Projeto Memória Petrobras
Depoimento de: Reginaldo Moura
Entrevistado por: Moacir Maia
Local: Vitória / ES
Data:25/11/2004
Realização Museu da Pessoa
Entrevista CB ES 15
P/1 – Bom dia!
R – Bom dia!
P/1 – Gostaria de começar a entrevista perguntando seu nome completo, local e data de nascimento.
R – Reginaldo Bispo Moura, Entre Rios, Bahia, 23 de outubro de 1958.
P/1 – Conta um pouco para a gente, Senhor Reginaldo, como se deu o seu ingresso na Petrobras?
R – O meu ingresso na Petrobras se deu da seguinte maneira: em 1981, um irmão que trabalhava na Gerência de Transporte, aqui em São Mateus, tirou férias e foi visitar a minha mãe na Bahia. Coincidentemente, nós nos encontramos, né, porque eu trabalhava em outro local, e ele me fez o convite para vir aqui para São Mateus uma vez que eu trabalhava em fazenda, não tinha carteira assinada e que aqui ele ia ver se conseguia alguma coisa para mim. Em fevereiro de 1982, eu saí de Catu para São Mateus. Chegando em São Mateus, três dias depois, ele conseguiu arrumar um serviço para mim como contratado da Petrobras na função de motorista. Eu comecei a exercer, o meu primeiro emprego foi como motorista contratado da Petrobras, transportando as gerências naquela ocasião em que tudo era feito através de Macaé, não tinha nada em São Mateus. São Mateus, vamos dizer assim era uma mini-estrutura. Então, era transporte direto para Macaé, três vezes por semana, levar malote, trazer, tudo isso aí. Inclusive, o processo de admissão de pessoal era feito lá, como foi o meu caso. Em 1983, mais precisamente em outubro, surgiu o processo seletivo. Aí, eu fiz o processo seletivo na ocasião e, graças a Deus, passei. E em 1984, mais precisamente em julho, eu fui chamado pela Empresa. Na ocasião, a função era Auxiliar de Portaria. Essa função eu não conhecia. Eu não tinha conhecimento nenhum do cargo que eu ia exercer. Fiz o concurso público e a idéia que eu tinha da função de...
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Projeto Memória Petrobras
Depoimento de: Reginaldo Moura
Entrevistado por: Moacir Maia
Local: Vitória / ES
Data:25/11/2004
Realização Museu da Pessoa
Entrevista CB ES 15
P/1 – Bom dia!
R – Bom dia!
P/1 – Gostaria de começar a entrevista perguntando seu nome completo, local e data de nascimento.
R – Reginaldo Bispo Moura, Entre Rios, Bahia, 23 de outubro de 1958.
P/1 – Conta um pouco para a gente, Senhor Reginaldo, como se deu o seu ingresso na Petrobras?
R – O meu ingresso na Petrobras se deu da seguinte maneira: em 1981, um irmão que trabalhava na Gerência de Transporte, aqui em São Mateus, tirou férias e foi visitar a minha mãe na Bahia. Coincidentemente, nós nos encontramos, né, porque eu trabalhava em outro local, e ele me fez o convite para vir aqui para São Mateus uma vez que eu trabalhava em fazenda, não tinha carteira assinada e que aqui ele ia ver se conseguia alguma coisa para mim. Em fevereiro de 1982, eu saí de Catu para São Mateus. Chegando em São Mateus, três dias depois, ele conseguiu arrumar um serviço para mim como contratado da Petrobras na função de motorista. Eu comecei a exercer, o meu primeiro emprego foi como motorista contratado da Petrobras, transportando as gerências naquela ocasião em que tudo era feito através de Macaé, não tinha nada em São Mateus. São Mateus, vamos dizer assim era uma mini-estrutura. Então, era transporte direto para Macaé, três vezes por semana, levar malote, trazer, tudo isso aí. Inclusive, o processo de admissão de pessoal era feito lá, como foi o meu caso. Em 1983, mais precisamente em outubro, surgiu o processo seletivo. Aí, eu fiz o processo seletivo na ocasião e, graças a Deus, passei. E em 1984, mais precisamente em julho, eu fui chamado pela Empresa. Na ocasião, a função era Auxiliar de Portaria. Essa função eu não conhecia. Eu não tinha conhecimento nenhum do cargo que eu ia exercer. Fiz o concurso público e a idéia que eu tinha da função de auxiliar de portaria era como se fosse, no final do expediente, fechar todas as portas da sede da Petrobras. Eu tinha isso na mente, tá? E, no primeiro dia de trabalho – tive até a satisfação hoje de estar encontrando aqui com a Clélia Nascimento, que fez essa entrevista também e foi companheira de serviço - eu ingressei na Petrobras selando carta e selando malote. Era o serviço que eu fazia na ocasião. E, depois disso, operei máquinas duplicadoras, as máquinas Xerox, e daí as coisas foram acontecendo naturalmente no ambiente Petrobras.
