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Por: Museu da Pessoa,

Um caso com o acaso marcado nas cartas de tarot

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Um caso com o acaso marcado nas cartas de tarot

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Eu devia ter, talvez, entre três e quatro anos e eu, filho mais velho, né, estava atravessando a rua transversalmente no sentido da minha casa, que ficava na esquina, com as mãos seguras pela minha mãe, a mão direita e pela minha avó a mão esquerda, foi quando eu avistei, entre três pessoas, a uns três metros de distância, um homem negro, bem negro. E eu não tinha visto, até então, um homem negro. Não sabia que existia um ser da mesma espécie que eu com uma pele de coloração escura, bem diferente da minha. E aquilo, naturalmente, me chamou muito a atenção. Tanto que eu parei, segurei o passo, o andamento. Elas olharam pra mim, minha avó olhou pra mim e para o ponto o qual eu estava olhando e entender o que estava se passando. Não havia muitos negros no meu bairro, o bairro de Santana, em São José dos Campos, nessa época. Havia pessoas mestiças, mas eu nunca tinha visto, até então, um homem negro, bem escuro. E aí minha avó entendeu o que estava se passando e falou: “É, é diferente, mas nós somos todos iguais”. Então, essa é a primeira frase da minha vida. É uma frase realmente muito importante e uma cena de grande importância e que eu vou carregar comigo até eu até eu ter alguma memória. Teve e tem até hoje uma repercussão muito grande em mim a frase da minha avó e o sentido dela foi a primeira frase e cena da minha vida

E eu vim a entender melhor isso, compreender intelectualmente isso, dois anos depois, quando eu estava jantando com meu pai e aí surgiu um primo dele, chegou e começou a falar mal de uma pessoa. Começou a falar mal, mal, eu achando esquisito ele falando mal e aí ele finalizou a fala dele dizendo: “Um negro safado”. Então, quando ele falou isso, eu entendi o que a minha avó quis transmitir pra mim porque, no discurso dele, ele mostrava considerar as pessoas da etnia daquela figura de quem ele estava falando, inferiores, entende? Então eu vi, ali eu entendi: havia...

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PCSH_HV747- CARLOS-RENNÓ

Entrevista: Carlos Rennó

Entrevistador: Jonas Samaúma

Data: 4 de abril de 2019

Projeto: Conte sua História HV 747

Revisado por: Jonas Samaúma

P/1 - Bem vindo, Rennó! Gratidão por estar vindo contar sua história. Queria que primeiro você contasse seu nome, local e data de nascimento.

R – Carlos Aparecido Rennó, nasci em 29 de janeiro de 1956, em São José dos Campos.

P/1 – E o que você sabe, assim, da história dos seus pais?

R – Meu pai nasceu em Osasco, filho do meu avô Benedito e de minha avó Iracema. Meu avô era dentista e ele e a sua mulher, minha avó Iracema, que eu não conheci, pois ela morreu logo depois de ter tido o nono filho. Meu pai tinha 13 anos. E eles tiveram nove filhos, um deles, meu pai. E, como eu disse, é um fato importante: ele perdeu a mãe quando ele tinha 13 anos. Ela morreu de tuberculose. Minha mãe era uma de quatro irmãs e sua mãe, minha avó, Rita, nasceu no norte de Minas. A família é do norte de Minas, inha família materna. Minha mãe e suas irmãs, minha avó. Embora minha mãe tenha nascido em Mato Grosso, no estado de Mato Grosso. Mas ficou lá por muito pouco tempo, indo em seguida para o norte de Minas, para a região de Montes Claros, Janaúba, Botmumirim, Caçaratiba. E meu avô materno, que eu só vi vagamente, uma única vez, era baiano, do sertão da Bahia. E meu avô paterno era nascido no Paraná. O Rennó vem do lado paterno, depois meu avô se casou rapidamente com outra mulher, com quem ele não teve filho. Eu troquei os nomes. Minha avó que faleceu chamava Clarisminda. E a que se tornou minha avó, mulher do meu avô, que se chamava Iracema. O que mais eu posso lhe falar, que gostaria de saber? A minha avó materna tem muita importância, tem uma importância especial, assim, na minha vida porque a lembrança mais remota que eu tenho é de uma cena vivida com ela. E a primeira frase que eu lembro, a mais antiga frase que eu lembro ter ouvido foi dita por...

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