P - Eu queria começar a entrevista pedindo pra você falar o seu nome
completo, data e local de nascimento.
R - 8/7/64. Nasci numa cidade chamada Tocantins, Minas Gerais. Vim pra
São Paulo em 79.
P - E o seu nome completo?
R - Edílson de Paula Oliveira.
P - Edílson, qual foi o seu primeiro emprego?
R - O meu primeiro emprego foi de office-boy numa empresa, do qual
estou até hoje, inclusive. Sou funcionário dessa empresa há 26 anos. É
uma empresa de plástico, uma empresa no setor químico. Fica aqui na
região do Cambuci. Entrei lá com 14 anos de idade.
P - E qual foi a primeira vez que você participou de um primeiro de
maio?
R - Participei na Vila Euclides, lá em São Bernardo. E todos aqueles
primeiros de maio, de 80 pra cá, todos eles eu fiz questão de
participar. Num primeiro como cidadão, porque eu não era dirigente, e
depois como dirigente sindical, a partir de 85.
P - Os jovens que nós entrevistamos sabiam como era. Você podia
descrever como era o primeiro de maio lá no ABC?
R - Olha, nós já tivemos primeiro de maio, por exemplo que, enquanto
nós estávamos lá embaixo fazendo a discussão política dos
trabalhadores, o helicóptero do exército passou por cima. Hoje você vê,
por exemplo, que a própria PM aqui hoje é uma parceira hoje. Isso não
foi ganhado numa boa. Isso foi ganhado com muito sacrifício e muita
luta. Precisando, inclusive, ter pessoas amigos nossos, perder a vida
pra nós chegarmos hoje a fazer um primeiro de maio nesse estilo aqui,
inclusive na Avenida Paulista, que pra mim o ano passado foi um desafio
muito grande. Então, assim, pra nós trabalhadores fazermos o primeiro
de maio na avenida mais rica do mundo, isso não é qualquer coisa, isso
mostra que nós tivemos capacidade de ganhar espaço na época do regime
militar. E hoje os trabalhadores estão podendo vim aqui, ouvir uma
música...
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P - Eu queria começar a entrevista pedindo pra você falar o seu nome
completo, data e local de nascimento.
R - 8/7/64. Nasci numa cidade chamada Tocantins, Minas Gerais. Vim pra
São Paulo em 79.
P - E o seu nome completo?
R - Edílson de Paula Oliveira.
P - Edílson, qual foi o seu primeiro emprego?
R - O meu primeiro emprego foi de office-boy numa empresa, do qual
estou até hoje, inclusive. Sou funcionário dessa empresa há 26 anos. É
uma empresa de plástico, uma empresa no setor químico. Fica aqui na
região do Cambuci. Entrei lá com 14 anos de idade.
P - E qual foi a primeira vez que você participou de um primeiro de
maio?
R - Participei na Vila Euclides, lá em São Bernardo. E todos aqueles
primeiros de maio, de 80 pra cá, todos eles eu fiz questão de
participar. Num primeiro como cidadão, porque eu não era dirigente, e
depois como dirigente sindical, a partir de 85.
P - Os jovens que nós entrevistamos sabiam como era. Você podia
descrever como era o primeiro de maio lá no ABC?
R - Olha, nós já tivemos primeiro de maio, por exemplo que, enquanto
nós estávamos lá embaixo fazendo a discussão política dos
trabalhadores, o helicóptero do exército passou por cima. Hoje você vê,
por exemplo, que a própria PM aqui hoje é uma parceira hoje. Isso não
foi ganhado numa boa. Isso foi ganhado com muito sacrifício e muita
luta. Precisando, inclusive, ter pessoas amigos nossos, perder a vida
pra nós chegarmos hoje a fazer um primeiro de maio nesse estilo aqui,
inclusive na Avenida Paulista, que pra mim o ano passado foi um desafio
muito grande. Então, assim, pra nós trabalhadores fazermos o primeiro
de maio na avenida mais rica do mundo, isso não é qualquer coisa, isso
mostra que nós tivemos capacidade de ganhar espaço na época do regime
militar. E hoje os trabalhadores estão podendo vim aqui, ouvir uma
música e também discutir política, discutir as propostas da Central dos
Trabalhadores. Então pra mim é um orgulho muito grande. Mas pra mim o
primeiro de maio que mais marcou, sem dúvida nenhuma, foi o ano
passado, e teve todo um desafio da nossa central fazer um primeiro de
maio com toda essa, trazer mais de quinhentas mil pessoas pra rua no
dia primeiro de maio. Os primeiros de maio da CUT estavam ficando um
pouco assim muito com a militância nossa. E aí eu mais Maria defendemos
que na central a militância nós temos plenário, nós temos congresso,
nós temos assembléia do sindicato. Então esse público já fala com a
gente no dia-a-dia. Agora, nós precisávamos dialogar com essa massa
aqui, principalmente com a juventude, pra contar a história da central,
mostrar que nós chegamos aqui hoje com muito sacrifício, muita luta.
P - E, quer dizer, quantos meses vocês demoraram pra organizar esse
primeiro de maio do ano passado?
R - Olha, o ano passado nós começamos no mês de janeiro. Esse ano a
gente, quando você faz o primeiro, o segundo você usa já parte daquela
estrutura do primeiro. Então, facilita muito. Mas o primeiro, sem
dúvida nenhuma, foi um desafio muito grande porque, primeiro já havia
divergência na Central Única dos Trabalhadores de fazer o primeiro de
maio com esse formato. Existia divergência. Nós tivemos que superar a
divergência interna e fazer com que o evento ficasse no estilo da
Central dos Trabalhadores. Você vê, por exemplo, aqui, contando a
história da jornada de trabalho, contando a história da estrutura
sindical. Então, isso é um... Vamos também aqui, uma parte do dia de
hoje vamos estar lembrando um pouco da democracia, os 20 anos de
democracia no Brasil. Então são essas questões. Então pra mim, que sou
dirigente da CUT São Paulo, pra mim só de estar pisando aqui na
Paulista no dia dos trabalhadores já é uma satisfação muito grande.
Mostra que nós estamos conquistando um espaço que não era nosso, é de
uma pequena parcela da sociedade só.
P - E pra finalizar, Edílson, ano que vem são 120 anos do primeiro de
maio. O quê que representa o primeiro de maio pra classe trabalhadora?
R - Primeiro de maio é um momento pra o trabalhador fazer uma reflexão,
o mundo todo. Se você pegar, hoje é um dia que o mundo todo tem gente
na rua, nas praças, fazendo com que, comemorando aquilo que foi
conquista no decorrer do ano, mas também apontando desafios. Então,
hoje com a política globalizada, hoje a demanda da Alca que está vindo
aí, a questão da Alca. Tudo isso mostra que, cada vez mais, os
trabalhadores têm que se conscientizar que ele tem um papel, não o
trabalhador brasileiro, o trabalhador internacional, porque a
globalização levou as economias a se juntarem, os grandes grupos
econômicos, os trabalhadores têm que se juntarem. Então para o
trabalhador o primeiro de maio é um momento pra fazer uma reflexão de,
inclusive, cobrar dos nossos representantes na esfera política, tanto
na esfera federal, municipal, estadual, a responsabilidade que nós
devemos ter política pra superar a miséria no nosso país, superar o
desemprego, cada vez mais ter renda nesse país pra gente poder ter uma
sociedade mais justa.
P - Muito obrigado.
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