P/1 – E depois, o quê aconteceu?
R – Depois disso, o que aconteceu foi que eu comecei a perceber a grandiosidade da Empresa, o que é realmente a Petrobras.
P/1 – Mas você trabalhou muito mais depois disso?
R – Em Serviços Gerais, eu trabalhei 16 anos. Mas tive uma visão assim, em pouco tempo eu percebi claramente o potencial da Empresa, tá? Aquilo me despertou a atenção e, graças a Deus, as coisas foram acontecendo, entendendo o processo dentro da Empresa. Foi mais ou menos assim.
P/1 – E o seu irmão já trabalha na Petrobras antes disso?
R – Trabalhava. Ele é aposentado na Bahia.
P/1 –Trabalhou na Bahia e aqui no Espírito Santo?
R – Na ocasião, ele ingressou na Petrobras aqui no Espírito Santo também, em 1976, se eu não me engano, foi em 1976.
P/1 – Senhor Reginaldo, tem algum fato marcante nesse tempo todo de trabalho do Senhor que poderia citar?
R – Ah, são vários, vários fatos marcantes na Empresa. Como eu falei aí, a questão da função. Mas muitos fatos marcantes aconteceram nesse 20 anos de Empresa. Graças a Deus são fatos que eu considero muito positivos, são relevantes e positivos, pelo menos para mim, tá? Um dos fatos que eu considero mais interessante, que aconteceu no sistema Petrobras são as mudanças implementadas na Empresa. Se a gente for analisar como era a Petrobras há 20 anos atrás, hoje temos uma diferença muito grande. Para mim, é um fato marcante quando você vê uma Empresa evoluir. Então, esse, pra mim é um fato marcante: ver a evolução da Empresa.
P/1 – E tem alguma coisa nessas mudanças para comparar como era e como é hoje?
R – Eu diria que mais no corpo gerencial. A parte gestora da Empresa mudou muito. Hoje, a coisa é mais moderna, é uma gestão moderna e é bem diferente de antigamente. Não dá para a gente citar muitas coisas porque é uma diferença muito grande.]
P/1 – O Senhor tem algum fato interessante, engraçado nesse tempo todo de trabalho para contar para a gente?
R – Tenho. Eu tenho dois fatos que aconteceram comigo. Uma semana após eu ingressar na Empresa, eu fui enviado para fazer um curso no Rio. E eu nunca tinha andado de elevador. Eu cheguei, senão me engano era o Hotel Ambassador, no centro do Rio, e saltei no hotel, o recepcionista estava lá me aguardando. Confirmei as reservas – estava tudo ok – e eu falei para ele: “olhe, tem um detalhe: eu nunca andei de elevador.” “Não, mas eu vou levar o Senhor no quarto” – era um senhor todo bonitinho e tal. E eu subi com ele para o apartamento; ele me ensinou como manuseava o elevador e eu fiquei lá no quarto. Minha esposa tinha ganhado neném, estava com solidão, era a primeira vez que eu viajava assim, de avião e tudo. E aquilo tudo influenciando na saudade da família. E eu fiquei, eu não saí, à noite eu não desci para nada. Era, aproximadamente, umas oito horas, umas 20 horas. Se não me engano, eu fiquei no quinto andar. E no outro dia, de manhã cedo, eu saí do quarto e fui pegar o elevador de volta para descer. Depois eu disse: “poxa, eu não vou acertar. Eu vou na escada.” E desci de escada. Quando eu cheguei embaixo, na recepção, o rapaz que tinha me levado olhou para mim e começou a rir: “você não desceu de elevador?” Aí eu olhei para ele e disse: “olha, você me ensinou a subir mas não me ensinou a descer.” Então, isso para mim foi muito interessante, tá? Essa foi uma das coisas que aconteceu num ambiente...
