IDENTIFICAÇÃO Meu nome completo é Ricardo Frosini de Barros Ferraz. Eu nasci em dois de abril de 1977, em Piracicaba, São Paulo. FAMÍLIA Meu pai se chama Epaminondas de Barros Ferraz e minha mãe Yara Frosini de Barros Ferraz. Meu pai é professor universitário, cientista, engenheiro, fez várias coisas na vida. Minha mãe é dona de casa. [Meu pai leciona] em Piracicaba, na Esalq [Escola Superior de Agricultura "Luiz de Queiroz"]. Ele faz parte da USP [Universidade de São Paulo]. Fundou um centro de energia nuclear direcionado à agricultura. Hoje, está aposentado, mas continua trabalhando. Não dá mais aula, mas faz suas pesquisas. Meus avós se chamam Luís e Maria. Estes [pela parte] da minha mãe. Não me lembro dos meus avós [por parte de] pai. Eu não os conheci. Conheci só a Maria, com quem convivi muito pouco, pois ela morreu quando eu tinha 9 anos. A origem da maior parte da família de minha mãe é italiana. Eu tenho dupla cidadania. A família do meu pai é portuguesa e espanhola. Meus pais se conheceram em São Paulo. Meu pai dava aula na USP de São Paulo. Eles se conheceram através de uma amiga. Casaram-se e meu pai a levou pra Piracicaba. Quando se vive em São Paulo é difícil ir pra uma cidadezinha. Piracicaba era bem pequena. Minha mãe estranhou um pouco. Eu tenho dois irmãos e uma irmã. Eu sou o mais novo. O meu irmão é o mais velho. Logo depois vem minha irmã. Depois vem outro irmão e, por último, eu. O mais velho se chama Fernando. Depois vem Eliane e Silvio. Estão todos em Piracicaba: o pessoal gosta de ficar unido. Eu fiquei em Piracicaba até os meus 17 anos. INFÂNCIA Minha casa era bem agitada. Com esse monte de irmãos, tinha sempre muitos amigos entrando e saindo. Tinham aniversários. Foi muito agitado. Nós brincávamos na rua. Piracicaba era aquele tipo de cidade que se pode brincar na rua. Jogar bola, esconde-esconde, tudo isso eu fiz. Eu me lembro que, certa vez, minha mãe disse que...
Continuar leituraIDENTIFICAÇÃO Meu nome completo é Ricardo Frosini de Barros Ferraz. Eu nasci em dois de abril de 1977, em Piracicaba, São Paulo. FAMÍLIA Meu pai se chama Epaminondas de Barros Ferraz e minha mãe Yara Frosini de Barros Ferraz. Meu pai é professor universitário, cientista, engenheiro, fez várias coisas na vida. Minha mãe é dona de casa. [Meu pai leciona] em Piracicaba, na Esalq [Escola Superior de Agricultura "Luiz de Queiroz"]. Ele faz parte da USP [Universidade de São Paulo]. Fundou um centro de energia nuclear direcionado à agricultura. Hoje, está aposentado, mas continua trabalhando. Não dá mais aula, mas faz suas pesquisas. Meus avós se chamam Luís e Maria. Estes [pela parte] da minha mãe. Não me lembro dos meus avós [por parte de] pai. Eu não os conheci. Conheci só a Maria, com quem convivi muito pouco, pois ela morreu quando eu tinha 9 anos. A origem da maior parte da família de minha mãe é italiana. Eu tenho dupla cidadania. A família do meu pai é portuguesa e espanhola. Meus pais se conheceram em São Paulo. Meu pai dava aula na USP de São Paulo. Eles se conheceram através de uma amiga. Casaram-se e meu pai a levou pra Piracicaba. Quando se vive em São Paulo é difícil ir pra uma cidadezinha. Piracicaba era bem pequena. Minha mãe estranhou um pouco. Eu tenho dois irmãos e uma irmã. Eu sou o mais novo. O meu irmão é o mais velho. Logo depois vem minha irmã. Depois vem outro irmão e, por último, eu. O mais velho se chama Fernando. Depois vem Eliane e Silvio. Estão todos em Piracicaba: o pessoal gosta de ficar unido. Eu fiquei em Piracicaba até os meus 17 anos. INFÂNCIA Minha casa era bem agitada. Com esse monte de irmãos, tinha sempre muitos amigos entrando e saindo. Tinham aniversários. Foi muito agitado. Nós brincávamos na rua. Piracicaba era aquele tipo de cidade que se pode brincar na rua. Jogar bola, esconde-esconde, tudo isso eu fiz. Eu me lembro que, certa vez, minha mãe disse que pagaria um dinheiro para o meu irmão, caso ele brincasse comigo. Isso para o Silvio, o mais perto de mim. Eu me lembro disso, nunca me esqueci. Nessa ocasião, eu deveria ser muito novo, com cerca 10 anos. Ele já estava na adolescência, não queria saber de criança. Eu gostava de brincar de polícia e ladrão. Bem perto de onde morávamos, tinha uma chácara bem grande, onde a gente brincava. Eu gostava bastante. Brincávamos com jogos de tabuleiro, como Banco Imobiliário e Jogo da Vida. Eu inventava alguns jogos, desenhava, fazia as peças, os componentes, criava as regras e chamava a turma pra jogar. Tinha jogos de estratégia, como War. Eu inventei um xadrez, com um tabuleiro diferente e peças que faziam movimentos diferentes. Eu guardei isso; até hoje eu tenho os tabuleiros. Eu comprava cartolina e fazia. Quando eu nasci, a gente morava numa casa bem grande, com três ou quatro cômodos. Depois, a gente mudou para uma casa um pouco menor. Isso porque ao lado de nossa casa tinha um chamado Lar dos Velhinhos, uma casa de repouso pra idosos. O meu pai tinha que trabalhar muito, não conseguia dormir, ficou irritado e vendeu a casa. A gente ficava pensando: “Os velhinhos não dormem”. Coitados Eles alugavam o salão pra ter renda para o lar. A gente tentou de tudo pra parar aquela barulheira, mas não conseguiu. Aí a gente mudou. Piracicaba era uma cidade bem tranqüila. Isso até hoje, embora tenha crescido muito; toda vez que eu vou lá, percebo que cresceu. Andávamos sempre a pé ou de bicicleta. Tinha aquela cultura de clube, onde toda a vizinhança é de amigos. Todo mundo se conhecia. Era bem gostoso. FORMAÇÃO ESCOLAR Eu fiz o maternal numa pré-escola. Fiz o primeiro e segundo ano em uma escola pública. Depois, eu fui para o Colégio Dom Bosco, onde eu fiz o ginásio. O colegial eu fiz no CLQ; hoje em dia ele é da rede Objetivo; um colégio forte na preparação para o