Armando Mendonça contou a história da comunidade Paraná-Miry, um lugar cercado de pequenas ilhas, à direita do Rio Tapajós. Trata-se de uma propriedade que pertencia ao seu bisavô Francisco Mendonça. Na época de Francisco, a economia estava baseada na criação de carneiros e de bois e na extração do latéx, que era transportado em comboios de animais até Altamira (PA), em uma viagem que durava 14 dias. Com paisagens exuberantes, árvores nativas, castanheiras e seringueiras de frente para a praia, Paraná-Miry é atualmente o principal ponto turístico da comunidade.
Ele lembra que teve uma infância feliz, “a melhor possível”. Atravessava nadando o Rio Tapajós até a praia, subia nos pés de goiaba, escrevia o próprio nome nas seringueiras.
Um dos fatos que marcaram sua infância foi a prisão do major Haroldo Veloso na comunidade, que ocorreu na residência de seu bisavô, chamada de barracão, uma casa de taipa coberta de palha. Veloso chegou sozinho a Paraná-Miry, portando uma metralhadora envolvida em jornais. Quando os policiais chegaram para prendê-lo, o major não ofereceu resistência e disse: “Tantos homens armados para prenderem um só homem”. Ele foi preso e transportado para Itaituba na voadeira do frei Vitorino, da Paróquia de Sant’Ana.
Além dos momentos marcantes, as memórias de Armando registram as tantas mudanças desse pequeno local escondido entre ilhas, pois o que antes era apenas lugar com uma casa de farinha e um barracão, tornou-se uma grande vila, onde residem várias famílias.