Encontrar o que é realmente essencial. Esta expressão se repetia insistentemente no sonho. O que é realmente essencial está dentro de uma cesta de vime, lugar escuro como uma esfera cortada ao meio. Vi-me? Quem eu vi vendo-me? A parte de baixo da esfera era a base. A parte de cima era a tampa. Eu carregava a cesta com os braços em torno dela, como um abraço. Cesta próxima ao peito. Um corpo a corpo com o objeto. Como se eu tivesse encontrado o essencial tardiamente, depois de ter enviado o texto solicitado pela Universidade: o que é realmente essencial nestes tempos de pandemia? Andava com o cesto pela sala de nossa casa. A cor do cesto não era diferente da cor de lã escolhida para tecer o cachecol de uma das filhas. Marr-on. On-line. Na linha. O fio do novelo de lã. A COISA FALA: não corte o cordão umbilical!! A boca nasce de um fio mais apertado no rolo de lã. Na horizontal. Um traço. No sonho, vou cortar o fio com uma tesoura logo após ter terminado de tecer o cachecol. Esconder o pescoço. Fugir do ferimento, ou da ameaça de corte. Camadas de história. De geração em geração. Mães e filhas. Avós e netos. Há voz? Quem está falando, quando eu não consigo falar? Atualmente, tricotar tem sido a melhor forma de tecer um texto ilegível, indecifrável, inaudito. Sair de si. Perder-se. Perceber o fio tecer ponto a ponto. E junto, a sensação de não estar encontrando o ponto, de não estar acertando o passo, de não estar achando o foco. De não saber nada sobre o amanhã. Quero encontrar o tom (da cor da linha? Ou o tom da fala?). Pulverização da palavra. Atiro em todas as direções. Dispersão do pensamento. Desperdício de tempo. Estar onde não estou. A cesta de vime é como um ninho. Cena bíblica. Moisés. Marr-on. No mar. À deriva. Hoje pela manhã escuto o som do vento. Ainda não saí da cama. Difícil levantar. LEVANTE!
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Encontrar o que é realmente essencial. Esta expressão se repetia insistentemente no sonho. O que é realmente essencial está dentro de uma cesta de vime, lugar escuro como uma esfera cortada ao meio. Vi-me? Quem eu vi vendo-me? A parte de baixo da esfera era a base. A parte de cima era a tampa. Eu carregava a cesta com os braços em torno dela, como um abraço. Cesta próxima ao peito. Um corpo a corpo com o objeto. Como se eu tivesse encontrado o essencial tardiamente, depois de ter enviado o texto solicitado pela Universidade: o que é realmente essencial nestes tempos de pandemia? Andava com o cesto pela sala de nossa casa. A cor do cesto não era diferente da cor de lã escolhida para tecer o cachecol de uma das filhas. Marr-on. On-line. Na linha. O fio do novelo de lã. A COISA FALA: não corte o cordão umbilical!! A boca nasce de um fio mais apertado no rolo de lã. Na horizontal. Um traço. No sonho, vou cortar o fio com uma tesoura logo após ter terminado de tecer o cachecol. Esconder o pescoço. Fugir do ferimento, ou da ameaça de corte. Camadas de história. De geração em geração. Mães e filhas. Avós e netos. Há voz? Quem está falando, quando eu não consigo falar? Atualmente, tricotar tem sido a melhor forma de tecer um texto ilegível, indecifrável, inaudito. Sair de si. Perder-se. Perceber o fio tecer ponto a ponto. E junto, a sensação de não estar encontrando o ponto, de não estar acertando o passo, de não estar achando o foco. De não saber nada sobre o amanhã. Quero encontrar o tom (da cor da linha? Ou o tom da fala?). Pulverização da palavra. Atiro em todas as direções. Dispersão do pensamento. Desperdício de tempo. Estar onde não estou. A cesta de vime é como um ninho. Cena bíblica. Moisés. Marr-on. No mar. À deriva. Hoje pela manhã escuto o som do vento. Ainda não saí da cama. Difícil levantar. LEVANTE!
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As associações estão inseridas no relato. Muito obrigada pela oportunidade de participar deste bonito projeto.
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