vestibular. Alguns professores me marcaram. Tinha o professor de matemática Marracini, o professor de biologia Teles, o professor de química que se chamava Juan, um ambientalista que nos levou pra fazer várias atividades ambientais. ESCOLHA DA PROFISSÃO Minha mãe sempre teve o desejo que eu fosse médico, queria ter um médico na família. Mas sempre fiquei muito à vontade quanto a isso. Cheguei a começar uma faculdade mais no ramo da família, que era engenharia, mas não gostei e parei. Fiquei livre pra decidir qualquer outra coisa. Meus dois irmãos são engenheiros: um civil e um florestal. Minha irmã é advogada. Com 17 anos eu terminei o colegial e fui fazer essa faculdade, na Universidade Federal de São Carlos. Eu não gostei e voltei pra Piracicaba. Fiz um pouco de cursinho, passei em Administração e fui fazer na USP de Ribeirão Preto. Antes, eu tinha começado Engenharia de Materiais, que é bem interessante. Eu deveria ter feito engenharia de materiais e, depois, pós-graduação em Administração. No ginásio eu já lia os livros de ciência do colegial. JUVENTUDE [Sair de casa aos 17 anos] não foi muito difícil. Enfrentei muitas dificuldades, mas foi gostoso. Tinha o pessoal. Era tudo novo. Não tive muito problema com isso. Fui morar numa república, com cerca sete amigos: só rapazes. Mas minha vida de república foi mesmo na outra faculdade, em Ribeirão. Passei por várias repúblicas. Quando mudávamos de casa, mudavam-se também as pessoas. Chegou a ter uma casa com sete homens e sete mulheres; uma casa de madeira; foi um pouco complicado, mas a turma ficou lá por menos de um ano, apenas alguns meses. Era muita festa, com muita gente. Desde o começo a gente fez festas: de início, fazíamos na república e, depois, passamos a fazer em outros lugares. Alugávamos [salões de] festa, fazíamos shows e, assim, mantínhamos a república e nos divertíamos um pouquinho. Nossos amigos eram mesmo da faculdade; gente da administração, da economia e da contabilidade: os cursos da FEA, Faculdade de Economia e Administração, do campus de Ribeirão. É uma senhora faculdade; inclusive, quando eu estava lá, ela tirou notas no provão melhores do que a USP de São Paulo. Às vezes, a gente estava dormindo e, por volta das quatro horas da manhã, começava a chegar gente. Quando acabava tudo na cidade, o pessoal ia para a nossa república, a república Aurora. Então, a gente sempre estava com gente lá. Tem uma história do Pingüim, dizem que tem uma tubulação que vem direto da fábrica [da Antártica] e serve diretamente no Pinguim. Todo mundo acreditava nisso, mas não é verdade. Eu acreditei por um bom tempo. Mas é um chope maravilhoso; era o melhor. Com o tempo, o chope foi piorando um pouquinho, mas era muito gostoso. Hoje em dia, não sei como está, faz tempo que eu não vou lá. O verdadeiro Pinguim era a nossa república. O pessoal ia pra lá. UNIVERSIDADE Como estudo eu sinto que poderia ter aproveitado mais a faculdade. Os professores eram muito bons. No dia a dia da faculdade, às vezes, a gente não aproveita. Hoje, em várias questões de trabalho, eu falo: “Se eu tivesse visto isso com aquele professor”. Eu tinha um consultor na minha frente, pra me tirar qualquer dúvida, e, agora, a gente tem que se virar. Eu me formei em 2002. Durante a faculdade, eu trabalhei numa empresa de comunicação que fazia eventos para outras empresas. Eu trabalhava na área de pesquisa de mercado. Trabalhei também nas festas que a [nossa república] organizava. Virou um esquema profissional: a gente contratava as bandas, eu cuidava de toda a parte financeira e de marketing. Era bastante trabalho. Ribeirão é um pólo para a região. A gente fazia alguns eventos e eu fazia a parte de pesquisa. JUVENTUDE / EUROPA Depois, eu tranquei a faculdade e fui morar na Inglaterra. Isso foi em 2001. Eu tava no terceiro ou quarto ano da faculdade. Fiquei fora do país de 2001 a 2002. Eu queria conhecer culturas diferentes. Anteriormente, eu tinha passado cerca dois meses em viagens por vários países. Fiquei um dia em Londres, quando falei: “Nossa é aqui que eu quero morar, tem gente de tudo quanto é canto do mundo, essa mistura cultural” Decidi isso em 1999. Planejei e fui em 2001. Peguei e fui. Cheguei à Inglaterra e fui procurar um lugar pra morar. Para começar, eu fui fazer um curso de inglês, porque eu não tinha cidadania [européia]. Eu era brasileiro, então precisava ter um método para entrar na Inglaterra. Esse método foi o estudo. Eu também queria aprimorar o inglês. Comecei a fazer inglês e, depois de quatro meses, comecei a trabalhar. Trabalhei em vários lugares. Foi uma escala progressiva; comecei do pior trabalho até chegar a um trabalho bom. Meu primeiro trabalho foi lavar pratos; eu fiquei só um dia, porque, depois de lavar pratos, o chefe me deu uma dura e me fez lavar paredes. Eu falei: “Nunca mais eu volto aqui.” Trabalhei um pouquinho como garçom e, logo depois, comecei a trabalhar em clubes de futebol, primeiro no Tottenham e depois no Chelsea. Aí foi bem interessante. No Tottenham, eu servia cerveja na geral. Só podia beber no intervalo. Tinha uma grade onde ficávamos. Então, estava tudo calmo e, de repente, vinha um monte de gente querendo cerveja. A gente tinha que pegar a garrafa de vidro e despejar num copo. E todo mundo quase matando a gente, porque queria cerveja e era um sufoco. Mas foi bem divertido. Com essa experiência, eu fui para o Chelsea. Foi uma progressão. Fui trabalhar na área VIP, com presidentes de grandes empresas. Minha primeira função foi tirar as coisas da mesa; depois, eu comecei a pegar os pedidos no bar e levar; depois, comecei a anotar os pedidos. Isso tudo subindo de função. Com o tempo, eu me tornei chefe do Buffet; eu ficava perto do Buffet falando: “Nós temos purê de batata”, “Nós