 – Você costumava ir à feira com o seu pai?
R – Sim, eu era feirante e a feira foi que me fez o radialista porque a gente brincava com as pessoas, tinha que falar alto, gritar, tal, pra convencer as pessoas pra comprar os seus produtos, então a feira foi um grande motivador de alegria, eu acho que a pessoa pra ser feirante tem que ser alegre, pra poder vender os produtos, e então a gente, a feira foi o meu primeiro ensinamento.
P/1 – Quantos anos você tinha na época que você ia com ele?
R – Ah, pequenininho, dez anos, dez anos, 11, 12, pequenininho, um pouco menos, fazia carreto na feira, era muito divertido, a feira é uma diversão, trabalhava se divertindo e ganhava dinheiro.
P/1 – O seu pai, barraco do que ele tinha?
R – Ele vendia meia, camiseta, cuecas, essas coisas, mas do lado tinha cereais e na frente tinha os marreteiros que vendiam sabonete, essas coisas, então eu tava com o meu pai, tava ajudando o cara dos cereais, eu tava sempre envolvido ou na barraca do meu pai, do lado, entendeu, eu tava ajudando todo mundo, era gostoso ajudar e pesar, que eu gosto de coisa dinâmica, não gosto de ficar parado, a do meu pai ficava muito parado, vinha um ou outro comprar, a de cereais vendia muito. Que na época não tinha mercado, hipermercado, era tudo a granel, arroz, feijão, na feira, tudo você comprava na feira, hoje existe, hoje a feira virou museu .
P/1 – Onde isso, que bairro?
R – Vila Medeiros, alto de Vila Maria, a gente atendia todo, toda a Vila Maria era Vila Medeiros, Vista Alegre, Cosmorama, Jardim Brasil, mais toda a região da Vila Ede, Vista Alegre, a outra, segunda não tinha feira, terça acho que era Vila Ede, quarta Jardim Brasil, quinta Cosmorama, sexta-feira eu não lembro, sábado na Alegria e no domingo na Vila Medeiros.
P/1 – O que você fez com o seu primeiro salário, Nicanor, você lembra?
R – Ah, eu não lembro, comprava doce algum doce gostoso . Salário da feira?
P/1 – É.
R – Ah, doce.
P/1 – Na sua casa tinha algum costume assim que foi marcante pra você na sua infância, que a sua família tinha muito tradicional?
R – A minha mãe era muito séria, muito brava muito disciplinadora, se eu desse alguma mancada apanhava muito, entendeu, a gente, o carinho era mais da minha avó, minha avó era mais carinhosa, dava mais atenção, os meus pais era, eu pouco via, via na feira. Não tinha esse contato de, que nem eu tinha com a minha avó, entendeu, de ta do lado dela, abraçar ela, ficar com ela, era mais pra tomar repreensão e trabalhar, não tinha, não tinha carinho assim, que hoje eu vejo os meninos aí abraçando, beijando os pais, acho muito bonito isso, esse carinho era com a minha avó, nunca me bateu.
P/1 – E brincadeiras, do que você gostava de brincar?
R – Brincadeiras, brincadeiras, é que, brincadeiras, do que eu brincava? Na realidade eu brincava de pega-pega, eu achava legal aquele, aquela, andar de perna de pau eu achava muito legal, eu gostava, carrinho, eu tinha muitos carrinhos na época, fabricava os nossos carrinhos.
P/1 – Como que você fabricava?
R – Ah, com toco de madeira, com lata, era uma coisa louca, via os amigos fazendo, fazia também, carrinho de rolimã eu gostava, não gostava de jogar bola, bola nunca foi o meu forte, nunca gostei de futebol, mas carrinho, nossa, eu adorava.
P/1 – Você tinha algum sonho, assim: “Quando eu crescer eu quero ser”, sonhava em ser alguma coisa?
R – Sonhava, sei lá, eu queria trabalhar, ter minha casa, ganhar meu dinheiro honestamente, não tinha, assim, um grande sonho, que a gente seguia mais os seus pais, meu pai entrou na ferrovia e lá ficou então eu queria ta numa empresa que me desse estabilidade e sei lá, ganhasse meu dinheiro honestamente.
P/1 – E ir pra escola, como é que foi, você se lembra?
