Moro e trabalho no norte de Santa Catarina, aqui não é raro atitudes e falas preconceituosas e racistas, passei muito tempo da minha infância visitando a casa dos meus avós paternos, eu amava o carinho e mimos que eles davam para mim e meu irmão, um ano mais novo. Sempre com maior amor minha vó cuidava de nós e nunca nos faltou doces e guloseimas na casa deles, meu sentimento era de proteção e cuidado. Contudo, algo mudava quando saíamos para a rua brincar com os vizinhos deles, ou assistíamos aos programas de TV juntos.
Nestes momentos víamos uma raiva que não compreendíamos, um ódio que não fazia sentido. Meu avô usava termos racistas, e simplesmente odiava pessoas negras, odiava tanto ao ponto de xingar em voz alta o simples aparecimento de uma pessoa negra no programa de TV que ele estava assistindo. A brincadeira na rua da casa deles com os vizinhos acabava quando ele percebia que uma das crianças ali reunidas conosco era negra, naquele instante tínhamos que nos recolher para casa para não nos misturarmos com aquele tipo de pessoa, ele gritava.
Com o tempo, eu e meu irmão começamos a perguntar a nossos pais o porque daquela reação, e o que aquelas pessoas tinham feito de tão errado a ponto do meu avô ter tanto ódio. Minha mãe nos explicou da forma que ela tinha compreensão sobre o racismo, e como isso está enraizado na nossa cultura ainda, e como pessoas boas como meu avô poderia ter tanto ódio de pessoas que nunca fizeram mau algum a ele. Depois dessas conversas, meu sentimento com relação a ele ficou confuso, pois alternava entre uma raiva extrema e o amor que ele tinha com os netos.
Até hoje não sei dizer se havia algo que pudéssemos fazer ou falar que mudaria a mentalidade dele, mas tenho certeza de que os ensinamentos dos meus pais fizeram toda a diferença para que este tipo de racismo e ódio que meu avô tinha não continuasse na família. Por isso, ao meu ver, é importante conversarmos sobre preconceito, seja...
Continuar leitura
Moro e trabalho no norte de Santa Catarina, aqui não é raro atitudes e falas preconceituosas e racistas, passei muito tempo da minha infância visitando a casa dos meus avós paternos, eu amava o carinho e mimos que eles davam para mim e meu irmão, um ano mais novo. Sempre com maior amor minha vó cuidava de nós e nunca nos faltou doces e guloseimas na casa deles, meu sentimento era de proteção e cuidado. Contudo, algo mudava quando saíamos para a rua brincar com os vizinhos deles, ou assistíamos aos programas de TV juntos.
Nestes momentos víamos uma raiva que não compreendíamos, um ódio que não fazia sentido. Meu avô usava termos racistas, e simplesmente odiava pessoas negras, odiava tanto ao ponto de xingar em voz alta o simples aparecimento de uma pessoa negra no programa de TV que ele estava assistindo. A brincadeira na rua da casa deles com os vizinhos acabava quando ele percebia que uma das crianças ali reunidas conosco era negra, naquele instante tínhamos que nos recolher para casa para não nos misturarmos com aquele tipo de pessoa, ele gritava.
Com o tempo, eu e meu irmão começamos a perguntar a nossos pais o porque daquela reação, e o que aquelas pessoas tinham feito de tão errado a ponto do meu avô ter tanto ódio. Minha mãe nos explicou da forma que ela tinha compreensão sobre o racismo, e como isso está enraizado na nossa cultura ainda, e como pessoas boas como meu avô poderia ter tanto ódio de pessoas que nunca fizeram mau algum a ele. Depois dessas conversas, meu sentimento com relação a ele ficou confuso, pois alternava entre uma raiva extrema e o amor que ele tinha com os netos.
Até hoje não sei dizer se havia algo que pudéssemos fazer ou falar que mudaria a mentalidade dele, mas tenho certeza de que os ensinamentos dos meus pais fizeram toda a diferença para que este tipo de racismo e ódio que meu avô tinha não continuasse na família. Por isso, ao meu ver, é importante conversarmos sobre preconceito, seja ele de qualquer tipo.
Recolher