temos isso”, “Nós temos aquilo”. Fui convidado pra ser assistente do gerente, quando tive que voltar [para o Brasil]. Tive que voltar por causa da faculdade, porque vencia a matrícula. Eu trabalhei também em outros lugares. Trabalhei em hotel. Normalmente, eu morava eram casas; dividia com outras pessoas, cada um no seu quarto. Todo mundo ganha mais ou menos bem. Mas as pessoas geralmente guardam. Eu gastava, aproveitava a cidade ou ia viajar. A Inglaterra eu não conheci muito, porque eu aproveitei pra ir a outros países. Conheci um pouco. O mapa da Inglaterra é como uma bota: eu fui até a curvinha. Eu gostava muito de viajar. Fui pra Índia, fui pra Sana, que é o Iêmen do Sul. Fui pra vários países da Europa. Nesses lugares fui só viajando. TRAJETÓRIA PROFISSIONAL / TERAPIA HOLÍSTICA Voltei pra Piracicaba e conclui a faculdade. Comecei a trabalhar na área de marketing. Fiz a estruturação de uma empresa, também na área de marketing e comunicação; uma empresa de geoprocessamento, de tecnologia de recursos naturais. Comecei a estudar outras coisas e fui para outro caminho, completamente diferente: a terapia holística. Eu conheci isso na Inglaterra e gostei muito. Participei de alguns eventos. Comecei a querer investigar: “Quem somos nós aqui nesse mundo?”, “O que a gente faz aqui?”, “Como funcionam essas relações?”. Comecei a querer entender, comecei a buscar a teosofia e várias linhas. Eu já tinha ido pra Índia, tinha conhecido o hinduísmo, tinha passado por várias regiões e sempre gostei disso. Comecei a querer entender mais. É uma loucura querer entender isso. Quando se pensa saber mais, descobre-se não saber nada. Volta-se a estudar de novo. Novamente se pensa saber muito, mas, logo depois, descobre-se não saber nada. É um ciclo. Eu comecei a estudar, comecei a fazer curso. Eu falei: “Tenho que praticar isso”. Comecei a praticar com amigos, até que surgiu a oportunidade de montar um espaço em Piracicaba, para fazer atendimentos. Eu comecei a fazer. Fiquei nessa por dois anos. Eu estava muito bem. Para minha família foi um pouco estranho. Minha mãe dizia: “Você tem que fazer alguma coisa de administração.” Tanto é que eu prestei o concurso da Petrobras por causa dela. Fui acompanhar o meu irmão, mas eu não queria. Eu já tinha trabalhado com administração e pensava: “Estou gostando dessa área, está me fazendo bem. Vou trabalhar com isso.” Planejava isso um pouco antes de entrar na Petrobras. Pensava em direcionar a terapia holística para as empresas. Estava combinando com uma psicóloga de São Paulo de montar uma consultoria. Na semana em que eu estava fechando com ela, chegou o telegrama da Petrobras. Eu prestei o concurso até antes de começar com a terapia holística, em 2004. INGRESSO NA PETROBRAS Soube do concurso da Petrobras pelo meu irmão, o Silvio. Eu morava em São Paulo, porque fazia alguns cursos. Ele veio com a desculpa: “Olha, eu vou prestar o concurso da Petrobras, mas eu não sei aonde é. Você me leva? Você aproveita e faz junto.” Não sei se foi a minha mãe que o incentivou a fazer isso. Eu sei que lhe falei: “Tá bom. Você me inscreve, eu vou.” Fomos fazer a prova juntos e os dois passaram. Mas ele não veio, porque queria carreira acadêmica. Ele conseguiu dar aula na USP. Eu falei: “Eu vou. Se não der certo eu paro e volto a fazer o que fazia”. Isso foi em 2004, quando eu prestei [concurso]. Quando fui chamado, eu nem me lembrava mais. Estava em outra área [que também era aceita pela minha família], porque eu também os tratava com a terapia holística; eles viam que funcionava e falavam: “Isso daí tem futuro.” Naquela época eu estava em São Paulo e voltava a Piracicaba em alguns finais de semana. Eu dava alguns cursos. Também fazia um curso que direcionava a terapia holística para empresas. Eu conversava com essa psicóloga, em São Paulo, para montarmos uma consultoria. Na semana em que íamos fechar [o negócio], decidíamos os mecanismos que utilizaríamos, chegou o telegrama [da Petrobras], em Piracicaba. Meu pai me falou: “Venha pra cá, porque chegou um negócio que eu não sei o que é.” Ele não quis me dizer por telefone. Cheguei lá e o telegrama da Petrobras estava pendurado no meu quarto. Ele ficou super contente. Tinha um prazo para eu me apresentar. Tive que correr atrás de alguns documentos. Eu falei: “Não vou.” Minha família insistiu muito: “Vai, se você não gostar e não quiser, você volta. Depois de um ou dois meses, continua fazendo o que fazia.” Eu falei: “Faz todo sentido. De repente eu posso aplicar essa nova área na empresa. Vamos tentar. Estou querendo fazer isso em empresa mesmo.” Então, eu vim. Eu me apresentei em São Paulo, na Paulista. Tinha uma turma. Alguns não entraram porque estavam sem a documentação. Alguns ficaram pra trás. Mas boa parte entrou. Ficamos de nos apresentar no Rio de Janeiro. Tivemos algumas semanas de orientação. Na primeira semana, a gente assinou o contrato. E fomos fazer o curso. CURSO DE FORMAÇÃO O curso era na Universidade Petrobras, porém, como não tinha sala suficiente para a nossa turma, fomos pra Bahia. Eu não conhecia Salvador. Ficamos em Salvador e fomos para um hotel, por cinco ou seis meses. Nossa turma era grande, cerca de 40 pessoas, todos administradores. O curso não foi puxado. Tinha aula todos os dias. Eu estava meio cansado de assistir aula; em minha vida eu tinha assistido a muitas aulas. Mas não era difícil. Tinha que estudar e fazer os trabalhos. Nada mais. Tinha [que tirar uma nota mínima], mas as vagas não foram [distribuídas] por colocação. Na última semana, apresentaram as vagas disponíveis e cada um tinha que selecionar a sua primeira, segunda e terceira opções. A gente pegou a turma e tentou negociar: “Que vaga você quer?” Eu queria voltar pra São Paulo e tinha uma