R – Não, na escola, os meus primeiros anos foi muito difícil, sofri muito o primeiro ano primário, primeiro colegial, primeiro ginasial, pra adaptar, pra entender várias matérias, vários professores, foi muito complicado, eu senti muita dificuldade pra me adaptar, mas consegui. Repeti o primeiro ano e era terrível você repetir porque ficava marcado: “Não, ele é repetente, ele é repetente”, mas eu não conseguia fazer o primeiro ano tranquilo, tive muita dificuldade em fazer o primeiro ano. Fiz o ginásio, o primário, o ginásio na época do colégio, aí sugeriram que eu fizesse colégio técnico que ganhava mais dinheiro, fui fazer o curso de Máquinas e Motores, não era o que eu gostava mais é o que eu vi naquele momento porque tinha três cursos: Edificação, Decoração e Máquinas e Motores e no meu mundo de negros eu via muito mecânico, aí os meus amigos negros, todos pobres como é que eu vou fazer uma Edificação, pra quem eu vou vender a minha matéria, o meu, a minha planta? Eu ficava pensando quem vai comprar a minha planta e Decoração a gente achava um negócio muito, sei lá, aí eu optei pela Mecânica, não gostava, mas fui fazer o curso, aí eu fui pra linha do desenho. Então eu fiz Desenho Mecânico, onde eu realmente fui trabalhar como desenhista na Telesp, sem ser mecânica, eu fui fazer desenho de telefonia desenhar redes, tive problemas também com a rede, em me adaptar, mas depois que adaptei fiquei 15 anos, mas não era aquilo que eu queria.
P/1 – Você então, qual foi o seu primeiro emprego mesmo?
R – Telesp, que hoje é Vivo.
P/1 – Você era então, exatamente o que você fazia?
R – Desenhista.
P/1 – Tá, como é que foi entrar nessa empresa?
R – Não, eu fui no SENAC cem alunos, e a época, em 74, ela tava expandindo muitos planos de expansão, ela contratou todos os desenhistas, ela não queria preparar nenhum desenhista, ela foi lá e contratou todos, os cem alunos foram trabalhar na Telesp, aí foram cada um indo pro seu lado, mas fomos, saímos da escola para o trabalho direto, já nem estagiários fomos, já fomos como funcionário mesmo.
P/1 – Quantos anos você tinha mais ou menos?
R – Dezoito anos.
P/1 – E voltando um pouquinho a esse período escolar, ainda na adolescência teve algum professor ou professora que tenha sido marcante pra você nesse período?
R – Ah, só o lado ruim tipo desenho, que eu não me adaptava, é muita humilhação, ficava de castigo por não ta se adaptando, a de Matemática, eu sofri muito com a professora de Matemática, mas, olha, de Biologia foi muito legal, de Ciências, cultural mudou o nome, é Cívica.
P/1 – Educação Moral e Cívica.
R – Isso, isso aí foi muito legal, Professor Gaudino, gente boa pra caramba, que falava um pouco da história, do mundo em si a gente não tinha hábito de ler jornal na época então foi muito bacana e um professor de Inglês também foi legal, mas a maioria era muito, as professoras pegava, pegava brava mesmo, era terrível.
P/1 – Nessa época da juventude, assim, o que você gostava de fazer, você tinha muitos amigos, costumava sair, o que você fazia?
R – Então, a minha avó foi pra Igreja Evangélica, eu fui com ela então na Igreja Evangélica você tem uma disciplina então eu, era da igreja pra casa aí aos 15 anos eu me desertei um pouco da igreja e já fui pro mundo do samba. Foi onde eu entrei na Mocidade Alegre e fiquei lá uns 30 anos na Mocidade Alegre, sei lá, era a coisa que eu gostava de fazer o samba era uma coisa que eu adorava, que eu me sentia muito bem. Aí já cheguei, já montei uma ala, já virei locutor, já fui tomando conta da coisa, foi, fiz um programa na televisão na época, na época de acho que 70, 80, pro Comando da Madrugada, que fazia uma festa, uma festa grande, bonita. Fui fazendo sem nenhuma noção, sem nenhuma escolaridade, assim, aprendendo, mas fui na raça, vendo as pessoas fazendo, eu fui fazendo um evento lá na Mocidade Alegre, fiquei lá uns 30 anos, agora que eu to mudando um pouco, do samba pro Pelé.
P/1 – E da onde, como é que veio, assim, essa coisa do radialista mesmo?
