P/1 Boa tarde. R Boa tarde. P/1 Primeiro eu gostaria que você fizesse a sua apresentação, falando do seu nome, local e data de nascimento. R Bom, Reginaldo Gomes de Oliveira, nascido em Boa Vista do estado de Roraima, em 12 de fevereiro de 1953. P/1 Qual sua atividade? P/2 Pode só repetir o nome dele por favor? P/1 Ele repetir? P/2 É. P/1 Tà. Então vamos de novo. Vamos começar de novo. Boa tarde. Primeiro eu queria que você fizesse sua apresentação, falasse seu nome, a data e o local de seu nascimento. R Meu nome é Reginaldo Gomes de Oliveira, nascido em Boa Vista, Roraima, no dia 12 de fevereiro de 1953. P/1 Qual é a sua atividade? R Hoje eu sou professor de história da arte duma universidade federal de Roraima. P/1 Tá. E antes? (risos) R Bom, antes trabalhei como vendedor, em supermercado, em butique, e tive como primeiro trabalho, em 1982, recepcionista num balcão da Varig. P/1 E essa trajetória pra chegar a ser professor? R Em Roraima, nas escolas públicas, ao concluir o segundo grau, éramos convidados para atuarmos como professor leigo nas escolas públicas por falta de professores. E isso me levou à sala de aula. Eu me apaixonei por essa experiência de troca de conhecimento, de produção de conhecimento em sala de aula, porque eu era muito jovem, e não seguia muito à risca os currículos da pedagogia da escola, e sempre improvisava. Porque eu trabalhava com artes plásticas e sempre improvisava. E isso me apaixonou e acabei direcionando meu curso de graduação pra essa área da história das artes plásticas. P/1 E o que que te motivou a estar participando aqui desse fórum? R Bom, eu hoje faço parte de um grupo que trabalha na universidade, um projeto de implantação de uma prática cultural e artística dentro da universidade, que começou em março de 2004. E com isso, participando de várias discussões, de fóruns de cultura local, regional, dentro dos municípios, e do estado de Roraima, me trouxe a esse...
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P/1 Boa tarde. R Boa tarde. P/1 Primeiro eu gostaria que você fizesse a sua apresentação, falando do seu nome, local e data de nascimento. R Bom, Reginaldo Gomes de Oliveira, nascido em Boa Vista do estado de Roraima, em 12 de fevereiro de 1953. P/1 Qual sua atividade? P/2 Pode só repetir o nome dele por favor? P/1 Ele repetir? P/2 É. P/1 Tà. Então vamos de novo. Vamos começar de novo. Boa tarde. Primeiro eu queria que você fizesse sua apresentação, falasse seu nome, a data e o local de seu nascimento. R Meu nome é Reginaldo Gomes de Oliveira, nascido em Boa Vista, Roraima, no dia 12 de fevereiro de 1953. P/1 Qual é a sua atividade? R Hoje eu sou professor de história da arte duma universidade federal de Roraima. P/1 Tá. E antes? (risos) R Bom, antes trabalhei como vendedor, em supermercado, em butique, e tive como primeiro trabalho, em 1982, recepcionista num balcão da Varig. P/1 E essa trajetória pra chegar a ser professor? R Em Roraima, nas escolas públicas, ao concluir o segundo grau, éramos convidados para atuarmos como professor leigo nas escolas públicas por falta de professores. E isso me levou à sala de aula. Eu me apaixonei por essa experiência de troca de conhecimento, de produção de conhecimento em sala de aula, porque eu era muito jovem, e não seguia muito à risca os currículos da pedagogia da escola, e sempre improvisava. Porque eu trabalhava com artes plásticas e sempre improvisava. E isso me apaixonou e acabei direcionando meu curso de graduação pra essa área da história das artes plásticas. P/1 E o que que te motivou a estar participando aqui desse fórum? R Bom, eu hoje faço parte de um grupo que trabalha na universidade, um projeto de implantação de uma prática cultural e artística dentro da universidade, que começou em março de 2004. E com isso, participando de várias discussões, de fóruns de cultura local, regional, dentro dos municípios, e do estado de Roraima, me trouxe a esse Fórum Mundial. P/1 E o que que vocês fazem? Qual que é a atividade de vocês? R No momento, como nós estamos discutindo o programa, projetos, estamos com algumas atividades no teatro, na música, na dança, com grupos locais. P/1 Que tipo de atividades? Oficinas, apresentações? R Nas duas áreas, tanto no ensino quanto na representação, na montagem de oficinas e apresentação de espetáculo. P/1 Pela cidade ou pelo estado? R No campus da universidade, mais no campus da universidade. P/1 E público, qual é a direção? E O público tanto é o público da universidade, os alunos, professores, técnicos, como também pessoas da vizinhança externa à universidade. P/1 E você conhece algum trabalho, algum projeto ligado a memória que você considera importante? R Eu estou com alguns projetos que já vinha pensando, já tem alguma coisa levantada, que é esse diálogo entre a memória visual da cultura ocidental presente na região em diálogo com a memória visual indígena. Também muito forte e presente na região. Onde uma discussão de arte é interessante porque a cultura européia nem sempre reconhece a arte indígena, os antropólogos é que lutam com essa temática, mas nem sempre o historiador da cultura ocidental reconhece esse material estético da cultura indígena como arte. Então é esse registro de memória visual