No sonho, eu sabia que estava com covid-19, mas precisava circular pela cidade por algum motivo que não recordo. Era estranho circular e olhar as pessoas e a cidade, que no sonho estavam em total normalidade, sabendo que eu era uma pessoa contaminada que poderia transmitir a outras. Eu usava a máscara e tentava manter distância das pessoas, mas nem sempre conseguia e a máscara caía, ia ficando úmida e eu não achava uma outra para substituir. Tentava comprar outra, mas isso me fazia a ter que me deslocar mais e ter mais contato com as pessoas e me colocava um dilema. O engraçado é que ao mesmo tempo que eu sentia angústia, sentia alívio, algo como ""melhor já pegar essa merda logo e melhor ainda ser assintomática""; era como me ver livre desse fardo da covid-19 de uma maneira individualista.
Que associações você faz entre seu sonho e o momento de pandemia?
Acho que as associações são evidentes, mas destaco essa tensão entre individual x coletivo; não querer pegar x pegar logo isso e se ver livre (o que é um pensamento bem complicado, mas que passa pela cabeça). No concreto, associo a dois episódios recentes. Dois dias antes, após uma reunião horrorosa (online) de trabalho, eu saí para esfriar a cabeça e andar de bicicleta, mas estava tão atordoada pela reunião que esqueci a máscara e só me dei conta na metade do caminho. Senti muita culpa e medo (não só por estar mais vulnerável ao vírus, mas de uma possivel reação das pessoas). O passeio foi bom, mas convivi com essa ambivalência durante a pedalada. A outra coisa foi que vi numa rede social um jornalista dizer fui sorteado, peguei o coronavírus. Ele contava que estava seguindo o isolamento e que não sabia como havia pegado, que estava assintomático e que a família na casa com ele não tinha pegado, então, ele estava precisando se isolar no quarto e esse era o único incoveniente. Acho que ele disse ser sorteado no sentido de que pegou covid-19. Mas eu lendo pensei...
Continuar leitura
No sonho, eu sabia que estava com covid-19, mas precisava circular pela cidade por algum motivo que não recordo. Era estranho circular e olhar as pessoas e a cidade, que no sonho estavam em total normalidade, sabendo que eu era uma pessoa contaminada que poderia transmitir a outras. Eu usava a máscara e tentava manter distância das pessoas, mas nem sempre conseguia e a máscara caía, ia ficando úmida e eu não achava uma outra para substituir. Tentava comprar outra, mas isso me fazia a ter que me deslocar mais e ter mais contato com as pessoas e me colocava um dilema. O engraçado é que ao mesmo tempo que eu sentia angústia, sentia alívio, algo como ""melhor já pegar essa merda logo e melhor ainda ser assintomática""; era como me ver livre desse fardo da covid-19 de uma maneira individualista.
Que associações você faz entre seu sonho e o momento de pandemia?
Acho que as associações são evidentes, mas destaco essa tensão entre individual x coletivo; não querer pegar x pegar logo isso e se ver livre (o que é um pensamento bem complicado, mas que passa pela cabeça). No concreto, associo a dois episódios recentes. Dois dias antes, após uma reunião horrorosa (online) de trabalho, eu saí para esfriar a cabeça e andar de bicicleta, mas estava tão atordoada pela reunião que esqueci a máscara e só me dei conta na metade do caminho. Senti muita culpa e medo (não só por estar mais vulnerável ao vírus, mas de uma possivel reação das pessoas). O passeio foi bom, mas convivi com essa ambivalência durante a pedalada. A outra coisa foi que vi numa rede social um jornalista dizer fui sorteado, peguei o coronavírus. Ele contava que estava seguindo o isolamento e que não sabia como havia pegado, que estava assintomático e que a família na casa com ele não tinha pegado, então, ele estava precisando se isolar no quarto e esse era o único incoveniente. Acho que ele disse ser sorteado no sentido de que pegou covid-19. Mas eu lendo pensei que ser sorteado (e ser sorteado é algo em geral positivo, não? traz a ideia de prêmio) era ser assintomático. Acho que pegar covid-19 e não ter sintoma algum é, paradoxalmente, um prêmio. A que ponto chegamos, não?
Recolher