R – É uma menina, eu gosto muito de telefone, eu adoro falar no telefone, eu não sei mexer no computador, mas eu adoro telefone, e as pessoas acham que a minha voz no telefone é muito bonita, muito bacana e tem pessoas que falam pra mim que eu, que me convencem, que eu acredito de verdade, ela fala: “Putz, você tem a voz muito bonita, cara, por que você não usa essa voz pra alguma coisa?”, aí: “Verdade mesmo?”, “Sério”. Aí eu fui fazer um curso no SENAC, virei radialista, não lembro o ano, ah, 88, e em Guarulhos, era complicado ir lá, tal, fui o 40º a ser eleito porque tinha boas vozes, tinha um pessoal lá que, nossa, com vozes maravilhosas, mas passei. Um dos professores, vou ver se eu me lembro, da Rádio Tupi, ai meu Deus do céu, eu não vou lembrar agora, eu lembro do amigo dele, mas não lembro dele, me deu toda a direção e parti pro rádio, um rádio jornalístico um radialista jornalista, contar a história que tá acontecendo no momento, tal, não é um rádio, um radialista de campo de futebol, mas tá contando o fato mais ou menos ali, exatamente o que tá acontecendo naquele momento. Que na nossa época o rádio era muito importante, antes da televisão, hoje você tem a televisão que mostra a imagem, tal, então o rádio você tinha que montar a imagem pras pessoas entenderem exatamente o que tava acontecendo, era mais ou menos esse lado. E eu parti pro lado do samba eu fiz um programa focado ao samba, era até um programa chamado “A cidade samba no ar”, esse era o nosso programa.
P/1 – Lá você que criou esse programa, você que escreveu, como que era?
R – É, foi, porque na realidade, como eu já usava a voz pra trabalhar pra prefeitura e fazia já pra grande público apresentação, as locuções, então foi tranquilo, saí de uma praça pra colocar no rádio, a diferença é que você não vê pessoas então tem que imaginar as pessoas te ouvindo, mas foi tranquilo, já tinha uma produção no Anhembi então eu só adaptei pro rádio.
P/1 – Isso aconteceu em que período, quando você trabalhava na Telesp também?
R – Sim, eu sempre trabalhei com o rádio e com a Telesp, então na Telesp eu entrava às nove horas da manhã, então das sete às oito da manhã eu ia pro rádio, saía do rádio e ia pra Telesp todo dia, e no sábado eu fazia duas horas, das 15 às 17 horas, duas horas de programa.
P/1 – Como é que os seus colegas da Telesp viam esse seu lado, assim, de sambista?
R – Então, na realidade as pessoas discriminavam porque, pô, maloqueiro, não sei o que, não sei o que lá, então eles não me viam com bons olhos que na época de 70, 80 sambista não era hoje o que é, hoje ser sambista é uma marca, é ser global, né , então naquela época a gente tinha que fazer as coisas na mão. Então era sempre discriminação, aquela coisa toda, mas eu tava com uma família que eu gostava, acho que árabe, coisa assim, o nosso presidente, árabe, caramba, eu to ficando fraco da cabeça, hein.
P/1 – Daqui a pouco vem, presidente da escola de samba?
R – É, então a gente tinha muito contato, muita amizade, curtia muito essa coisa do samba e eu aprendi muito com eles, hoje são as filhas dele, todos morreram já, só tem a Dona Rosa, a esposa do Seu Carlos, que, Bichara, família Bichara, não sei se é árabe, então eles eram ali da Vila Mariana, tinham açougue, a escola de samba era um outro nome, era um bloco.
P/1 – Nesse período você morava aonde?
R – Sempre na Vila Medeiros, nasci na Vila Medeiros e sempre na Vila Medeiros.
P/1 – Com a sua avó?
R – É, a minha família minha avó partiu.
P/1 – Como é que a sua família via esse seu lado sambista, locutor?
R – É, não gostaram muito, não, porque eles são evangélicos não acharam legal, não, mas acolheram, me receberam.
P/1 – E namoro, Nicanor, como é que foi o seu primeiro namoro?
R – Caramba, namoro, sei lá, não fui de muito namorar, não, logo namorei, casei, casei muito novo com 21 anos.
P/1 – Como é que você conheceu a sua esposa?
R – No samba, no carnaval, na Avenida São João, na arquibancada.
P/1 – Como que foi?
R – Ah, sei lá, a gente tava na arquibancada, olhei pra ela: “Simpática você, qual o seu telefone, seu endereço?” e aí a gente já se encontramos, já, foi meio rápido esse casamento dois anos de namoro já tava casando.
P/1 – Vocês têm filhos?
R – Temos quatro filhos, Tatiane Cristina, a primeira, a Cássia Regina, a segunda, Tiago Luís, o terceiro, e a Talita agora, a caçula.
P/1 – Com quantos anos?
R – Dezessete anos.
P/1 – Como é que foi pra você ser pai?
R – Ah, sei lá, eu não tava meio preparado pra isso, não, mas veio e a gente, minha casa onde come um come dois, foi ficando e foi surgindo, ali na vila, meus pais também ajudando, eles moram com a gente moravam com a gente e sei lá, o casamento foi meio que se formando ali em casa.
P/1 – Então voltando um pouquinho esse período você tava na Telesp, aí você tava como radialista e como é que foi, assim, você falou que você ficou 15 anos na Telesp e depois disso?
