IDENTIFICAÇÃO
Eu me chamo Roberto Leone Caielli, nasci em São Paulo, 19 de abril de 1936.
INGRESSO NA PETROBRAS
Meu ingresso na Petrobras foi através da Recap, da Refinaria União, que era uma refinaria particular. Houve uma greve na Refinaria União e como resultado dessa greve foram trocados 51 elementos para que as reivindicações fossem atendidas e fossem demitidos da Refinaria União – Repusa (Refinaria e Exploração de Petróleo União S. A.), na época. Eu fiz parte desses 51 elementos, mas fomos admitidos na Petrobras. Esses 51 elementos foram espalhados pelas várias unidades da Petrobras, como: RPBC, escritório de São Paulo, terminal, a refinaria da Bahia, Rlam; acho que, mais ou menos em síntese, é isso, esses 51 elementos foram espalhados. Nós entramos na Petrobras em 64, eu fui para o Rio de Janeiro, eu e mais uns dez elementos, mais ou menos, fiquei na fábrica de borracha sintética, Fabor na época, hoje Petroflex, alguns foram para a Reduc (Refinaria Duque de Caxias) e foi assim que eu entrei na Petrobras.
TRAJETÓRIA PROFISSIONAL
Houve o Golpe Militar. Um tempo depois, mais ou menos no meio do ano, em 64, já após o Golpe, nós fomos demitidos da Petrobras, os 51 que tinham entrado e mais muitos elementos funcionários antigos da Petrobras, daí essa turma dos anistiados que existem hoje. A alegação para a demissão na época era política. Por causa do Sindicato, então, quando saí, ficamos desde 64 até 85 fora da Petrobras. Trabalhei em diversos locais, já era formado. Retornamos em 85 para a Petrobras, fomos readmitidos quando houve a primeira parte da anistia. Então nós retornamos ao trabalho e às nossas unidades de origem. A minha unidade de origem era a Recap, que era a refinaria União. Daí até 90, quando a gente se aposentou definitivamente. E já tinham começado aqueles incentivos à aposentadoria, curso de aposentadoria. Até então trabalhei na Recap, no Seprog (Setor de Programação de Manutenção) e na...
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IDENTIFICAÇÃO
Eu me chamo Roberto Leone Caielli, nasci em São Paulo, 19 de abril de 1936.
INGRESSO NA PETROBRAS
Meu ingresso na Petrobras foi através da Recap, da Refinaria União, que era uma refinaria particular. Houve uma greve na Refinaria União e como resultado dessa greve foram trocados 51 elementos para que as reivindicações fossem atendidas e fossem demitidos da Refinaria União – Repusa (Refinaria e Exploração de Petróleo União S. A.), na época. Eu fiz parte desses 51 elementos, mas fomos admitidos na Petrobras. Esses 51 elementos foram espalhados pelas várias unidades da Petrobras, como: RPBC, escritório de São Paulo, terminal, a refinaria da Bahia, Rlam; acho que, mais ou menos em síntese, é isso, esses 51 elementos foram espalhados. Nós entramos na Petrobras em 64, eu fui para o Rio de Janeiro, eu e mais uns dez elementos, mais ou menos, fiquei na fábrica de borracha sintética, Fabor na época, hoje Petroflex, alguns foram para a Reduc (Refinaria Duque de Caxias) e foi assim que eu entrei na Petrobras.
TRAJETÓRIA PROFISSIONAL
Houve o Golpe Militar. Um tempo depois, mais ou menos no meio do ano, em 64, já após o Golpe, nós fomos demitidos da Petrobras, os 51 que tinham entrado e mais muitos elementos funcionários antigos da Petrobras, daí essa turma dos anistiados que existem hoje. A alegação para a demissão na época era política. Por causa do Sindicato, então, quando saí, ficamos desde 64 até 85 fora da Petrobras. Trabalhei em diversos locais, já era formado. Retornamos em 85 para a Petrobras, fomos readmitidos quando houve a primeira parte da anistia. Então nós retornamos ao trabalho e às nossas unidades de origem. A minha unidade de origem era a Recap, que era a refinaria União. Daí até 90, quando a gente se aposentou definitivamente. E já tinham começado aqueles incentivos à aposentadoria, curso de aposentadoria. Até então trabalhei na Recap, no Seprog (Setor de Programação de Manutenção) e na Diman (Divisão de Manutenção), aqui na Recap, em Capuava.
