Rebento
Dezoito de dezembro de mil novecentos e oitenta e uns quebrados
Hospital Casa Verde, São Paulo,
Sete horas da manhã
Quarto oito
Nasceu o rebento
Não precisou do tapa do doutor
Nasceu chorando
De olhos bem abertos
Nos braços da mãe encontrou seu conforto
O Pai celebra o nascimento
Cachaça, churrasco e samba
Era a festa que faltava para embalar o Natal
Depois de passar pelos braços dos curiosos, dormiu.
Acordou com o barulho da TV
“Diretas JÁ”
A crise estava acabando com as esperanças do povo
Voltou a dormir
E dormiu
Quando acordou viu sua mãe chorar
Tia Sueli se foi para sempre
Aquela tarde de primavera
Aqueles olhos desencontrados
Ah! Que dor, que saudade.
O rebento crescia
E com a vida dançava
Michael Jackson
Pink Floyd e Cazuza
E foi numa dessas tardes vagabundas de domingo
Que se apaixonou
Corinthians
Pacaembu
Casagrande e Doutor
A elegância conquistou o ranhento.
Mil novecentos e oitenta e nove
Primeiro dia de aula
Professora Claudia
Tabuada e gramática
Na escola do poeta
Fernando Pessoa
Nasceu um poeta
Rebento das palavras
Seu primeiro poema foi seu nome
Substantivo adjetivado.
Mil novecentos e noventa
Tupãzinho, Neto e Wilson Mano
Corinthians campeão do Brasil
A festa embalou seu aniversário
E seu primeiro vídeo game
Sua primeira surra
Seu primeiro descontentamento com a vida
Sua primeira paixão
Joyce
A filha da Adelaide.
Assistiu de camarote o impeachment do presidente
Naquele dia não teve sessão da tarde
Ouviu muitos fogos
Ouviu seu pai dizer que o dinheiro dele seria devolvido.
E com a vida dura o rebento fazia frases
Escrevia para as meninas da escola
Galanteador nato
Conquistou sua primeira menina, Daniela
E depois a Bianca
E depois a Fernanda
E depois...
Aprendeu a amar
A chorar com os tapas de correção do seu Pai
Aprendeu a orar
Foi para igreja
E descobriu a fé.
O bebê chorão
Cresceu
E é professor
Poeta e sedutor
Tem nos olhos...
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Rebento
Dezoito de dezembro de mil novecentos e oitenta e uns quebrados
Hospital Casa Verde, São Paulo,
Sete horas da manhã
Quarto oito
Nasceu o rebento
Não precisou do tapa do doutor
Nasceu chorando
De olhos bem abertos
Nos braços da mãe encontrou seu conforto
O Pai celebra o nascimento
Cachaça, churrasco e samba
Era a festa que faltava para embalar o Natal
Depois de passar pelos braços dos curiosos, dormiu.
Acordou com o barulho da TV
“Diretas JÁ”
A crise estava acabando com as esperanças do povo
Voltou a dormir
E dormiu
Quando acordou viu sua mãe chorar
Tia Sueli se foi para sempre
Aquela tarde de primavera
Aqueles olhos desencontrados
Ah! Que dor, que saudade.
O rebento crescia
E com a vida dançava
Michael Jackson
Pink Floyd e Cazuza
E foi numa dessas tardes vagabundas de domingo
Que se apaixonou
Corinthians
Pacaembu
Casagrande e Doutor
A elegância conquistou o ranhento.
Mil novecentos e oitenta e nove
Primeiro dia de aula
Professora Claudia
Tabuada e gramática
Na escola do poeta
Fernando Pessoa
Nasceu um poeta
Rebento das palavras
Seu primeiro poema foi seu nome
Substantivo adjetivado.
Mil novecentos e noventa
Tupãzinho, Neto e Wilson Mano
Corinthians campeão do Brasil
A festa embalou seu aniversário
E seu primeiro vídeo game
Sua primeira surra
Seu primeiro descontentamento com a vida
Sua primeira paixão
Joyce
A filha da Adelaide.
Assistiu de camarote o impeachment do presidente
Naquele dia não teve sessão da tarde
Ouviu muitos fogos
Ouviu seu pai dizer que o dinheiro dele seria devolvido.
E com a vida dura o rebento fazia frases
Escrevia para as meninas da escola
Galanteador nato
Conquistou sua primeira menina, Daniela
E depois a Bianca
E depois a Fernanda
E depois...
Aprendeu a amar
A chorar com os tapas de correção do seu Pai
Aprendeu a orar
Foi para igreja
E descobriu a fé.
O bebê chorão
Cresceu
E é professor
Poeta e sedutor
Tem nos olhos a chama do amor
Vive nos braços da felicidade
Na didática da vida
Ensina como não ser desleal
Pratica o sorriso
Faz amor
Combate o desamor
Sem blefar
Sem supor
Sem modismo
Sem miserabilidade
Dá ao mundo um pouco da sua arte
Eita vida meu
Que presente delicioso
Que vida.
Botou na cabeça:
“E o que resta é fazer história”
Costuma dizer que é filho da poesia
Irmão do Lima Barreto
Primo do Sabotage
Sobrinho do Cruz e Sousa
E amigo do Doutor King
Ufa!
E por aí vai o Rebento
Curioso
Charmoso
E
Risonho
Fazendo eterna sua festa.
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