R – Na realidade 25 anos 15 anos desenhando, dez na área de cultura e lazer que aí foi uma coisa que eu realmente gostava, que era a área que eu queria trabalhar, conhecer pessoas, andar pra lá, andar pra cá.
P/1 – Dentro da Telesp?
R – Dentro da Telesp, então foi uma área nova dentro do Telesp, que a gente atendia os funcionários, a gente levava cultura e lazer para os funcionários, então a gente comprava essas, esses eventos de alguém, alguma empresa e passava para os nossos funcionários. Então a minha missão dentro da Telesp era divulgar pros 18 mil funcionários que a gente tinha na cidade de São Paulo, entendeu, então eu conheci todas as Telesp, fiz vários contatos, fiz vários amigos, falava da minha escola de samba pra eles. Então foi um momento, assim, gratificante na minha vida, esse outro setor, esse outro departamento, eu me sentia realmente muito à vontade.
P/1 – Falando de escola de samba, que você falou: “A minha escola de samba”, o que você fazia exatamente na escola de samba?
R – Eu tinha uma ala, “Ouro e prata” eu era chefe de ala, depois eu passei a diretor de harmonia, e depois eu passei a ser o apresentador da escola de samba, então eu apresentava os sambas enredos que disputavam final de samba enredo e tudo isso eu aprendi na Mocidade Alegre. Quando eu me formei e tirei meu DRT eu já tinha essa habilidade falarem público através da Mocidade Alegre, com o meu professo Juarez da Cruz Bichara, lembrei do nome, esse foi o meu primeiro mestre, e aí eu tinha que ter um documento pra ta no palco e esse documento foi criado em 88, o DRT.
P/1 – Como é que era pra você falar, você falou agora que você falava pra cinco mil pessoas, não é isso?
R – Então, na realidade quando você chega, eu queria ter essa experiência eu queria ter alguém que me desse uma direção, eu falei: “Mas como é que eu vou?”, “Sobe e fala”, no samba era meio assim, né: “Faz”, “Mas como?”, “Sobe e fala”, então eu falei: “Bom, vou copiar o mestre ele faz assim, eu”, então você tem que subir e falar. Agora, o que eu percebi quando você tá no palco falando, que você é a pessoa mai importante, quem tá te ouvindo é a pessoa mais importante, eu sou menos importante, então eu tentava tocar o seu coração, eu to falando pra você, eu to apresentando pra você, essa pessoa, você é uma pessoa muito importante aqui pra nós. Eu sempre tinha essa noção porque eu aprendi com a minha avó isso, entendeu, então a minha avó falava: “A pessoa que tá chegando, ela é muito importante”, então eu, é dessa maneira que eu conquistava o público e dessa maneira que eu fazia, com o coração, independente de custo, de quanto eu to ganhando, mas eu trabalhava mas por, até hoje eu faço isso, até hoje, eu sou assim, não vou mudar .
P/1 – Teve alguma vitória da sua escola que tenha sido marcante pra você?
R – Ah, em 80, em 80 fomos campeões, um samba bonito, fomos duas vezes ou três vezes mais campeões, depois paramos, aí eu mudei de escola, hoje ela tá bem, tá disputando aí altos títulos hoje, com uma outra, outra cultura, outra, outro foco hoje é muito mais profissional, hoje é.
P/1 – Hoje você participa ainda do samba?
R – Não, hoje eu me afastei bastante me afastei bastante, to voltando pra igreja, tenho um programa de rádio, mas eu to bem, bem distante, to mais focado com o personagem Pelé hoje.
P/1 – Conta um pouquinho como é que surgiu esse personagem.
R – Não, na realidade na Telesp eu sempre ajudei pessoas, sempre, eu gosto de ajudar pessoas e aí eu tava falando com Jesus aí: “Jesus, eu sempre ajudei pessoas e nunca ganhei nada com isso”, aí ele me deu um presente.
P/1 – Jesus que você diz, Jesus mesmo?
R – É, aí ele me deu um presente, me deu uma folha ofício: “Tá aqui o seu presente”, caramba, uma viagem pra Disney, Estados Unidos, ida e volta, tudo pago, falei: “Caramba, primeiro que eu não sei andar, tenho medo de andar de avião, nunca andei, não tenho nenhuma pretensão de andar de avião, não tenho dólar, vou fazer o que nos Estado Unidos? Que presente é esse?”. Só que na época eu tinha tirado a barba, o bigode, tal, e me incentivaram muito a ir, eu fui o último a tirar o meu passaporte.
P/1 – Pela Telesp?
