O termo \"Síndrome do Soluço\" é uma metáfora que uso para descrever o processo de despertar pessoal e o meu autoconhecimento desencadeado por eventos inesperados e até chocantes que já vivi.
Esse termo se refere a momentos na vida em que somos surpreendidos por algo tão inesperado quanto um soluço. Esses momentos nos pegam desprevenidos e, muitas vezes, nos tiram de uma certa estagnação. Assim como um soluço pode nos fazer parar por um momento e prestar atenção ao nosso estado de presença, esses \"soluços\" da vida nos forçam a uma pausa urgente, obrigando-nos a refletir e buscar uma compreensão mais profunda de nós mesmos, das nossas prioridades e do mundo ao nosso redor. Às vezes, é necessário um \"susto\" para acelerar nosso processo de percepção e autodescoberta. Assim, as vezes o soluço passa.
Recentemente, me deparei com a lembrança de um post feito no início de 2011, onde eu compartilhava um trecho da música \"Maria, Maria\" de Milton Nascimento: “É preciso ter sonho sempre / Quem traz na pele essa marca / Possui a estranha mania de ter fé na vida.”
Na época, eu falava sobre minha mãe e o processo de cirurgias que ela enfrentava. A forma como ela acreditava na vida era surpreendente. Talvez \"essa marca\" que ela trazia não se referisse às cicatrizes em seu corpo, mas sim em sua alma.
Embora eu tenha aprendido muito com ela sobre o bem viver, hoje quero compartilhar o que aprendi através dela e de tantas outras mulheres ao longo destes meus quase 37 anos.
Agora em 2024, fará dois anos desde que passei por um dos maiores sustos da minha vida. E, graças ao que chamo de Síndrome do Soluço, vivi e acolhi como nunca meu processo de despertar. Foi em agosto de 2022, durante um check-up pós pandemia, que descobri a alta possibilidade de um câncer de mama. Um termo chamado BI-RADS 4 me assustou mais do que o nódulo palpável que atravessava minhas células naquele momento.
Na vida, estamos frequentemente...
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O termo \"Síndrome do Soluço\" é uma metáfora que uso para descrever o processo de despertar pessoal e o meu autoconhecimento desencadeado por eventos inesperados e até chocantes que já vivi.
Esse termo se refere a momentos na vida em que somos surpreendidos por algo tão inesperado quanto um soluço. Esses momentos nos pegam desprevenidos e, muitas vezes, nos tiram de uma certa estagnação. Assim como um soluço pode nos fazer parar por um momento e prestar atenção ao nosso estado de presença, esses \"soluços\" da vida nos forçam a uma pausa urgente, obrigando-nos a refletir e buscar uma compreensão mais profunda de nós mesmos, das nossas prioridades e do mundo ao nosso redor. Às vezes, é necessário um \"susto\" para acelerar nosso processo de percepção e autodescoberta. Assim, as vezes o soluço passa.
Recentemente, me deparei com a lembrança de um post feito no início de 2011, onde eu compartilhava um trecho da música \"Maria, Maria\" de Milton Nascimento: “É preciso ter sonho sempre / Quem traz na pele essa marca / Possui a estranha mania de ter fé na vida.”
Na época, eu falava sobre minha mãe e o processo de cirurgias que ela enfrentava. A forma como ela acreditava na vida era surpreendente. Talvez \"essa marca\" que ela trazia não se referisse às cicatrizes em seu corpo, mas sim em sua alma.
Embora eu tenha aprendido muito com ela sobre o bem viver, hoje quero compartilhar o que aprendi através dela e de tantas outras mulheres ao longo destes meus quase 37 anos.
Agora em 2024, fará dois anos desde que passei por um dos maiores sustos da minha vida. E, graças ao que chamo de Síndrome do Soluço, vivi e acolhi como nunca meu processo de despertar. Foi em agosto de 2022, durante um check-up pós pandemia, que descobri a alta possibilidade de um câncer de mama. Um termo chamado BI-RADS 4 me assustou mais do que o nódulo palpável que atravessava minhas células naquele momento.