moça que tinha acabado de se casar e estava grávida. Eu e mais três de São Paulo combinamos de deixar essa vaga pra ela. Ninguém colocou essa opção. Fizemos esses arranjos. Um ou dois não conseguiram, tiveram que disputar, porque queriam mesmo. Eu vi uma vaga na área de ambiência de recursos humanos. Eu falei: “É aqui que eu vou aplicar”. Por todo esse período eu parei com tudo de terapia holística: foi uma mudança radical, eu parei e não voltei até hoje. Na Petrobras, eu vi que não está ainda no ponto pra se aplicar a terapia holística. Vi essa vaga para recursos humanos e ambiência, no Edise, ligada à executiva de recursos humanos. Vim pra essa vaga. COTIDIANO DE TRABALHO / RH No meu primeiro dia de trabalho, a Rita – que estava para sair daquela área –me mostrou um monte de arquivos e de diretórios e me falou: “Você vai lendo isso daqui, porque é com isso que você vai trabalhar.” Eu fiquei uma semana lendo aquilo e comecei a entender do negócio. Era um trabalho com clubes de empregados da Petrobras. Era a administração central dos clubes. Formulávamos diretrizes e acompanhávamos de maneira geral, para fazer capacitações e tal. Comecei a entrar no assunto e a investigar mesmo. Depois de alguns meses estudando o assunto, fiz um plano para reformular os clubes, um plano enorme; eu o apresentei, mas não foi aceito. Na ocasião, não era interesse [da companhia] investir em clubes. Continuei com o clube, mas comecei a trabalhar com outros projetos do RH [Recursos Humanos]. JOGOS PETROBRAS Fui indicado pra fazer parte do comitê coordenador dos Jogos Petrobras; a gente planejou todos os jogos da edição do ano passado e retrasado. Eu percorri vários Estados para coordenar esses jogos. Foi muito interessante. Essa é [uma atividade] da comunicação, mas esse comitê requer um representante do RH. Tem vários outros comitês, como esse que formulava o programa. Foi bem interessante. Vinham os processos para análise e eu não entendo muito de esportes. Quando o juiz não decidia, a questão ia para a primeira instância e, por último, caía para a nossa decisão. Como o gerente da comunicação era muito ocupado, eu acabei assumindo boa parte delas. Fiquei quase maluco com tanta decisão. Eu tomava uma decisão e o pessoal xingava: “Não, porque o time fez isso e não sei o que.” Não tem jeito. Eu colhia provas etc. Funcionava como uma espécie de tribunal, de justiça desportiva. Os jogos começavam nas unidades e, depois, tinha uma fase municipal, uma estadual e outra nacional. Planejaríamos também a fase internacional, mas sofremos um corte de custos e não teve a fase internacional. As outras fases foram mantidas. Foram os maiores jogos que já tiveram. Isso nos anos 2007 e 2008. No último ano, o número de participantes dobrou. Era muita gente. Chegamos a cinco ou dez mil pessoas, não me lembro direito. Isso nas diferentes modalidades. Tinha vôlei, basquete, futebol, futebol de salão, natação, xadrez e tênis de mesa. Qualquer funcionário ou terceirizado poderia participar. A gente inventou uma regra que deu muita polêmica: 50% de empregados e 50% de contratados. Nosso objetivo era favorecer a ambiência. Isso deu muita polêmica, mas funcionou. A gente foi muito rígido. Quem estava fora dessa porcentagem não se inscrevia. A equipe [controlava as inscrições]. Primeiro é na unidade, depois vai para o âmbito municipal, às vezes quando o município tem várias unidades, você disputa ali; depois saí do município e vai para o estadual. Depois vira Campeão nacional dos Jogos Petrobras. Eu lia o regulamento e aplicava o que achava que era certo. Teve várias coisas, teve algumas brigas, que suspendi a pessoa para o próximo jogo, o pessoal: “Como vai ser suspenso?” “Vai ser suspenso, aqui não é pra ter briga” Acho que foram dois casos e teve uma questão de meia, a pessoa estava com meias coloridas e não podia; a decisão foi que o desenho da meia não era tão relevante assim, era só um detalhe então não justificava dar aquele time como perdedor por causa disso. Quem perde é que reclama, é sempre assim: se perdeu entra, se não perdeu não entra. Fiz isso durante um ano, começou no final de 2006 e foi até o final de 2007. Um ano inteiro pra fazer todo esse ciclo. TRAJETÓRIA PROFISSIONAL Comecei a trabalhar com o “Fale com o RH”, que é o painel de comunicação com o RH, para reestruturar o RH. Esse foi o trabalho que fiz o planejamento e não consegui executar, quando fui executar saí do RH. Trabalhava também com o escritório de projetos, eu era o escritório de projetos da ambiência no RH; colocava os projetos estratégicos no formato do instituto de projetos, fazia toda documentação, acompanhava e fazia algumas recomendações. Saí em 2008. Houve um pedido para que o trabalho de clubes passasse para a Comunicação Institucional; passando o trabalho de clubes para a Comunicação Institucional, fui convidado para trabalhar lá. Eu já tinha trabalhado com clubes, falei: “trabalho com outras coisas aqui, eu me interesso por fazer diversos trabalhos” a Carmen Andréia que é a minha gerente, falou: “Olha, tem um projeto aqui, que é a Agenda 21.” Me explicou, falei: “quero vir trabalhar com eles, vou me mudar por causa disso”. Mudei e já caí no relacionamento corporativo. Só fui porque tinha esse projeto da Agenda 21. Foi através de uma menina que trabalhava com a Agenda 21, a Carolina, ela me falou: “Nossa, mas tem um projeto lá, assim, assim, que eu trabalho, que não quero mais trabalhar com esse projeto que é muito complicado, mas é ótimo, é tranqüilo.” Fui lá e conheci, participei de uma reunião; gostei. A Andrea me chamou para conversar e falou: “Aqui tem muita coisa pra você fazer dentro desse projeto.” Sempre gostei de comunicação, quando surgiram as vagas eu também pensei, será que não tem alguma