R – Pela Telesp, 1996, cheguei nos Estados Unidos nervoso, eu fumante na época, fumava que nem um louco, desesperado, dentro daquele avião lá, America Airlines, se não me engano, que me levou e o comissário percebeu o meu desespero, a gente saiu daqui meia noite e não chegava nunca. Aí ele: “Pô, você quer beber alguma coisa?”, “Quero beber, quero fazer qualquer coisa, mas quero sair daqui, cara”, “Não, olha aí, Venezuela, tamo passando pela”, “Bicho, eu não quero saber de nada”, bebi, bebi, bebi, não alterou nada, não aconteceu nada, desespero, todo mundo dormindo, eu fumando feito um louco. Bom, chegamos em Miami, aí de Miami teve outro voo a Orlando, chego em Orlando, falar em: “Meu amigo, eu não sei falar sua língua, você também não fala a minha”, eu fui dormir na praça, na praça de Orlando, até fazer o check in que tinha um, mais, assim, pessoas que foram com a gente, fazer o check in pra ir pros quartos. Aí lá descansei, fiquei tranquilo, quando eu fui pra Disney, eu não me lembro qual parque eu fui, tinha vários parques, aí num dos parques os americanos e japoneses corriam atrás de mim: “Excuse me, please, foto, Pele, Pele”, e os meus amigos brasileiros: “É o Pelé, é o Pelé”, eu falei: “Que louco, cara, eu não sou Pelé coisa nenhuma, eu sou Nicanor Ribeiro”, fazia questão de Nicanor Ribeiro, o radialista, o apresentador, e aí ficou essa loucura, eles tiraram muitas fotos minhas: “Pelé, Pelé, Pelé”. Quando eu voltei pra São Paulo, no ano seguinte, 97, eu fui despedido da empresa, aí fiquei preocupado, falei: “Meu Deus”, eu chorei muito, falei: “Caramba, Jesus, eu to desempregado, negro, com mais de 40 anos, sem uma faculdade, sem falar uma língua, o que que eu vou fazer?”, foi desesperador. Aí 98 peguei o dinheiro, tentei construir uma casa e uma escritório, mas não sabia administrar o dinheiro, não consegui fazer o que eu queria, em 99 perdi a minha mãe, aí foi o meu alicerce embora, em 2000 eu entrei em depressão, que eu comecei beber que nem um doido, aí virei locutor do Mário Covas em 98, falei: “Caramba”, a coisa tava cada vez pior, eu não conseguia caminhar, o dinheiro acabando e cada vez bebendo mais, meus amigos morrendo também por causa da bebida. Aí em 2002, dia 8 de março de 2002, apresentando o dia da mulher, eu conheci aquela negra, a Verusca de Souza, sósia da Woopi Goldberg, ela falou: “Puta, você é a cara do Pelé”, “E daí, cara, que eu sou a cara do Pelé?”, “Tu pode ganhara dinheiro com isso”, “Como?”. Aí ela me apresentou a Nilce Costomski, que é a dona de uma agência, “Gordo e o magro”, que eu trabalho com ela até hoje, me apresentou pra Ione Borges, na TV Gazeta, do programa “Mulheres” e desse programa nunca mais parei de fazer programas. Aí de lá eu fui pra Record, SBT, TV Al Jazira, TV japonesa e hoje na Globo e agradeço muito a essas mulheres maravilhosas, a minha avó foi o começo de tudo, a Verusca, a Nilce, a Ione Borges, que eu gostaria tanto de falar isso pra ela, o quanto ela foi uma pessoa maravilhosa, a vocês mulher aqui, mais uma vez me ajudando, então eu adora você mulheres, vocês são maravilhosas. E hoje eu corro pra, até pra esquecer a bebida eu participo de um grupo no SESC que uma mulher me levou, a minha amiga Miuza, Maria Miuza, lá no SESC Santana toda terça e quinta, e todos os domingos eu corro em alguma corrida. E hoje como sósia do Pelé eu conheci o Brasil, viajando pra tudo quanto é canto, pra lá e pra cá, eu sou privilegiado, tiro 50 fotos por dia, visito as crianças, a AACD, Lar e Escola São Francisco, até porque meu irmão foi tratado e criado no Lar e Escola São Francisco porque ele é especial, hoje é meu filho que eu sou tutor dele, e eu me sinto, assim, a pessoa mais feliz do mundo, muito obrigado.
P/1 – O Pelé mesmo você conheceu como foi?
