Quem escreveu a primeira dissertação de ensino de História no Brasil? E, quem orientou? Talvez, caros leitores, já saibam quem foi, por outro lado, acredita-se não conhecerem uma faceta cotidiana da professora Selva Guimarães, que é uma referência na História e na Educação, não somente pelo fato que escreveu a primeira dissertação sobre o ensino de História, o que já seria o suficiente, mas sim por sua longa contribuição em formar gerações de professores neste campo.
Ela ao conceder entrevista para o projeto de “Histórias de vida e memórias de pesquisadores do Ensino de História”, narrou que gosta, simplesmente, de ser chamada de professora Selva. Na sua memória cotidiana a professora, além de se identificar como tal, lembrou que seu pai era muito exigente com a escola, falou de seu processo de escolarização, da vida afetiva e estudantil, de suas leituras, da luta pela História e da relação com o “obtuso” Estudos Sociais. Inicialmente, ela relatou sobre o espírito português de sua família, e de como os imigrantes desta não estudaram, eram limitados, pois eram pobres material e culturalmente. E, na sua trajetória profissional, o herdado de sua família era que os filhos se formassem e estudassem. Foi isso que a professora Selva realizou.
Neste recorte narrativo, antes de tornar-se a professor Selva para as diversas pessoas que a conheceram, seus pais exigiam uma rotina de estudos e afazeres domésticos cotidianos. A herança deixada desde o tempo da infância e da adolescência somada às lembranças da casa e das brincadeiras de rua contou com relações entre os entes de uma família extensa, ao conviver com muitos irmãos e os primos, moraram em poucas casas, sendo elas sempre grandes, afinal eram muitos. Marcou sua memória à época da fazenda, com uma casa grande, onde os quartos das meninas só tinham portas de saia para o quarto dos seus pais. Lembrou Selva, afinal era uma forma de proteção para não ter...
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Quem escreveu a primeira dissertação de ensino de História no Brasil? E, quem orientou? Talvez, caros leitores, já saibam quem foi, por outro lado, acredita-se não conhecerem uma faceta cotidiana da professora Selva Guimarães, que é uma referência na História e na Educação, não somente pelo fato que escreveu a primeira dissertação sobre o ensino de História, o que já seria o suficiente, mas sim por sua longa contribuição em formar gerações de professores neste campo.
Ela ao conceder entrevista para o projeto de “Histórias de vida e memórias de pesquisadores do Ensino de História”, narrou que gosta, simplesmente, de ser chamada de professora Selva. Na sua memória cotidiana a professora, além de se identificar como tal, lembrou que seu pai era muito exigente com a escola, falou de seu processo de escolarização, da vida afetiva e estudantil, de suas leituras, da luta pela História e da relação com o “obtuso” Estudos Sociais. Inicialmente, ela relatou sobre o espírito português de sua família, e de como os imigrantes desta não estudaram, eram limitados, pois eram pobres material e culturalmente. E, na sua trajetória profissional, o herdado de sua família era que os filhos se formassem e estudassem. Foi isso que a professora Selva realizou.
Neste recorte narrativo, antes de tornar-se a professor Selva para as diversas pessoas que a conheceram, seus pais exigiam uma rotina de estudos e afazeres domésticos cotidianos. A herança deixada desde o tempo da infância e da adolescência somada às lembranças da casa e das brincadeiras de rua contou com relações entre os entes de uma família extensa, ao conviver com muitos irmãos e os primos, moraram em poucas casas, sendo elas sempre grandes, afinal eram muitos. Marcou sua memória à época da fazenda, com uma casa grande, onde os quartos das meninas só tinham portas de saia para o quarto dos seus pais. Lembrou Selva, afinal era uma forma de proteção para não ter perigo para as meninas em Minas Gerais.
No salto da memória, disse que atualmente, lembrou como seu pai era duro com os filhos, sempre enérgico, e como a herança que deixaria, além do sobrenome paterno, eram os estudos. Todos os filhos tinham os sobrenomes dos pais e não os sobrenomes das mães.
Selva lembra que foi necessário realizar uma migração regional durante seu processo de escolarização. Ela estudou no grupo escolar, onde eram bastante rigorosas e incentivaram o mérito, e bem como foi interna no colégio das Freiras, lugar só de meninas da elite cultural de Minas Gerais. Em Uberlândia, realizou o percurso esperado para época, com 17 anos lecionava para crianças, e ao mesmo tempo, se preparou para a faculdade. Selva lembrou deste prédio com salas de aulas amplas, laboratórios de biologia e de química, na época e atualmente ocupa um quarteirão, contendo o convento, e um anfiteatro enorme. A futura professora Selva sentia-se num mundo muito enorme, num mundo católico, e muito feminino.
Era a década de 1970, no auge da discoteca e das brincadeiras dançantes, com um cinema e clube que dançavam. A sociabilidade da juventude em Uberlândia era dançar e ir ao cinema, segundo as memórias da professora Selva, se tinham os namoros e as paqueras. E, com 20 anos engravidou e se casou. Nasceu sua primeira filha, no primeiro ano de faculdade, e segunda filha no último ano de faculdade. O primeiro casamento durou 20 anos, e o segundo já ultrapassou os 20 anos.
Narrativa da futura professora Selva, que entrou na universidade em 1978 e formou-se em 1985, estudou Estudos Sociais e formou-se em História, ainda lutou pelo retorno da História como licenciatura na universidade, fato que ocorreu em 1988, bem como leu os clássicos da historiografia, como: Marcos Silva, Elza Nadai, Déa Fenelon, Ernesta Zamboni, Mirim Moreira Leite, Norma de Abreu Telles, Raquel Gleizer, Maria Tereza Nidelcoff e Nelma Baldin, entre outros. Foi nesse contexto, que a professora Selva usou materiais e obras bibliográficas advindas do Escritório de Relações Educacionais e do Trabalho (RENOV), sob direção de Maria Nilde Mascellani, educadora paulista que manteve essa empresa privada desde os anos 1970 até a década de 1980.
Professora Selva, no momento da entrevista levanta o livro da RENOV, onde Estudos Sociais era o oposto dos conhecimentos defendidos por políticas públicas advindas da ditadura civil-militar na educação brasileira nos anos de 1970. Estudos Sociais, de que Selva Guimarães se lembrou, foi uma experimentação renovadora da escola nova dos anos de 1950 e 1960, antes do golpe autoritário realizar o esvaziamento dos conteúdos desse saber. Nesse processo intenso e tenso de tornar-se a professora foi que Selva Guimarães, realizou a pesquisa e escreveu a primeira dissertação sobre o ensino de História orientada pelo professor Marcos Silva na USP, quando na época o conheceu durante a seleção da banca de mestrado. Essa é a ponta do iceberg da professora Selva, há muito a ser visto na entrevista, fica o convite.
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