coisa de comunicação? Sempre gostei dessa área e falei, “Poxa vou para a comunicação institucional, vou gostar”, fiquei bem entusiasmado. AGENDA 21 COMPERJ O projeto da Agenda 21 Comperj já estava em andamento. Participei do planejamento posterior. A fase de execução do projeto, quando cheguei estava na fase setorial, estava acontecendo reuniões setoriais; comecei a acompanhar, fazer algumas coisas. De repente acabou a fase setorial e teria que começar a fazer o municipal, foi aí que entrei realmente em cena, que fui a campo e planejei toda a fase municipal, cuidei de toda a estrutura; de todo o material; comecei a coordenar a equipe, são 15 pessoas, cada um de uma especialidade, cada um de uma área, com um conselho diferente de uma linha diferente e contratados por quatro homens diferentes. Foi a primeira vez que eles se encontraram, a gente tinha que elaborar a metodologia que ia ser aplicada na fase municipal, fui coordenar esse povo. O projeto começou com as Caravanas Comperj, que foram apresentar o empreendimento e o projeto Agenda 21; foi uma caravana que visitou os 15 municípios fazendo uma apresentação do projeto para mobilizar o pessoal, a sociedade. Depois veio a fase setorial, que as ONGs executaram, a Petrobras não era muito presente, eram as ONGs que tomavam a frente, foram seis encontros em cada setor; esse projeto foi idealizado dividindo a sociedade em quatro setores: primeiro setor o poder público; segundo setor o empresariado; terceiro setor as instituições sem fim lucrativos e quarto setor a comunidade. Cada setor se reunia entre si. Isso em cada um dos municípios. Muitos nem se conheciam, não tinham consenso do que queriam para o município. Essa fase foi importante para o setor se fortalecer, depois que eles fizeram um diagnóstico do setor para o município e um plano de ação para o município, passou para a fase municipal. Tinha um bom numero de pessoas da fase setorial e se escolhiam representantes de cada setor; foram eleitos cinco representantes, na verdade não foi eleição, foi consenso, cinco representantes e três suplentes; esses representantes dos quatro setores formavam o fórum municipal. Nessa fase municipal além dos profissionais terem se encontrado pela primeira vez, também esses quatro setores pela primeira vez sentaram juntos, foi um grande desafio para todo mundo. AGENDA 21 COMPERJ / ONGS EXECUTORAS Cada ONG tem uma área de atuação mais especifica: tem uma que atua mais na área de rios e águas, que é o Ipanema [Instituto de Pesquisas Avançadas em Economia e Meio Ambiente]; tem a ASA [Associação de Serviços Ambientais] que é bem na área ambiental; tem o ISER [Instituto de Estudos da Religião] que trabalha também com o ambiental, mas tem uma tradição com estudos de religião e o Roda Viva que faz projetos sociais com mulheres; mas todos estavam habilitados a trabalhar com Agenda 21 porque já tinham tido alguma experiência. São todos do Rio e foram contratados. Normalmente quem executa esse tipo de ação é o terceiro setor. Sei da história que foi um pouco difícil [o processo de escolha para a contratação dessas quatro ONGs], mas a exigência era que a ONG, tivesse tido experiência com a Agenda 21; houveram várias que foram selecionadas, depois foram passando a peneira por alguns critérios: há quantos anos trabalharam com isso; qual a experiência; qual a experiência dos profissionais. No final foram selecionadas essas quatro. Foi por edital, licitação. Pelo preço, dentro dos requisitos, primeiro tem que atender aqueles requisitos, depois o menor preço. GRUPO GESTOR / METODOLOGIA Existe um grupo gestor que é a Petrobras, o Ministério do Meio Ambiente e a Secretaria do Estado do Ambiente; esses três junto com a área ambiental da Petrobras elaboraram a metodologia, fizeram o planejamento e as ONGs começaram a aplicar na fase setorial. Quando foi passar para a fase municipal não estava elaborada a metodologia nessa parte, só estava da fase setorial. Esse grupo gestor estava com um pouco de dificuldade em se reunir de estar presente e foi aí que eu entrei. Para elaborar a metodologia, peguei o conhecimento de todos aqueles profissionais, fizemos várias reuniões e conseguimos chegar a metodologia que foi bem eficiente. Uma das principais coisas: ela conseguiu desarmar as pessoas. Vinha a comunidade atacando o primeiro setor; o primeiro setor atacando a comunidade; o segundo setor com receio; o terceiro setor sem saber o que poderia fazer ali. Toda essa negociação que estava prevista para acontecer quando eles se reunissem, a gente conseguiu estruturar de uma forma que todos ficaram desarmados e todos olhando para um objetivo comum que era o futuro do município. Isso foi o mais interessante da metodologia e também a própria questão da metodologia em si já ser capacitadora: você vai ensinando as pessoas, eles trabalhando vão aprendendo que eles mesmos podem fazer as coisas, podem buscar soluções tem ideias e conseguem achar soluções para as coisas sem precisar de muita intervenção. COMPERJ / COMUNIDADE Na verdade até na fase setorial as pessoas eram muito reativas, estavam muito preocupados com a chegada da Comperj, que ia destruir a região, causar o maior impacto; foi na fase municipal que a gente conseguiu desfazer, reverter essa reatividade, isso foi muito interessante. A gente pega depoimentos que foram gravados na fase setorial, as pessoas reclamando, preocupadas; a gente pega depoimentos da fase municipal, as pessoas: “Nossa isso aqui é uma maravilha, o Comperj vai ser um sonho pra gente, vai trazer progresso, qualidade de vida.” A gente conseguiu fazer as pessoas enxergarem as oportunidades e atentarem com as preocupações, mas não ficar batendo nas preocupações sem ter soluções, olhar para aquilo, fazer um bom diagnóstico