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História
Por: Museu da Pessoa,

Tudo pela família

Esta história contém:

Tudo pela família

A minha infância sempre foi muito atarefada, sempre tive muitas tarefas, porque eu era mais velha e, na verdade, ajudei a minha mãe a criar meus irmãos, então eu não tive brincadeiras. Se você me perguntar “’Você brincou de boneca?”. “Você brincou de casinha?”. Não. Eu tinha vontade, mas não tinha tempo.

Minha mãe era muito rígida e eu também era muito jovem, que eu casei muito nova e não tenho muito o que te contar de festa, não. Festas mais assim, que chamavam de vesperal, porque era a tarde. Essas, eu ainda frequentei algumas, mas festas mesmo, carnaval, porque lá no lugar que a gente morava tinha um carnaval afamado, eu ia, mas tipo meia-noite já tinha que voltar pra casa. Minha mãe não dava muita liberdade, não. E eu me casei muito nova, não tive tempo de aproveitar. Minha irmã casou mais velha e aí ela aproveitou mais, mas eu casei muito jovem, eu não aproveitei muito não.

Comecei namorar muito cedo, sempre fui muito precoce. Me casei adolescente ainda, e, na verdade, se você me perguntar: “Por que que você casou?”. Não sei, não vou saber te responder, mas eu acho... Hoje eu já consigo entender um pouco melhor, que eu me casei para sair de perto da minha mãe. Não que eu tenha raiva dela, eu vou todo ano visitar, eu tenho carinho, mas, na época, era isso, eu casei para sair de perto dela e eu achava que se eu casasse seria melhor pra mim.

Me veio na cabeça assim: “Se eu me casar minha mãe vai parar de me encher o saco, vou ser dona de mim, ninguém mais vai me mandar fazer nada, eu não vou ter responsabilidade de tarefas de casa, de... Eu vou poder ir em festa”. Então pensei um monte de coisa, olha a cabeça de uma adolescente, né? Que casando você vai se libertar de tudo e de todos, então você vai viver a sua vida, porque você já é casada. Pensei tudo errado, mas aí ele pediu a minha mão pro meu pai.

Só pra você ter uma ideia, a minha mãe era de uma tal...

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Dados de acervo

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Projeto Medley – Saúde das Mulheres

Depoimento de Maria Cleude Oliveira Alves

Entrevistada por: Fernanda e Lila

Local

Realização Museu da Pessoa

Transcrito por Camila Inês Schmitt Rossi

R – Eu queria saber seu nome completo, data e local de nascimento.

P1 – Nome completo: Maria Cleude Oliveira Alves. Data de nascimento: 02/12/63. A cidade, né? Esperantinópolis.

R – E quais os nomes dos seus pais?

P1 - Valdivino Cosmo de Oliveira, já é falecido. E a minha mãe Francisca Oliveira da Silva.

R – O que eles faziam?

P1 – O meu pai era lavrador, a minha mãe ajudava ele na lavoura. Depois ele passou ser vaqueiro e ela só dona de casa.

R – Você tem irmãos?

P1 – Tenho. Nós éramos em dez, faleceu dois, ficamos oito, aí esses oito tá todos vivo ainda. Nós éramos cinco mulheres, cinco homens. As cinco mulheres continuam e dois homens faleceram, aí só ficaram três.

R – E como era sua casa de infância? Você se lembra?

P1 – Minha casa de infância? Lembro! Minha casa de infância era uma casa de sapê, de chão batido, é... água de poço, uma infância bem sofrida, assim, nunca passamos necessidades porque meu pai sempre foi um guerreiro, mas a simplicidade era maior que você possa imaginar.

R – Eu quero saber um pouco como era a rotina nessa casa, você acordava, o que você fazia?

P1 – Acordava cedo, muito cedo, minha mãe 5h30 da manhã já tirava todo mundo da rede, não era cama, era rede, e antes de ir pra escola, que a gente entrava sete horas na escola, eu, a minha irmã e o meu irmão, porque eu lembro dos dois, eu sou mais velha, aí tem a minha irmã, o meu irmão, é o terceiro. Aí minha mãe teve uma pausa de sete anos pra poder começar ter filho de novo, então esses dois eu lembro. A nossa rotina era essa: acordava cedo, ajudava ela nas tarefas de casa, ia pra escola, ia andando, não era longe a escola. E as tarefas de casa as mais variadas que você possa imaginar: buscar água no poço para encher...

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