O mar pra mim sempre foi um refúgio, um local sagrado de paz, onde sempre pedi permissão para entrar. Me deparar com aquele paraíso sendo invadido por por petróleo me deixou desolada. Salvador ainda não tinha recebido tanto óleo, até que chegou dia 16/10. Fui para vilas do atlântico retirar tapetes de petróleo, tão pesados, que era necessário 3 pessoas para conseguir colocar o material dentro do saco. Foi um dia inteiro retirando petróleo. E quando eu imaginava que tinha vivido um dia de terror, dia 17/10 chegou. A praia de pedra do sal era um verdadeiro cenário de guerra. As pocinhas que se formavam entre as pedras, agora haviam virado caldeirões de petróleo. O cheiro naquela praia era completamente insuportável. Era impossível ver aquilo e não chorar. Eram mais de 100 pessoas (entre elas voluntários e profissionais da limpeza da prefeitura) numa faixa pequena de praia, mas não conseguimos dar conta de tanto óleo. A maré começava a subir e o desespero tomava conta: ainda tinha muito óleo e não iríamos conseguir tirar tudo, aquilo tudo voltaria para o mar. Mas algo naquele dia, no meio de um caos que parecia passar em câmera lenta na minha frente, me fez enxergar um luz na escuridão. Vi pessoas dando um ombro para consolar os que não aguentavam as lágrimas; vi mãos ofertando água, num dia insuportável de calor, para os que estavam com os braços tomados de petróleo; vi pessoas sendo solidárias não somente em retirar petróleo das praias, mas sendo solidárias uns com os outros. Estavamos e ESTAMOS todos juntos na mesma luta, salvar o meio ambiente. O desgate emocional e físico é inevitável, mas seguimos sendo apoio um para o outro.
Óleo na praia