P/1 – O Senhor lembra o ano?
R – Foi 1985, eu já tinha uns três, quarto meses de Empresa. Finalzinho de 1984. isso aí foi marcante também. E outras coisas que acontecem no ambiente do dia a dia...
P/1 – Qual é o outro fato marcante que o Senhor falou?
R – O segundo fato? Esse daí foi antes do meu ingresso na Empresa, mas já servindo a Petrobras como motorista contratado. Tinha dois dias que eu tinha chegado em São Mateus e fui designado a transportar dois petroleiros para a cidade de Linhares a 80 quilômetros. Saindo da sede da Petrobras, em São Mateus, ao invés de ir para Linhares, eu fui para o lado de São Mateus porque não conhecia Linhares. As duas pessoas que estavam comigo no carro – a Clélia Nascimento e o auxiliar de segurança Almeida – começaram a rir e me perguntaram : “você não conhece Linhares, não?” Eu digo: “não.” Esse outro foi muito assim, um momento interessante. São momentos que a gente não esquece. Foi antes de eu entrar na Petrobras e foi um momento marcante também.
P/1 – Como é o trabalho a Petrobras aqui no Espírito Santo? O que o Senhor acha peculiar no trabalho da Empresa aqui no Espírito Santo?
R – O que eu conheço da Petrobras, é aqui no Espírito Santo. Eu não conheço uma refinaria, não conheço uma plataforma, como as plataformas que têm em Santos, em Campos. Eu conheço a Petrobras aqui, explorando petróleo em terra. Isso nós conhecemos, as estações, tá? Então, o ambiente da Petrobras que eu conhece, basicamente, é o que existe em São Mateus. Mas dá para se ter uma idéia do que é a Empresa. Como eu falei antes, dá para se ter idéia do potencial da Empresa. E a atividade desenvolvida aqui em São Mateus é produção de petróleo em terra. A grande diferença que eu vejo de outras empresas é que a atividade de petróleo é uma atividade de grau de risco quatro. É uma atividade que nós exercermos hoje nos campos que são, digamos assim, estradas não asfaltadas, são estradas em tempos chuvosos são muito perigosas. Isso tudo são as atividades, são as atividades perigosas. Mas, uma das coisas que eu admiro muito no sistema, que é uma coisa que eu vejo acontecer muito no ambiente Petrobras, é como a Petrobras vê as comunidades. Essa é outra evolução. Hoje eu vejo a Petrobras muito voltada para o social, ajudando as comunidades. Eu digo isso aí de cadeira porque eu faço parte de um grupo que, eventualmente, está fazendo reformas em escolas carentes. Então, eu vejo essa evolução também na Empresa.
(pausa para troca de fita)
P/1 – Como que é esse grupo? Que o Senhor faz parte? Como é a atuação dele?
R – Esse grupo é uma equipe criada pela gerente de comunicação. Eu não conheço a fundo, mas é uma gerência que absorve todas as solicitações das comunidades. Onde, às vezes, os líderes das comunidades, das associações, estão numa situação difícil de estar reformando escolas. Então, eles se reúnem e elaboram um documento e mandam para a Petrobras. Esse documento vai chegar às mãos da gerente de comunicação, com quem eles vão ter uma conversa e vão avaliar. A minha parte, normalmente, é quando eles decidem: “olha, nós vamos ajudar a comunidade.” Eles normalmente me acionam: “olha, Reginaldo, nós vamos ter que fazer isso.” Faz-se a avaliação. Então, eu faço muito isso aí, a gente reforma pequenas escolas. E os projetos que a Empresa desenvolve no Espírito Santo, convênios com outros programas como o “Ciranda da criança” e assim por diante. São vários, principalmente em São Mateus. Em São Mateus nós temos um projeto que ajuda muito a criança carente que é o Projeto Araçá.