HISTÓRIAS / CAUSOS / LEMBRANÇAS
Tenho alguns episódios marcantes. A gente dependia do Sindicato dos Químicos, em Santo André. O primeiro episódio, que foi a origem de tudo isso, foi quando a refinaria União, quando particular, forçou os funcionários para que entrassem em um sindicato que pudesse ser mais manobrado pelo patrão. Fundaram, como era lei na época, uma associação e nos forçaram para que entrássemos nessa associação. E como conseqüência aconteceu tudo isso: eles forçaram para que a gente entrasse e depois nos mandaram embora. Foi uma situação muito triste. Um momento muito desagradável disso tudo foi o fato de demitir, não foi o mais importante para mim, o pior de tudo foi que eles cercearam toda a nossa possibilidade profissional. Então, a pessoa que tinha sido demitida da Refinaria não conseguia emprego em empresa grande, porque eles saíam não só através de imprensa, mas quando tinham que dar informação à empresa, por exemplo, a que a gente estava se candidatando, davam má informação. Então cercearam a nossa carreira, quer dizer, hoje, quando tem alguém que tenha alguma coisa a dizer sobre os anistiados, essa para mim é uma parte que toca muito e que muitos que são contra a gente deviam ver isso. Porque não foi o fato só da gente ter saído, ter sido demitido e tudo mais, mas sim a nossa carreira foi cerceada, foi bloqueada. Eu, um profissional, quando percebi, quando tive certeza, porque muita gente falava que isso acontecia, eu não acreditava, quando eu tive certeza eu tive que procurar outros meios de trabalhar, porque a gente tinha que trabalhar, né? Então, fui trabalhar em firma de consultoria.
A minha época de Petrobras, aqueles seis meses, mais ou menos, de quando a gente saiu da União e foi para a Petrobras, foi uma época da minha vida das mais gloriosas. Porque eu me encontrei. Além disso, eu tive certeza de que se estava defendendo alguma coisa como eu estava defendendo a Petrobras, eu estava defendendo com todas as honras e glórias. Eu senti, trabalhando lá, eu disse: “Pôxa, era isso mesmo que eu queria.” Porque na União o que a gente defendia, por exemplo, quando a gente pediu a encampação era justamente o desenvolvimento, o progresso. A União não podia desenvolver. Ela produzia, vamos dizer, 20 mil barris diários e ela não podia desenvolver, então a gente pensava: “Nós vamos ficar marcando passo aqui a vida inteira.” Então, para o bem não só da Refinaria, mas para o bem do País, ela tinha que se desenvolver e era esse ponto que para mim foi muito importante.
O meu retorno para a Petrobras foi traumático. Porque nós encontramos alguns elementos que tinham sido contra a nossa greve; isto é, que furaram a greve. No retorno, nós os encontramos trabalhando na Recap, já como Petrobras. E foi difícil, não vou dizer que foi fácil e eu sou muito para frente, eu não sou de ficar me remoendo. Então, para muita gente era um trauma: “Pôxa, trabalhar no Rio, mas eu sou de São Paulo.” Para mim, não. E além de tudo ter encontrado um ambiente na Petrobras bom como nós encontramos, um ambiente fantástico não só profissionalmente e de desenvolvimento, a mentalidade que era aquilo que eu esperava da Petrobras. Então, estava tudo bem, o resto a gente dava um outro jeito.
Na época do Golpe tiveram histórias não muito engraçadas. A gente saiu da unidade, as tropas realmente estavam na rua, a gente via carro de combate, essa coisa toda que foi difícil. Foi marcante. Mas nada que não se supere, né?
PROJETO MEMÓRIA PETROBRAS
Gostei. Como isso já é um chavão velho, você já deve ter ouvido isso não sei quantas vezes: o Brasil é um país sem memória. Quantas vezes você deve ter ouvido aqui, fora daqui? Acho muito bom, porque realmente não tem ou não tinha memória e agora nós vamos ter. Eu acho uma iniciativa louvável, muito interessante, por isso é que eu me dispus a vir com muito prazer e muita satisfação.
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