e cultural no encontro dessas diferentes manifestações presentes na região eu gostaria de pensar e registrar mais sobre essa questão. P/1 Você está falando mais da sua região, como é que ela é? Se é possível fazer uma descriçãozinha, qual é a característica? R Savana. Então, eu moro numa grande área de savana amazônica. As pessoas ficam surpresas quando chegam lá, pensando assim: "Desmataram tudo isso?" Entendeu? Não, é uma região de savana que faz fronteira com a ex-Guiana Inglesa, que hoje é República Cooperativa da Guiana, e com a Venezuela. Então é uma grande região de savana, que depois vai começar as montanhas, que depois vai fazer parte de toda aquela cadeia de montanhas da América do Sul, e também um pouco, mais ao sul, florestas que fazem parte da Floresta Amazônica. Então é uma área que fica acima da linha do Equador, faz parte do hemisfério norte, e tem essa característica de grandes campos, que são essas savanas amazônicas, que é sempre desconhecido. Tanto que a cultura local econômica de maior produção é a cultura do gado. P/1 E o povo? R Apesar da grande migração brasileira e européia, ainda predomina muito o povo indígena. Alguns grupos ainda com características muito próximas do que os ancestrais viviam no passado. Existem muitas aldeias próximas à cidade em contato com a cultura branca, mas também ainda tem muitos grupos que preservam a sua questão de cultura e manifestações de comportamento próximos das tradições. P/1 E nesse fórum, como é que tem sido o contato aqui? R O que me deixou feliz que é uma idéia que eu já vinha levantando e discutindo, é que nós não temos uma identidade regional amazônica, não temos uma identidade cultural local. Mas diferentes faces culturais, diferentes manifestações presentes e que formataram aquela região. E isso está sendo muito discutido no fórum, essa questão da diversidade dentro da questão da localidade, da regionalidade, mas que tem aspectos comuns e tem aspectos bastante diversos entre essa formatação da cultura, das culturas. E isso me deixou feliz, porque lá nós temos um aglomerado de culturas que fazem um diálogo entre si. As próprias etnias indígenas como Apixana, Macuxê, Tauripan, Engaripó, Uai-Uai, e Ianomâmi, têm características distintas na língua e na cultura, e têm coisas semelhantes, né? E nós que fazemos parte da cultura branca, também, temos grupos variados de cultura do nordeste, do centro brasileiro, da região sul, da região leste, então um aglomerado de culturas que se intercruzam e dialogam naquela região, na Amazônia e em Roraima. P/1 Tá. E aconteceu assim de ter algum evento já marcante que aconteceu nesse fórum? Alguma passagem, alguma palestra que você acha que vale a pena estar pontuando aqui? R Aqui? P/1 Nesses dias que você já passou por aí. R Ah, sim, teve uma ontem, na sala C, com um grupo da Aliança WCFA, eu acho, que é um grupo asiático, tinha representantes da África, e da Austrália, que falaram muito nessa questão desse diálogo das diferentes identidades culturais presente na formação de uma identidade local e regional global. Interessante. Essa de hoje pela manhã, por exemplo, no grande auditório, também foi bastante interessante, nessa linha. P/1 E pra você, o que que foi estar participando desse projeto de recolhimento de memórias? R Surpresa. Estava sentado com o meu amigo ali e de repente vi histórias de vida, registro visual, que é uma coisa interessante, que foi falada numa dessas palestras que eu vi, por uma representante de Gana, da África, de onde grande percentual da população é analfabeta, e estão registrando suas narrativas em áudio-visual. Então, quer dizer, passa por um processo da narrativa oral, da tradição oral, e dão um pulo, porque nós temos aquela coisa da literatura escrita, né, a narrativa da literatura escrita, tem aquela coisa de contar a história do escrito, e eles estão registrando tudo no visual. E eu achei interessante. Quando vi o panfleto ali, me chamou a atenção. É uma coisa interessante, de registrar parte dessas manifestações através da história, através da memória, que é uma coisa muito importante, muito forte na cultura amazônica. P/1 Tá. Bem, já que esse é um depoimento pra um museu, você tem alguma coisa pra deixar registrado aí pras gerações futuras? Á vontade. R É, a questão do museu, por exemplo, em Roraima nós temos o Museu Integrado, que me chamou a atenção quando ele foi criado. Porque é um museu que busca respeitar as culturas, tanto branca como não-branca, que no caso nosso local, são as indígenas. Onde são expostos, no museu, no mesmo status de arte as obras que fazem parte dessa produção visual da cultura branca e da cultura não-branca, que são as diferentes etnias presentes naquela região. E, para um museu, eu acho isso importante, principalmente para um museu voltado pra cultura amazônica. P/1 E como é que foi pra você ter dado um depoimento? R Eu me sinto feliz por participar de uma história, de uma memória de diferentes pontos de vista de pessoas que você pode depois rever, discutir, repensar, recriar, agora, no futuro. Isso é importante. P/1 Então, em nome do Instituto Museu da Pessoa, eu agradeço a sua participação, obrigado. R Eu agradeço.
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