Na vida, estamos frequentemente presos a uma rotina, ficamos confortáveis no desconforto inconsciente do cotidiano, apenas existindo em nossa bolha de previsibilidade. Eu estava assim, tentando sobreviver ao desgaste emocional e psicológico que o período pandêmico trouxe. Havia tantos atravessamentos; algumas decepções potencializaram os medos e alguns infortúnios de uma jornada que eu não vivenciava há muitos anos, me perturbaram muito.
Lembro de juntar os últimos cacos de força que tinha para ter essa tal fé na vida, mesmo cheia de aflições.
Seguindo os protocolos médicos, fui cheia de gana para a biopsia. Eu vivia exatamente esta estrofe: “Mas é preciso ter manha, é preciso ter graça, é preciso ter sonho sempre”. Estava lá eu, cheia de sonhos para realizar, mesmo com a médica me preparando para um possível diagnóstico difícil.
Misturando dor e alegria, fiquei firme na espera do resultado, que finalmente foi benigno!
Foi nesse momento que mais um Despertar Inesperado aconteceu.
Eu estava tão estagnada na rotina de maternidade, casamento e família que simplesmente não vivia, apenas aguentava, como diz a música. No entanto, naquele momento após o resultado, senti a necessidade de olhar para o meu verdadeiro crescimento. Percebi que raramente acontece a \"expansão da consciência\" em um ambiente de estagnação. Eu queria viver, viver o inesperado, aproveitar a vida de forma surpreendente.
Todos nós precisamos de um \"soluço\" seguido de um susto — uma ruptura abrupta e inesperada — para nos sacudir e despertar para novas possibilidades. Olhar ao redor e ver a vida acontecer, adentrando verdadeiramente na existência do ser.
Esses soluços podem vir de várias formas: uma necessária mudança de carreira, uma perda, um divórcio, um novo desafio pessoal ou até mesmo uma conversa reveladora com alguém do nosso círculo. Tudo isso podem ser eventos estimulantes que podem nos fazer questionar todas as nossas crenças, reavaliar as nossas prioridades e explorar novas direções em busca da nossa individualidade.
Assim como um soluço pode ser irritante, esses momentos de \"despertar\" podem ser desconfortáveis. E são. Chegam a ser mais que irritantes, são cansativos! Eles nos confrontam com nossas limitações e vulnerabilidades. Contudo, é nesse desconforto que reside a oportunidade de crescimento. É quando estamos fora de equilíbrio que somos forçados a buscar um novo ponto de apoio, a descobrir forças que talvez nem sabíamos que possuíamos e, principalmente, a crescer de maneiras que nunca imaginamos.
A \"Síndrome do Soluço\" pode nos lembrar que o crescimento pessoal muitas vezes exige que sejamos sacudidos para fora da nossa complacência. Esses \"soluços\" nos oferecem uma chance de nos reconectar com nossos verdadeiros desejos e propósitos. Eles nos lembram que a vida é cheia de surpresas e que, nem sempre, elas serão boas. Mas, mesmo nas situações mais difíceis, há uma oportunidade de renascimento e renovação.
Hoje, tenho a cicatriz de um nódulo que já não divide mais espaço com as células que nutriram meus filhos. Olho para essa marca e ela representa perfeitamente o trecho da música que diz: “Quem traz na pele essa marca possui a estranha mania de ter fé na vida…” Porque é isso que me sobrou! A marca de um grande susto. A marca que me lembrou que vale a pena viver apesar de todos os períodos de crise.
A Síndrome do Soluço é uma metáfora minha sobre acordar para o estado de confiança profunda no meu processo de autodescoberta. É um lembrete de que, às vezes, precisamos de um susto para despertar para uma vida mais consciente e significativa. Esses momentos, que por vezes se faz desconfortáveis, nos oferecem a chance de crescer e evoluir com a intenção de sermos uma versão melhor de nós mesmos, para nós (primeiramente) e para os nossos. Portanto, espero que da próxima vez que a vida te surpreender com um “soluço”, acolha-o. Esse susto pode ser o início de uma nova e emocionante jornada.
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