Relato de uma visita de um grupo de estudantes ao Museu da Pessoa.
No mês de abril de 2024, estudantes da 5ª fase do Ensino Médio Integrado ao Técnico de Eletrotécnica do IFSC Campus Florianópolis fizeram uma visita não guiada ao Museu da Pessoa. O convite partiu do professor de História, e cada estudante contou para a turma o que viu e descobriu no museu. Abaixo, segue um rápido resumo das descobertas, escrito pelo professor:
Samuel presenciou dois lançamentos de livros e segurou a mão de uma criança com medo de avião (lembrei-me de uma canção do Belchior). Samuel também fez referência a uma banda da qual gosta muito, mas não revelou o nome (fiquei curioso!).
Felipe foi aliciado pelas histórias invisíveis. Encontrou uma moça com um sorriso belo e verdadeiro e conheceu a origem de algumas das mais tradicionais escolas de samba de São Paulo.
Já o Enzo mergulhou nas aventuras do cordel e travou prosa com seu Germano, 124 anos e 68 filhos provados e documentados.
O José Victor mergulhou nos porões da ditadura para descobrir que também nas celas da repressão, classe e cor não eram apenas um detalhe.
Ícaro revisitou dor dos tempos pandêmicos, quando R. O. de 50 anos saía para trabalhar todos os dias. R. O. era coveiro.
Luidi encontrou Dias, zagueiro do São Paulo Futebol Clube, e constatou que a glória no futebol pode vir muito mais de marcar um jogador como Pelé do que de fazer gols.
Sofia foi versátil em sua visita. Sim, quase 14 milhões de toneladas de plástico produzido no Brasil apenas em 2022 é um número assustador! Mas na visita de Sofia coube tempo para conhecer a dor de ser diverso em mundo ainda monolítico, mas também tempo para a descoberta do amor que rompe o arame farpado dos nossos dias. Então há esperança!
Gustavo buscava o punk, saiu do museu ouvindo - segundo ele - um samba-rock misturado com soul do BB King (fiquei tentado, também fui ouvir e curti).
O Gabriel, assim como o...
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Relato de uma visita de um grupo de estudantes ao Museu da Pessoa.
No mês de abril de 2024, estudantes da 5ª fase do Ensino Médio Integrado ao Técnico de Eletrotécnica do IFSC Campus Florianópolis fizeram uma visita não guiada ao Museu da Pessoa. O convite partiu do professor de História, e cada estudante contou para a turma o que viu e descobriu no museu. Abaixo, segue um rápido resumo das descobertas, escrito pelo professor:
Samuel presenciou dois lançamentos de livros e segurou a mão de uma criança com medo de avião (lembrei-me de uma canção do Belchior). Samuel também fez referência a uma banda da qual gosta muito, mas não revelou o nome (fiquei curioso!).
Felipe foi aliciado pelas histórias invisíveis. Encontrou uma moça com um sorriso belo e verdadeiro e conheceu a origem de algumas das mais tradicionais escolas de samba de São Paulo.
Já o Enzo mergulhou nas aventuras do cordel e travou prosa com seu Germano, 124 anos e 68 filhos provados e documentados.
O José Victor mergulhou nos porões da ditadura para descobrir que também nas celas da repressão, classe e cor não eram apenas um detalhe.
Ícaro revisitou dor dos tempos pandêmicos, quando R. O. de 50 anos saía para trabalhar todos os dias. R. O. era coveiro.
Luidi encontrou Dias, zagueiro do São Paulo Futebol Clube, e constatou que a glória no futebol pode vir muito mais de marcar um jogador como Pelé do que de fazer gols.
Sofia foi versátil em sua visita. Sim, quase 14 milhões de toneladas de plástico produzido no Brasil apenas em 2022 é um número assustador! Mas na visita de Sofia coube tempo para conhecer a dor de ser diverso em mundo ainda monolítico, mas também tempo para a descoberta do amor que rompe o arame farpado dos nossos dias. Então há esperança!
Gustavo buscava o punk, saiu do museu ouvindo - segundo ele - um samba-rock misturado com soul do BB King (fiquei tentado, também fui ouvir e curti).
O Gabriel, assim como o Enzo, também papeou com Seu Germano, 124 anos. Depois Gabriel se esgueirou pelas masmorras brasileiras e ficou cara a cara com Renato Loredo, que matou por causa de dois pães roubados.
Stefani quase sufocou ao entrar no museu, e para poder respirar se agarrou na essência da história, que é a vida ordinária das pessoas. Stefani é amiga de John Lennon, e nisto temos algo em comum.
Arthur é aquele tipo de pessoa que busca conhecer os detalhes do museu antes de começar a visita. Inteirado dos porquês do museu existir, vasculhou suas salas e descobriu a história de vida de Lins Roballo, mulher transgênero que lutou para poder ser aquilo que sempre foi, enfrentando a transfobia e marcando com sua existência a história deste país tão desigual e perversamente preconceituoso.
Museu é, afinal, lugar de representação e de encontro e resistência das minorias!
Arthur também descortinou a importância da moda para a história, já que vestir uma roupa não é apenas cobrir o corpo (ou partes dele).
Seu Germano está famoso, concluo. Está na boca do povo, ou pelo menos na boca e nas mentes destes e destas estudantes do ensino médio integrado. O Carlos, vejam só, também conversou com este senhor de 124 anos, filho de africano e indígena e casado 13 vezes.
Gabriel é daqueles que não se contenta apenas com o acervo exposto. Ele observa também as estruturas, do design ao layout.
Caio matou a charada! Não há heróis neste museu, pelo menos não os heróis da história positivista. Porque como o próprio Caio escreve, \"a história é feita de pessoas, e as pessoas fazem a história\".
O último estudante a visitar o museu foi o Bernardo, às 9:48 da manhã do dia 18 de abril de 2024. Neste dia Bernardo acordou sem imaginar que jogaria futebol de memória com o ídolo são paulino, seu clube de coração, Müller, que também foi craque na Seleção e na conquista da Copa de 1994.
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