Sonhei que estava entrando num prédio, provavelmente um hotel onde estava hospedada. Ao mesmo tempo parecia uma fábrica ou um canteiro de obras. Comecei a subir por algumas escadas, e uma moça toda suja de barro ou poeira ou cimento me disse: ""O caminho para o hotel não é aqui, esse caminho vai dar nos barracões"". Entendi que iria dar no lugar em que os trabalhadores da obra moravam e que era algo muito pobre e precário. Agradeci e peguei outro rumo. Porém, devo ter me perdido, e fui parar na ponte que estava sendo construída. Decidi caminhar sobre a ponte. Só que, em um bom trecho, ela ainda não estava concluída. O que existia era só um esqueleto de ponte, de arames pretos. Andei em cima daquilo, e a estrutura balançava sob os meus pés. Por dentro, me criticava por ter decidido por esse caminho. Mas não parei, com fé de que ela não cairia enquanto eu andava. Por sorte, não olhei nenhum momento para baixo. Então, não sei o que havia embaixo nem qual a altura. No sonho, eu me lembrava que tenho medo de altura, e acho que me esforcei para não olhar para baixo. Cheguei à outra margem, a partir da qual alguém se lançou ou foi lançado sobre a ponte e ela ruiu.
Que associações você faz entre seu sonho e o momento de pandemia?
O caminhar sobre a ponte. Quando a parte de concreto acaba e eu começo a caminhar no que seria o esqueleto da ponte. Me sinto vulnerável, tudo balança, posso cair. Mas consigo chegar à outra margem em segurança. Penso que eu vá conseguir atravessar esse momento difícil. Outras pessoas talvez não consigam, como a pessoa que se jogou sobre a ponte depois que eu cheguei à margem. Preciso só não olhar para baixo, não focar na vulnerabilidade, mas na resiliência pra prosseguir.