e propor soluções e partir para executá-las. COMPERJ / COMUNICAÇÃO Exercitei muito a Comunicação para conversar com todo esse pessoal. Tinha gente no primeiro setor, vinha prefeito, vereador; depois vinha gente do terceiro setor de outra linha, os empresários; a comunidade era outra coisa. Tinha que saber lidar com tudo isso, foi bem complexo. Todo mundo procurava o Ricardo, qualquer coisa era eu; a própria equipe sempre estava com dúvida, no sufoco era eu que resolvia tudo. Foi uma coisa muito intensa, trabalhava de manhã, de tarde e de noite, finais de semana foi muito intenso mesmo. Foram sete meses, mas foi bem intenso. PETROBRAS / AGENDA 21 [A implantação da Agenda 21 dentro desse processo para a Petrobras] é muito importante. Um empreendimento como Comperj gera impacto, muito anos antes de instalar o empreendimento já começa com o processo de diagnóstico e propostas de ação para aquela região, levando em conta o que está acontecendo agora e o que vai acontecer; isso feito de maneira participativa, quer dizer maneira participativa nos dois sentidos, as pessoas participam para fazer o diagnóstico, para propor as ações e participam depois na execução, são co-responsáveis. Incluindo toda a sociedade nessa divisão que foi feita, cada nicho pode se incluir num setor, se incluindo toda a sociedade e trazendo ela para discutir realmente, a sociedade que sabe dos diferentes pontos de vista, dos diferentes setores, o que acontece na cidade e o que pode acontecer, acho isso fantástico. AGENDA 21 COMPERJ / QUARTO SETOR Normalmente não existe esse quarto setor, ele fica junto com o terceiro setor, que se sente representante das comunidades. Isso foi um ponto importante dessa metodologia, porque ela separa; o terceiro setor é executor de projetos sociais, ambientais, fiscalizador também; não tem papel de representar a comunidade. Esse quarto setor que foi criado, a comunidade, ele é composto por associação de moradores e pescadores, representa realmente quem está vivendo ali no dia a dia; qualquer pessoa se encaixa ou no primeiro setor, no segundo ou no terceiro setor, mas, além disso, se encaixa também na comunidade porque é um cidadão e quem não se encaixa em nenhum dos três, se encaixa na comunidade. Foi uma grande sacada da Petrobras. AGENDA 21 COMPERJ / FÓRUNS LOCAIS Convivem bem, no começo deu um pouco de confusão, as pessoas não sabiam se eram do quarto ou do terceiro setor; mas depois foram colocadas as regras certinhas. Hoje estão nos mesmos fóruns. O fórum funciona assim: são cinco representantes e três suplentes de cada setor, ele é igualitário; essa é uma das bases da metodologia, manter a qualidade na negociação, cada setor tem esses representantes que compõe a plenária do fórum, a plenária é quem decide, é o nível estratégico do fórum. Depois vem o nível tático que é a coordenação, a gente não pode exigir que seja assim, a gente recomendou e todos seguiram que a coordenação seja composta por um membro de cada setor, para manter a qualidade lá também. Depois tem os grupos de trabalho que são realmente aqueles que executam os trabalhos; são formados os grupos de trabalho temáticos, por exemplo, o grupo de trabalho de saúde; da educação; da comunicação do fórum; pode ser uma questão funcional ou uma questão temática. Os trabalhos acontecem nos grupos de trabalho, as decisões nas plenárias e a coordenação a parte do dia a dia na coordenação do fórum. AGENDA 21 COMPERJ / FÓRUM REGIONAL Cada município tem seus representantes e aquele fórum é municipal. Por sua vez ele compõe o fórum regional. O fórum regional tem dois momentos: o primeiro momento, o primeiro fórum que foi constituído foi o fórum regional, ele foi constituído para ajudar a compor os fóruns locais e para acompanhar os trabalhos realizados pelas ONGs. Foi de cima para baixo, teve uma reunião em Itaboraí, todos os municípios foram chamados; foram disponibilizados ônibus o pessoal foi lá e foi feita uma eleição de quatro representantes, um de cada setor de cada município. Se compôs o fórum regional, esse fórum regional tinha como atividade ajudar a formar os fóruns locais, acompanhar os trabalhos e relatar pra Petrobras. De tempos em tempos a gente tinha reunião com o fórum regional e esses representantes relatavam como estavam acontecendo os trabalhos; a partir do momento que se chegou na fase municipal, esse fórum se dissolveu, os fóruns locais já estavam formados ou estavam se formando. Naquele momento, começou a se trabalhar a agenda em si no municipal e agora a gente vai fazer a seleção, a escolha por consenso de pessoas para comporem o fórum regional novamente, mas agora com outro objetivo; com o objetivo de pensar questões regionais, que tem muitas questões que não são resolvidas no âmbito do município, um projeto de resíduos, por exemplo; não vai se fazer uma indústria de reciclagem ou uma usina, para um município, não tem demanda suficiente, tem que se agregar dois, três, quatro municípios. Ou uma estrada, várias questões são pertinentes ao Estado, tem que ter uma administração mais regional, uma coisa mais forte. O importante do fórum regional é pensar como cada município se encaixa dentro desse contexto regional, dentro desse novo ambiente que vai surgir com o Comperj, porque se cada município quiser fazer a mesma coisa para atender o Comperj, ninguém vai conseguir atender nada, vai ser uma bagunça danada. Tem que planejar, esse município tem potencialidade para aquilo, tem vocação para aquilo, vamos trabalhar essa questão nesse município; outro município vai trabalhar água; outro vai trabalhar equipamentos; outro vai trabalhar com estrutura de habitação, esse planejamento é muito importante a nível regional, não se consegue ter essa visão só nível local. Existe um