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Por: Museu da Pessoa, 17 de dezembro de 2013

Um jornalzinho dos jogos de várzea

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Um jornalzinho dos jogos de várzea

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Eu me chamo João Batista da Silva Junior, nasci em 22 de Abril de 1926, na cidade de São Paulo, bairro das Perdizes. Meu pai tem o meu nome, menos o Junior. E minha mãe Hortênsia Maria de Assunção. Ele trabalhava de publicitário, mas não tem relação nenhuma com meu jeito para fazer jornal. Eu tinha uma letra, modéstia à parte, bonita. Eu sei que eu sempre me dediquei muito a gostar de fazer jornal, com carvão, na cozinha da minha casa. Minha mãe me ensinou o alfabeto e com seis anos eu já sabia ler e escrever. E graças a Deus fiz o jornalzinho que aguentou 18 anos, saindo toda semana. Eu trabalhava numa indústria metalúrgica nove horas e meia por dia e nas horas vagas dava um avanço no jornal. Ele nunca deixou de circular. Eu fazia reportagens dos jogos, nosso campo ficava ali perto da minha casa, onde hoje é a Avenida Sumaré. E eu fazia e depois todo mundo ia passando de mão em mão. Muitos desapareceram porque não devolveram. Mas foi a minha vida, eu me senti um jornalista legítimo. Eu fazia entrevista com jogadores, fazia antes dos jogos, a escalação das equipes, um certo comentário sobre como desenvolveu o jogo, criticava alguns jogadores indisciplinados. Eu era o paginador, o articulista, o entrevistador, ia no jogo, marcava os resultados. Eu sempre desde criancinha pegava o papel que vinha embrulhado o pão também e ficava rabiscando. Ficava rabiscando o chão da minha cozinha da minha casa, a minha mãe consentia e foi ali que eu aprendi a ler e escrever. Eram jogos de várzea. Não era nem campeonato.

Eu sou do tempo de Oberdan Cattani, Da Cunto, Viladonica, Luizinho, Echevarrieta, Lima, Pipi. Eu só não me tornei palmeirense porque tinha aquele negócio de guerra, você não podia comentar, tinha raiva dos nazistas. O jogador não tem culpa nenhuma, é filho de italiano. O Palestra e Corinthians era um clássico medonho. O Parque Antártica estremecia. Jurandyr, Carnera, Junqueira, Tunga, Gogliardo e Del Nero, Luizinho,...

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A Gente na Copa - História da Gente Que Faz o País do Futebol.

Depoimento de João Batista da Silva Junior

Entrevistado por Lucas Lara e José Florenzano

São Paulo, 17 de Dezembro de 2013

Realização Museu da Pessoa

PCSH_HV438_João Batista da Silva Junior

Transcrito por Iara Gobbo

P/1 – Bom senhor João, para começar eu queria agradecer muito a sua participação, ter aceitado dar essa entrevista para gente.

R – Ah, é um prazer muito grande estar aqui.

P/1 – E eu queria começar perguntando para o senhor o seu nome completo, o local e a data do seu nascimento.

R – Eu me chamo João Batista da Silva Junior, nasci em 22 de Abril de 1926, na cidade de São Paulo, bairro das Perdizes.

P/1 – E o nome dos seus pais?

R – Meu pai tem o meu nome, menos o Junior. E minha mãe Hortênsia Maria de Assunção.

P/1 – E o que é que os seus pais faziam, seu João?

R – Meu pai? Ele morreu em 45, fiquei sozinho no mundo, pensei que não ia suportar, mas graças a Deus os amigos têm me ajudado muito. E vocês dois estão inclusos nesse número aí.

P/1 – E o que é que eles faziam? O senhor lembra da profissão do seu pai e da sua mãe?

R – Ele trabalhava de publicitário, mas não tem relação nenhuma com meu jeito para fazer jornal. E tem outra coisa, todos aqueles méritos que eu tinha, sumiram. Eu tinha uma letra, modéstia a parte, bonita. Você já viu meu jornalzinho alguma vez?

P/1 – Não.

R – Está tudo agora no museu do Pacaembu e de maneira que até saí do controle da pergunta. Eu sei que eu sempre me dediquei muito a gostar de fazer jornal, com carvão, na cozinha da minha casa. Minha mãe me ensinou muito o alfabeto e com seis anos eu já sabia ler e escrever. E graças a Deus fiz o jornalzinho que aguentou 18 anos, saindo toda semana, eu fazia nas horas vagas. Eu trabalhava numa indústria metalúrgica nove horas e meia por dia e nas horas vagas dava um avanço no jornal. Ele nunca deixou de circular, a maior...

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