P/1 – Como é o Projeto Araçá?
R – A Petrobras, primeiro, fez as instalações do Projeto Araçá. E ajuda. Disponibilizou computadores, mesas. Então, ali a criança tem oportunidade de aprender várias coisas ao invés de estar na rua, está ali, aprendendo com pessoas experientes várias coisas.
P/1 – E qual o tipo de aprendizado?
R – Tudo o que você imaginar, desenhar, até serviço de carpintaria. O ano passado, eu fiquei muito satisfeito quando eu recebi um presente feito por aquelas crianças lá do Projeto Araçá: uma caixinha de madeira bem feitinha, com a pintura feita pelo pessoal. Então, a Petrobras fez isso tudo com aquelas crianças de São Mateus. E, pra mim foi muito interessante aquilo dali. Agora, recentemente, a Empresa está autorizando dois centros de convivência de duas comunidades onde vai ter padaria – para as pessoas aprenderem a fazer pão – vai ter uma lojinha de coisas da região. São comunidades lá da beira da praia. São dois centros de convivência que foi autorizado, é uma obra que a gente está fazendo agora e que vai trazer muito benefício para as comunidades carentes.
P/1 – E o Senhor é filiado ao Sindicato?
R – Sou sim.
P/1 – E o Senhor lembra quais foram as principais conquistas do Sindicato?
R – O Sindicato, para mim, é uma entidade que ele vive, digamos assim, parece que ele é preparado para isso. São várias. Eu não posso citar, não tenho como citar nesse momento.
P/1 – E como é a relação do Sindicato com a Empresa?
R – Melhorou muito. De uns dois anos para cá, ela melhorou muito. Hoje, nós temos um Sindicato mais próximo da Empresa que, ao meu ver, estava faltando. Em outras ocasiões, se via o quê? Uma barreira e o Sindicato e a Empresa de outro. É como tivesse um muro: o Sindicato de um lado e a Empresa de outro e batendo de frente um com o outro. Ao meu ver, o resultado disso não é muito bom para nós empregados. Então, hoje a coisa está com mais harmonia, está sendo mais conversado. Prova disso são os acordos coletivos que vêm sendo fechados com mais consistência, com menos constrangimentos para ambas as partes. Hoje, a gente vê o presidente da Petrobras conversando com o presidente do Sindicato, o gerente conversando com presidente do Sindicato. Então, essa relação melhorou bastante. Espero que continue assim, porque eu acho que é uma satisfação para nós empregados entender o processo. Eu vejo aquele muro não existindo muito. Eu acho que tem que ser assim. A Petrobras entender o processo do Sindicato e o Sindicato entender o processo da Petrobras.
P/1 – O que o Senhor achou de ter participado desta entrevista, contribuindo para a memória dos Trabalhadores da Petrobras?
R – Eu achei ótimo. Muito satisfeito. Tenho muito orgulho de ser funcionário da Petrobras. Graças a Deus, tenho um salário que dá para criar a minha família, criar meus filhos com educação. A ajuda educacional que a Empresa hoje disponibiliza é outro fato interessante. Coisa que outras empresas lá fora, muitas, não fazem isso daí. Então, tenho muito orgulho de trabalhar na Petrobras, tenho muito orgulho mesmo. Muito satisfeito. Graças a Deus estou vendo os meus filhos se criando com uma educação que merecem – e era isso que todos os brasileiros deveriam ter. Então, eu destaco uma satisfação muito grande de ser funcionário da Empresa , com muito orgulho mesmo.
P/1 – Ok, Senhor Reginaldo. Muito obrigado pela entrevista.
R – Tá ok, obrigado.
(fim da entrevista ES 15)
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