comitê gestor que é a Petrobras, o Ministério do Meio Ambiente, e a Secretária do Estado do Meio Ambiente. A plenária do fórum é formada por um representante de cada setor e de cada município. São 60. AGENDA 21 COMPERJ Nova Friburgo e Cachoeiras de Macacu já tinham Agenda 21 antes do Comperj. Nova Friburgo está bem adiantado, já fizeram a publicação deles; Cachoeiras de Macacu também, mas estavam um pouco parados, a gente deu ânimo para eles com esse processo novo. No começo ficaram um pouco receosos: “Mas como se a gente já tem um fórum aqui formado? Como que a gente vai fazer? Vocês trabalham com uma qualidade diferente são quatro setores não são três?” E a gente foi explicando que havia esforços, a gente quer trabalhar todos juntos e conseguimos um bom resultado; já mudaram a lei se não me engano, ou fizeram o projeto de lei para mudar essa composição do fórum para se adequar ao modelo da Agenda 21 Comperj. Eu faço o acompanhamento desses fóruns, mas não estou indo mais. Agora estou acompanhando por e-mail, telefone porque as oficinas mesmo acabaram; estou trabalhando na publicação, as ONGs acabaram os contratos, ficou só eu, para 15 municípios. AGENDA 21 COMPERJ / OFICINAS Foi a elaboração do plano de desenvolvimento sustentável do município, que é a junção de todos os planos setoriais, de cada município dos quatro planos setoriais, em um plano só, olhando todo o município. Um grande diagnóstico do município, de diferentes áreas e o plano de ação para as diferentes preocupações e oportunidades identificadas. A gente trabalhou também visão e vocação de cada município, tem um projeto de futuro para o município e mais algumas coisinhas. AGENDA 21 COMPERJ / PUBLICAÇÃO É a publicação de tudo que foi trabalhado. Publicação da Agenda, serão várias agendas municipais. Traz o relatório do que aconteceu, traz o diagnóstico e o plano de ação; conta a história do fórum como se formou. É basicamente um plano de ação para o município que pode ser adotado no primeiro setor; pode ser utilizado pelo segundo setor; pode ser utilizado pelo terceiro setor e deve ser fiscalizado pela comunidade. AGENDA 21 COMPERJ / AÇÕES A agenda não está pronta ainda, mas já saiu alguma coisa, tem um projeto de agricultura orgânica que por coincidência a Petrobras estava fazendo e a gente viu que se adequava nas demandas das agendas de alguns municípios, a gente já encaixou na Agenda 21. PETROBRAS E MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE / AGENDA 21 A relação é muito tranquila, o Ministério tem boas pessoas e são todas muito bem intencionadas; a gente vê que da resultado, a gente pensa junto, trabalha junto, planeja junto, troca informações, eles tem experiência da Agenda 21; a gente planeja e a Petrobras executa. A Agenda 21 é um programa do Ministério do Meio Ambiente. AGENDA 21 COMPERJ / PLANO DE AÇÕES Existem várias questões que já são contempladas nas medidas meticatórias do próprio Estudo de Impacto Ambiental, são as mesmas questões só que são colocadas na visão da sociedade; na verdade muitas questões já vão ser trabalhadas pelo primeiro setor e pela própria Petrobras ou outras empresas, as coisas vão acontecer naturalmente. As questões mais específicas na agenda têm que ser trabalhadas, tem que se buscar financiamento, ou buscar o primeiro setor para que realize aquelas ações. São recomendações, propostas de toda a sociedade, se o primeiro setor quiser pode pegar aquele plano e implantar como plano de governo, porque é a voz da sociedade e tudo baseado no desenvolvimento sustentável; dando importância para o econômico, o social e o ambiental. AGENDA 21 COMPERJ / POLÍTICA [trabalhar com a classe política nessas cidades] Não é fácil, classe política está num sistema muito viciado, a gente tem que fazer um grande esforço para trabalhar. No começo eles tiveram uma resistência porque a própria Agenda 21 tira um pouco o poder do primeiro setor, socializa, democratiza, a gente teve que mostrar quais seriam as vantagens para o primeiro setor em implantar uma Agenda 21. É mais difícil. São cidades pequenas, mas tem cidades grandes que também são complicadas. Tem São Gonçalo, Niterói que são cidades complicadas, mas nas cidades pequenas existe aquele rodízio de prefeitos, é uma família depois é outra; a gente tenta quebrar tudo isso. A única maneira de se trabalhar isso é com a própria sociedade, não vejo outra maneira e nisso esse processo ajuda bastante. Esse é o maior ganho, o amadurecimento da própria civilidade das pessoas, o que é ser um cidadão. Pode ter [impacto nas próximas eleições], porque essas organizações vão se fortalecendo, vão tendo voz e é esse o objetivo mesmo. Ele faz parte do processo, mas é um objetivo porque é muito melhor trabalhar num município que tenha essas condições, do que trabalhar num município totalmente fechado, onde as pessoas estão insatisfeitas, não tem voz, não conseguem falar. É muito mais interessante para a Petrobras ter o município organizado, com a sociedade organizada. Muita coisa [das demandas dos municípios] vai para a área de empreendimento que é a área de engenharia que realmente está implantando o Comperj, as audiências públicas são na sede do empreendimento, mas para a gente chega, tem alguns municípios que tem disputa de vagas, a secretária tal está compondo o fórum, outra secretária manda uma carta dizendo que a outra desistiu e ela entrou no fórum e aí na verdade a outra não desistiu, tem que ter todo um jogo de cintura para lidar com isso. AGENDA 21 COMPERJ / PRÓXIMOS PASSOS Terminar a publicação, analisar, ver se está coerente; fazer uma pequena análise técnica; voltar para os fóruns aprovarem; inserir todo o conteúdo e histórico do município para aquilo realmente fazer parte do município e publicar as