R – Então, o Pelé foi em 2004, eu conheci porque eu conheci o Zé de Abreu, dono da Rádio Atual, que era ministro, que era deputado federal e o Pelé era Ministro do Esporte, e quando o Zé de Abreu me viu ficou louco: “Ah, você parece com o Pelé, você não quer sair candidato?”. Eu nenhuma experiência, falou que ia me dar tudo, que isso e aquilo e ele botou o nome de Pelé mesmo, o Pelé é com um ‘l’ só, o meu é com dois ‘l’s e acento ao contrário, aí em 2004 eu conheci o Pelé, ele fez uma brincadeira: “O seguinte, eu não voto em você porque eu voto na baixada, mas eu desejo a você felicidade e muita sorte, parabéns, entende”, eu falei: “Obrigado, Pelé”. E saí candidato, mas não me deram nada, saiu eu e meu filho nas ruas, brincando com o número que a gente tinha, 19010 você liga pra polícia, quem atende é o Pelé, e consegui 600 votos, aí em 2008 tive candidato de novo, saí também com 22100, um número mais simpático. Mas o Pelé me recebeu muito bem, hoje eu sou dublê dele, todos os filmes eu faço, tem várias imagens minha que vocês não sabem que é minha, mas é minha, nos comerciais que o Pelé usa, eu que faço e eu faço muita, muita recepção pras empresas, grandes empresas me contratam hoje pra fazer receptivo ou pra mostrar pra equipe de vendedores dele o Pelé vencedor, como o Pelé é muito caro então me levam, levam o sósia pra representá-lo nessas palestras que os executivos promovem em suas empresas.
P/1 – Você tava me contando também que tem um site, não é isso?
R – É, eu criei um site, o sósia do rei ponto com ponto BR que é aonde eu deveria contar ali a minha história, a minha vida, a minha agenda então eu to, eu me divulgo por ali.
P/1 – E lá também tem outros sósias?
R – Tem, tem uma, porque quando a gente fez algumas, as copas então eu fiz o “Show do Tom” o Tom fez uma brincadeira, chamou todos os sósias da época pra fazer um avião o avião do Tom, e no “Zorra” fizeram o trem o metrô da Dilma, então lá tem o, hoje tem o Neymar, Romário, Kaká, Ronaldinho Gaúcho, eu tenho vários sósias lá.
P/1 – Como é que ir nas televisões, nas emissoras e se apresentar, como, o que isso se significa pra você?
R – Hoje é o meu trabalho hoje eu vivo disso eu falei com Jesus: “Olha, já que você tirou meu emprego de 25 anos eu não quero mais bater cartão, eu quero ser independente”, então hoje eu não tenho hora pra trabalhar, não tenho dia, sábado, domingo, não importa, mas é uma coisa que, entendeu, chamou, nós estamos prontos, você vai se aperfeiçoando, lendo o artista, o personagem de verdade e interpretando, na realidade você é um ator daquele personagem. E o que eu quero hoje é contar uma história desse ator e do Nicanor pras pessoas, dizer, que algumas pessoas veem como deboche, olham pra mim e dão risada, acho que eu quero imitar, eu quero parecer, porque é diferente o Edson, por exemplo, tem um cordão de ouro, eu não tenho esse cordão de ouro, ele tem um carro importado, eu não tenho esse carro importado, ele tem uma casa muito bonita em Miami, eu não tenho. Então as pessoas tem que entender o que é sósia, o que é o verdadeiro, entendeu, tem muita gente que infelizmente não sabem o que é sósia, sabe o que que é um cover mas é a mesma coisa que sósia, o nosso em português é o sósia, então eu acho que nós conseguimos ou tamos conseguindo passar essa mensagem pras pessoas, dizer: “Olha, ele parece, mas não é o verdadeiro”. E a gente tem a nossa respeitabilidade, o nosso respeito, e tamo trabalhando pra isso, eu peço pra cada sósia tirar o seu DRT pra poder se tornar um profissional.
P/1 – Você falou que você se apresentou até na TV Al Jazira.
R – É.
P/1 – Como foi isso?
R – Ah, foi no carnaval, eu tava no carnaval, pintou esses loucos aí e achou interessante e me levaram pra fazer uma matéria, não lá em Al Jazira, aqui no Brasil e a partir daqui eles passam 40 países deles lá, então eu sou conhecido lá sem nunca ter ido lá, entendeu. TV Al Jazira, que eles tavam cobrindo o carnaval e acabou sendo interessante o Pelé ali. Porque as pessoas quando me veem ficam enlouquecidas, lá nos Estados Unidos, por exemplo, eles, os americanos corriam, me abraçavam e choravam, entendeu, era uma, algo louco, eu não entendia isso porque eu não sabia o quanto o Edson Arantes, o Pelé, é tão importante pras pessoas, hoje eu entendo quem é o Edson Arantes, quem é o Pelé, que ele sempre faz uma brincadeira, o Edson é uma situação, o Pelé é outra. Então foi até difícil pra eu entender, fazer o papel do Pelé, então é por isso que eu sou muito grato a Verusca de Souza por ela dar esse: “Vai lá, cara, você consegue”, então hoje a voz que tem no “Zorra” é a minha voz, eu que faço, então to lendo o negrão o tempo todo pra ta acompanhando ele, que ele hoje, com 73 anos, ele é muito dinâmico, muito rápido, tá sempre atuando, trabalhando e tem que acompanhar essa fera aí.
