Violência sexual em Poço Fundo

Sonhei que estava em uma cidade de Minas chamada Poço Fundo com mais dois amigos. Estávamos em uma casa e havia a figura de um homem velho. Fui percebendo que ele queria transar comigo e começou a intensificar as investidas. Como eu me esquivava o tempo inteiro, ele passou a ficar agressivo e nos ameaçava. Resolvemos ir embora da casa e entramos em um quarto para arrumar as nossas coisas. O velho entrou junto e começou a gritar, mandou que meus amigos saíssem. Me deu um bilhete dentro de um envelope e fez um gesto de abrir a braguilha da calça. Eu fiquei desesperado e corri pra sala, disse aos meus amigos que estava indo embora e que nos encontraríamos depois. O velho gritava que ia acabar com a gente. Saí pelo quintal que se transformou em uma selva. Encontrei uma casinha e me abriguei por lá. A planta do imóvel era bastante parecida com a do apartamento onde moro, mas a estrutura era toda de madeira, tipo um chalé. De lá recebia notícias de que o velho tinha tomado o poder da cidade. Um dos meus amigos que estava comigo na outra casa me escreveu dizendo que o velho tinha excluído o conceito de tempo, então ninguém sabia mais se havia passado dias ou meses. Ele também decretou que só haveria inverno e a cidade foi coberta por neve. Nessa neve o velho saía e começava a atirar nas pessoas. Fiquei apavorado na minha cama. De repente entraram três homens na casa, dois maiores com aparência bem masculina e um menor com feições asiáticas. Eles se deitaram na cama onde eu estava e começaram a praticar sexo oral. Fiquei sem entender o que estava acontecendo, um misto de excitação e medo (o medo era bem maior). Nessa hora um outro amigo entrou na casa, fui correndo até a sala e contei sobre os caras no quarto. A gente estava na cozinha e conversamos sobre o que estava acontecendo na cidade. Lembrei do bilhete que o velho havia me dado e fui pegá-lo no quarto. Meu amigo me seguiu e quando viu os três caras na cama reconheceu os dois maiores. Eles eram irmãos gêmeos de Poço Fundo e pediu ao meu amigo que não contasse nada para a mãe deles. Acabei não abrindo o bilhete porque uma moça também entrou na casa. Ela era loira e me tratava como amigo, mas não conseguia lembrar quem era. Eu presumi que ela estivesse com fome e tinha ido buscar comida. Na cozinha, olhei as prateleiras com potes de doces e vi que todos estavam com larvas gigantes dentro. Nós três sentimos muita repulsa e pedi para meu amigo jogar os potes fora. Ele pediu que eu fosse buscar umas luvas que a mãe dele havia deixado na cômoda do quarto. Quando entrei, os três rapazes estavam em pé. Me ajoelhei para pegar as luvas e meu amigo e a moça loira se sentaram no chão comigo. Percebi que o cara asiático também estava sentado conosco e os dois homens maiores começaram uma discussão. Diziam que haviam conseguido colocar o velho para comandar a cidade e agora o asiático estava virando a casaca para o nosso lado. Havia um clima de tensão e percebi que se tivesse feito sexo com eles, teriam me matado. Acordei nesse momento, de súbito, bastante assustado.

Que associações você faz entre seu sonho e o momento de pandemia?

Ainda estou tentando entender o sonho que tive, mas a cena da eliminação do tempo parece se relacionar bastante com o período de quarentena. A figura do velho mexeu bastante comigo. Antes da pandemia, trabalhava em um lugar comandado por um chefe muito agressivo que gritava constantemente. Talvez meu inconsciente tenha relacionado ele a um governo ditatorial, semelhante ao que vivemos hoje. Participaram do sonho três amigos que gosto muito, aparecendo em fases diferentes do sonho. Um deles é exatamente de Poço Fundo, a cidade em que estávamos. A imagem do inverno também me chamou a atenção, já que não gosto de frio. Os tiros disparados pelo velho faziam as pessoas caírem mortas na neve. O cara asiático na cama talvez seja uma parte de mim, pois sou gay e tenho ascendência japonesa. Os outros dois não sei, talvez uma alegoria da divisão política do país. Não consegui relacionar a moça loira com nada, mas verifiquei que o sentimento de nojo surgiu quando fui buscar comida para ela. Outras sensações com medo e angústia eram uma constante.