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História
Por: Museu da Pessoa, 14 de abril de 2022

Sou Liberto

Esta história contém:

Sou Liberto

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P/1 – Seu Liberto, primeira pergunta é muito difícil que eu faço sempre que é, qual é o seu nome completo, onde você nasceu e em que ano que foi?

R – Olha eu não me lembro, viu (risos). É Liberto Solano Trindade, eu nasci dia 01/12/1943 no Rio de Janeiro, no bairro da Saúde. Eu não tinha 1 ano de idade e meus pais se mudaram para Caxias e, nesse exato momento, em 1944, Solano Trindade constrói o poema “Tem Gente Com Fome” e. por conta disso. a polícia de Dutra, comandado pelo Filinto Muller, era o comandante da polícia, invadiram minha casa e eu me encontrava doente, meu pai de pijama, minha mãe com uma roupa felizmente comum e como ele diz no seu depoimento feito em 1944 “Eu tinha quatro crianças e tinha quatro penicos”. E ele estava dando remédio pra mim quando a polícia chegou procurando arma e ele não tinha, o que ele possuía era muito mais forte que um material bélico, que é a escrita e ele disse “O que vocês vieram procurar, vocês não me enganam, procurar arma é pretexto pra… vocês não tinham jeito de falar que era por causa do poema”. Depois meu pai foi preso. Eles entraram, chutaram a porta, me jogaram no chão que é uma coisa que eu cobro até hoje da justiça como as demais medidas truculentas que foram feitas, inclusive fazem até hoje, porque a ditadura não acabou, a ditadura começou em 23, ela começa em 23, praticamente, logo após a Semana de Arte Moderna, e aí começa essa medida ditatorial, isso aconteceu com as escolas de samba, isso aconteceu com o candomblé, isso aconteceu com o jongo, isso aconteceu com o caxambu, isso aconteceu com um monte de coisas, então não sou só eu, agora o que a gente questiona é que não são tomadas medidas nenhuma, quando que vai terminar isso, o samba foi discriminado, toda a cultura, principalmente a cultura negra, ela sofreu uma tentativa de serem dizimadas, mas a luta do povo é muito forte e nunca vai acontecer...

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Projeto Cotidianos Invisíveis da Ditadura

Entrevista de Liberto Solano Trindade

Entrevistado por Lucas Torigoe (P/1) e Alisson da Paz (P/2)

São Paulo, 14 de abril de 2022.

Entrevista número COIND_HV009

Transcrita por Monica Alves

Revisada por: Nataniel Torres

P/1 – Seu Liberto, primeira pergunta é muito difícil que eu faço sempre que é, qual é o seu nome completo, onde você nasceu e em que ano que foi?

R – Olha eu não me lembro, viu (risos). É Liberto Solano Trindade, eu nasci dia 01/12/1943 no Rio de Janeiro, no bairro da Saúde. Eu não tinha 1 ano de idade e meus pais se mudaram para Caxias e, nesse exato momento, em 1944, Solano Trindade constrói o poema “Tem Gente Com Fome” e. por conta disso. a polícia de Dutra, comandado pelo Filinto Muller, era o comandante da polícia, invadiram minha casa e eu me encontrava doente, meu pai de pijama, minha mãe com uma roupa felizmente comum e como ele diz no seu depoimento feito em 1944 “Eu tinha quatro crianças e tinha quatro penicos”. E ele estava dando remédio pra mim quando a polícia chegou procurando arma e ele não tinha, o que ele possuía era muito mais forte que um material bélico, que é a escrita e ele disse “O que vocês vieram procurar, vocês não me enganam, procurar arma é pretexto pra… vocês não tinham jeito de falar que era por causa do poema”. Depois meu pai foi preso. Eles entraram, chutaram a porta, me jogaram no chão que é uma coisa que eu cobro até hoje da justiça como as demais medidas truculentas que foram feitas, inclusive fazem até hoje, porque a ditadura não acabou, a ditadura começou em 23, ela começa em 23, praticamente, logo após a Semana de Arte Moderna, e aí começa essa medida ditatorial, isso aconteceu com as escolas de samba, isso aconteceu com o candomblé, isso aconteceu com o jongo, isso aconteceu com o caxambu, isso aconteceu com um monte de coisas, então não sou só eu, agora o que a gente questiona é que não são tomadas...

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