P/1 – Você teve que ter aulas, alguma coisa assim, preparar pra interpretar esse personagem?
R – Então, na realidade eu aprendi com as pessoas eu tenho o meu amigo lá na Geral, esqueci o nome dele, ele me ensinou a falar que nem o Pelé, o Carioca também quando eu fiz o “Pânico” também me ensinou um pouco a interpretar o Pelé e hoje temos aí o meu amigo Porpetone da “Praça é nossa” que imita direitinho e com o tempo a gente vai adaptando. O que eu não consigo é, por exemplo, fazer uma hora de Pelé, eu acho que fica complicado, mas as minhas palestras eu quero botar um pouquinho dele, entendeu, então eu quero começar com o Pelé, entrar com o Nicanor e depois eu finalizo com o Pelé, eu acho que seria legal, não o tempo todo, senão você acaba também tirando a sua personalidade, acaba morrendo o Nicanor, eu não quero que o Nicanor morra, eu quero Nicanor e Pelé juntos.
P/1 – Que palestras são essas, o que seriam?
R – Então, a palestra na realidade eu assisto muitas palestras, mas apresentar pessoas eu acho muito tranquilo, agora, contar uma história pra um grande público ou pra um pequeno público, não importa, essa é a minha dificuldade, na realidade o Nicanor telespiano e hoje o Nicanor sósia do rei, mudou muito a vida, mudou demais, são mundos totalmente diferente, entendeu, e são mundos que eu estou ali por conta do Pelé, não pelo Nicanor, mas o meu mundo é do Nicanor, é diferente. Então quando alguém me contrata às vezes eu chego de helicóptero, chego de limusine, esse não é o meu mundo, então praquele cliente, ele tá achando que tá levando um Pelé, contratando o Pelé ou fazendo de conta que é o Pelé, então essa coisa toda que eu quero me preparar pra contar pras pessoas sem viver aquele mundo, não sei se eu fui claro.
P/1 – Foi, foi sim.
R – Então eu me divirto com isso, eu ganho o meu cachê com isso, do faz de conta, mas você tem que entender que você é o Nicanor, entendeu, é isso que eu tento passar pros meus amigos sósias. Então quando, eu tenho uma equipe são cinco ou seis sósias que viajam comigo, então eu procuro dar pra eles o melhor hotel, a melhor alimentação, os melhores carros, mas o nosso mundo é diferente, entendeu, naquele trabalho você é o Ronaldinho Gaúcho, você é o Neymar, enfim, é mais ou menos essa história. Eu até criei o dia 1º de abril como o dia do sósia, é mentira ou verdade? O que você acha?
P/1 – E na sua casa, como é que é o seu dia-a-dia, assim, você, Nicanor?
R – Na minha casa ninguém me entende, eles falam que eu sou Nicanor, porque o salário é diferente você não tem salário, você tem cachê, então eles reclamam: “Pô, não tem dinheiro”, ta, hoje não tem, mas de repente tem dinheiro, eu pago todas as contas, também ninguém pergunta da onde vem o dinheiro, então isso me incomoda: “Vocês quando não tem dinheiro ficam reclamando que não tem grana, mas quando tem eu pago as contas, ninguém pergunta como é que apareceu esse dinheiro”. Mas ele não, pra eles não existe o Pelé, é o Nicanor, ponto, acabou, eles acham que é brincadeira essa coisa de Pelé, entendeu, não levaram a sério ainda como um trabalho de verdade, eles não conseguem entender essa coisa aí. Então quando eu saio com os meus filhos, que as pessoas tiram foto, eles ficam incomodados , a minha neta: “Que isso?”, mas temos que respeitar as pessoas porque é tão difícil ta com o Pelé, então quando eles me veem realmente eles não agüentam, vem tirar foto mesmo.
P/1 – As pessoas te param na rua?
R – Na hora, todo dia, daqui do metrô aqui eu tirei umas dez ou 20 fotos pra chegar até você, então quando eu marco alguma coisa tenho que marcar com uma hora antes ou vir de carro direto porque é isso.
P/1 – O que as pessoas falam pra você?
R – Primeiro que ta, tem a visibilidade do “Zorra total” e segundo que quem não vê o “Zorra”: “Nossa, você é a cara do Pelé, vamos tirar uma foto”, então se entusiasmam, como em 96 aconteceu nos Estados Unidos, eles, pra eles, pros americanos, todos acham que foi o Pelé, ninguém imagina que foi um sósia lá nos Estados Unidos, nem eu achei que pudesse parecer com o Pelé naquela época hoje que eu sei da situação, a partir de 2002 que eu falei: “Nossa, realmente eu sou a cara dele” .