agendas. Enquanto isso os fóruns estão se institucionalizando. Eles já são fóruns de fato, mas não são de direito, precisam de uma lei que regulamente, depois é partir para uma fase de capacitação; tem que capacitar esse atores, para eles saberem como lidar com o fórum que é deles, da cidade, não é da Petrobras. Eles têm que ser os atores, tem que aprender como negociar, como fazer projetos, como captar recursos e como lidar realmente um com o outro, que é uma coisa que eles estão aprendendo, mas ainda tem mais a aprender. AGENDA 21 COMPERJ / PETROBRAS Tem um grupo de comunicação que a gente se encontra e troca informações do que está acontecendo, o que eles estão vivendo e o que a gente está vivendo; a gente sempre se comunica, quando tem coisa da Agenda 21 que aparece lá eles mandam para mim; quando tem alguma coisa do empreendimento eu mando para eles, a gente tenta integrar esse trabalho todo para fazer uma sinergia de tudo isso. É um pouco complexo porque é uma empresa de várias áreas e você tem que unir várias áreas para fazer isso, tem diversas linhas de pensamento, mas a gente tenta sempre fazer um trabalho sinérgico. AGENDA 21 COMPERJ / OFICINAS Isso não está definido ainda, está em fase de definição, não se sabe se a Petrobras vai oferecer ou se vai ser a Secretaria de Estado do Meio Ambiente que vai oferecer, mas o grupo gestor vai tomar conta disso. AGENDA 21 COMPERJ / GRUPO GESTOR O Estado tem sido menos atuante, mais o Ministério. O Estado tem diversos processos da Agenda 21 para tomar conta, ele ficou um pouco relaxado: “Olha, eles estão tomando conta desse processo então eu vou tomar conta dos outros.” Creio que isso que tenha acontecido. Mas há bastante consenso no trabalho, uma das idéias é que eles continuem uma parte desse projeto, que está em planejamento. AGENDA 21 COMPERJ / PUBLICAÇÃO A publicação fica pronta esse ano ainda, deve ficar pronta em novembro, porque são 15 municípios, são várias agendas e não é só publicar tem que ser feita uma análise, tem que ser feito textos em cima daquelas planilhas; não é só publicar, tem um grande trabalho para ser feito ainda, tem que ser realizadas algumas oficinas, porque tem algumas questões que eles ainda precisam completar com qual é a prioridade, as propostas e depois tem que se validar tudo com o fórum, porque isso tem que ser deles. Com a validação dos fóruns a ideia é que em novembro já esteja concluída, aí a gente faz o lançamento em cada município. AGENDA 21 COMPERJ / CAPACITAÇÃO Talvez a gente consiga fazer a capacitação já nesse meio tempo, já começar a capacitação. Começar o oferecimento de cursos. Para a questão da civilidade, tem capacitações especificas, por exemplo, o primeiro setor precisa aprender a captar dinheiro no próprio Estado, muitos desses municípios não sabem captar dinheiro, muitas vezes tem recursos disponíveis, mas eles não sabem como pegar esse recurso, não sabem como fazer um projeto, não sabem que mecanismos utilizar, onde estão esses recursos. Para o segundo setor tem que ensinar as vantagens das ações sociais, das ações ambientais, como lidar com um novo sistema de relacionamento tendo um parceiro; para o terceiro setor tem que ensinar como elaborar projetos e como captar recursos para as execuções dos projetos, porque o terceiro setor vai executar os projetos. Para o quarto setor tem que bater forte na questão de civilidade, o que é ser um cidadão, quais são os seus direitos, quais são os mecanismos que as pessoas podem procurar para se defender, para irem atrás do que desejam. MEMÓRIA DO COMPERJ Tenho todos os registros, está tudo comigo os documentos as fases, as papeladas estão todas comigo. Temos alguns registros fotográficos também, da fase setorial e da fase municipal. Mas não são fotos profissionais. LAZER Sou solteiro. Acho que estou procurando uma pessoa muito especial, uma mulher perfeita, acho que tem que reduzir os requisitos, porque senão fica difícil; mas realmente no tempo desse projeto não tive tempo nenhum, agora que estou com um pouquinho mais de tempo. Agora estou voltando a vida normal, porque passei todos os dias, inclusive fins de semana, bolando aquelas metodologias, foi uma loucura. Gosto de fazer um pouco de música, no computador; gosto de sair, dançar a noite, gosto bastante da noite. Tenho alguns amigos, mas a maioria é de fora do Rio. Não sei por que, mas aconteceu isso. Vou bastante pra São Paulo, para aproveitar a maior parte dos meus amigos, uma ou duas vezes por mês vou para lá. AGENDA 21 COMPERJ Nesse projeto tem muita coisa que da para ser feita, realmente é possível construir o desenvolvimento sustentável nesses municípios, é um desafio, mas é possível e não é preciso muito investimento; é preciso muita articulação, precisa utilizar as experiências de sucesso de outros lugares nesses municípios e todos juntos olhando com o objetivo único, dá para chegar lá. Acredito nisso, não sei quem acredita mais, mas eu acredito, vejo que é possível só precisa fazer. MEMÓRIA PETROBRAS Acho muito interessante, quando descobri essa área, conversei com a Miriam, fiquei super interessado, ela me explicou algumas coisas da história de como esse processo se dá e quando ela me falou que o Agenda 21 ia ser trabalhado no memória, fique pensando: “olha que interessante, além do registro histórico você tem também o registro do projeto, coisas que não saem na documentação, você tem todo um histórico do projeto”, isso é importantíssimo como lições aprendidas, isso pode ser utilizado tanto como memória, quanto como lições aprendidas, é fantástico. Aqui estou percebendo mais, que você fala da sua vida, você dá valor para as pessoas, isso é fantástico. Gostei muito da entrevista, foi muito boa.
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