P/1 – Você falou que você tem um programa de rádio também, você tá fazendo alguma coisa no rádio?
R – É, o rádio é pela web o nome do rádio, programa é “sintoniadebambas.com.br”, que a gente tem esse programa aí, eu mais quatro radialistas do mundo do samba, o pessoal que trabalhava comigo no samba e que a gente continua pra manter aí a nossa tradição, não esquecer as raízes.
P/1 – Nicanor, hoje, assim, pra você quais são as coisas mais importantes?
R – A vida, viver bem, ta com as pessoas, curtir essas pessoas, porque é muito rápido a vida, é muito rápido o tempo que você tá com as pessoas, aonde você está, entendeu, tem pessoas que eu passo o dia trabalhando, eu não sei quando vou vê-las, então, e são pessoas maravilhosas, cinegrafista, jornalista, maquiadores, o pessoal que faz a limpeza, é um negócio muito louco. Então a vida é importante, muito importante, motorista, nossa, hoje a vida é muito importante, as crianças, é um negócio assim e você tá sempre perdendo, tá sempre ganhando, você chega em qualquer estado você ganha 50 pessoas, aí você vai embora, perdeu aquelas 50 pessoas, vai conquistar outra, então, olha aí minha palestra, a vida, a vida é muito importante. Então isso é gratificante, hoje eu não tenho aqueles amigos de trabalho, oito horas trabalhando com eles, eu tenho todos os meus amigos de trabalho, então eu acho que aprendi muito, olha aí, aprendi muito, obrigado, Museu da Pessoa, por dar essa dica aí, eu acho que é legal.
P/1 – Você tem sonhos?
R – O sonho é ver todo mundo bem, todo mundo feliz, todo mundo legal porque já tá numa idade que, eu to com 60 anos, então o que que eu quero? Eu quero que o jovem e todo mundo, pô, vamos conquistar as coisas, fazer ali, a gente, eu corro todo domingo, quando você termina uma corrida é uma alegria, uma felicidade ímpar, eu queria que essa alegria, essa felicidade se mantivesse o tempo todo, seja no seu trabalho, na tua família, na tua casa, construindo alguma coisa, edificando alguma coisa. Então é essa adrenalina, a adrenalina da corrida que eu gostaria que mantivesse o tempo todo, que é muito legal, você esquece todos os problemas, dívida, esquece tudo correndo, pelo menos eu me sinto assim.
P/1 – Você participa de maratonas mesmo?
R – Não, não, eu já to muito velhinho mas meus cinco kms eu faço brincando, porque eu corro brincando, eu corro apresentando as pessoas, eu uso a minha voz o tempo todo correndo, eu brinco com as pessoas o tempo todo, então quem corre comigo vai lembrar de mim o tempo todo: “Ah, corri com ele”, que eu brinco com todo mundo. Então eu não to preocupado com o meu tempo, eu to preocupado em saber: “Você tá bem, você tá legal?”, o único, a pessoa que coloca um walkman no ouvido, aí eu não dou atenção porque ela falou: “Eu não quero conversa, eu quero focar na minha corrida”, então ela já disse pra você que com o walkman, mas quem não tá com walkman eu brinco, com todo mundo o tempo todo, eu acho muito divertido, porque ele foi o atleta do século e quem eu sou? O atleta da rua, então pra não ficar tão ruim, já que ele era bom de bola, eu sou, nas ruas de São Paulo eu conheço tudo, isso é o Pelé.
P/1 – Então foi um prazer conversar com você, queria saber se tem alguma coisa que eu não te perguntei que você gostaria de deixar registrado da sua trajetória, que você acha importante ou se tá bem assim.
R – Na realidade hoje nós tamos criando, graças a Deus, é uma ideia que eu tive desde 2006, lá no “Show do Tom”, a seleção brasileira de sósias, onde nós chegamos na cidade com essa seleção, levando a mensagem: “Paz nos estádios”, é o nosso lema, onde o prefeito nos convida e o ingresso é um quilo de alimento ou um brinquedo e nós pedimos pra primeira dama doar a alguma entidade, às vezes a gente acompanha quando dá tempo, a entrega desses alimentos a alguma entidade, issso nos faz muito feliz, muito honrado. E os patrocinadores que acham que sósia é algo interessante, que queira nos ajudar a nossa seleção, tá aí o nosso site, sosiadorei.com.br, que quando as crianças nos veem ficam muito feliz, é uma alegria, tiramos muitas fotos com eles, é muito legal.
P/1 – Tá bom, foi um prazer, Nicanor, muito obrigada.
R – Que isso, obrigado.
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