Sempre gostei de passarinhos, em especial de periquitos. São gritadores, barulhentos e alegram as minhas manhãs. Um fato que marcou minha vida foi um episódio com uma periquita que tive há uns dez anos. Ela era a segunda fêmea de um periquito, o John, que ainda hoje está vivo. A primeira esposa dele, a Olívia, morreu de parto.
Bem, acontece que Menina (era o nome dela) tinha “sonhos de liberdade” e vivia querendo fugir. Certa vez, em uma manhã ensolarada de sábado, estávamos todos à mesa da cozinha, tomando nosso café, quando, num relance, percebi pelo canto dos olhos, um vulto azul passando pelo lado de fora da janela da cozinha e quando fomos ver era a periquita que tinha saído da gaiola, mas conseguimos pegá-la. Foi um susto, porque temos duas cachorrinhas Basset muito bravas. Isso foi o começo de uma série de tentativas de fugas.
Um dia, fui ao supermercado e deixei minha cunhada cuidando da casa para mim. Ao voltar, encontrei-a lavando a garagem e foi aí que aconteceu o inesperado: ainda na calçada avistei a periquita “caminhando” tranqüilamente perto das plantas e, exatamente neste momento, minha cachorrinha Lady apontou na porta. Desespero total. Eu não sabia se avisava a Lídia sobre a periquita, ou se tentava correr até ela. Numa fração de segundos chamei a cachorra para perto de mim: “vem, Ladynha, com a mamãe”. Quando ela veio, eu a segurei e pedi para a Lídia tentar pegar a periquita. Foi aí que aconteceu o pior: a danada voou para o portão e em seguida para a rua. Fiquei desesperada – era um caso de vida ou morte:
-- Lídia, pega a gaiola, pega uma toalha, rápido.
Ao virar-me, a cena era horrível: o vizinho estava com o portão aberto e o seu cachorro, na rua, a poucos metros da passarinha, pronto para abocanhá-la. Só deu tempo de gritar:
-- Moço, o cachorro! Prende o seu cachorro! Ele vai comer a minha periquita.
Neste momento, a danadinha estava entrando...
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Sempre gostei de passarinhos, em especial de periquitos. São gritadores, barulhentos e alegram as minhas manhãs. Um fato que marcou minha vida foi um episódio com uma periquita que tive há uns dez anos. Ela era a segunda fêmea de um periquito, o John, que ainda hoje está vivo. A primeira esposa dele, a Olívia, morreu de parto.
Bem, acontece que Menina (era o nome dela) tinha “sonhos de liberdade” e vivia querendo fugir. Certa vez, em uma manhã ensolarada de sábado, estávamos todos à mesa da cozinha, tomando nosso café, quando, num relance, percebi pelo canto dos olhos, um vulto azul passando pelo lado de fora da janela da cozinha e quando fomos ver era a periquita que tinha saído da gaiola, mas conseguimos pegá-la. Foi um susto, porque temos duas cachorrinhas Basset muito bravas. Isso foi o começo de uma série de tentativas de fugas.
Um dia, fui ao supermercado e deixei minha cunhada cuidando da casa para mim. Ao voltar, encontrei-a lavando a garagem e foi aí que aconteceu o inesperado: ainda na calçada avistei a periquita “caminhando” tranqüilamente perto das plantas e, exatamente neste momento, minha cachorrinha Lady apontou na porta. Desespero total. Eu não sabia se avisava a Lídia sobre a periquita, ou se tentava correr até ela. Numa fração de segundos chamei a cachorra para perto de mim: “vem, Ladynha, com a mamãe”. Quando ela veio, eu a segurei e pedi para a Lídia tentar pegar a periquita. Foi aí que aconteceu o pior: a danada voou para o portão e em seguida para a rua. Fiquei desesperada – era um caso de vida ou morte:
-- Lídia, pega a gaiola, pega uma toalha, rápido.
Ao virar-me, a cena era horrível: o vizinho estava com o portão aberto e o seu cachorro, na rua, a poucos metros da passarinha, pronto para abocanhá-la. Só deu tempo de gritar:
-- Moço, o cachorro! Prende o seu cachorro! Ele vai comer a minha periquita.
Neste momento, a danadinha estava entrando debaixo de um carro que estava estacionado e o cachorro querendo pegá-la. Naquele momento eu só tinha uma intenção: salvar a periquita. Continuei gritando:
-- Moço, guarda o cachorro que ele vai comer a minha periquita.
Enquanto eu tentava salvá-la do cachorro, ela voou de casa em casa até chegar no meio do quarteirão. Nessa altura do campeonato, a rua que estava quase deserta ficou movimentada. Eu com a gaiola e a toalha na mão e os outros tentando ajudar:
-- Pega a periquita para mim.
Mas ela era ligeira, cada vez que alguém chegava perto, ela voava para outro portão. Por fim, no meio de tanto tumulto e alvoroço, vinha um homem simples e tranqüilo que, ao passar por mim, disse:
-- Calma dona, eu vou pegar a sua periquita.
Tranquilamente pegou a periquita que estava cansada de tanto tentar fugir e colocou-a de volta na gaiola. Ufa! Foi um alívio vê-la sã e salva em casa.
Depois que tudo voltou ao normal, comecei a pensar no ocorrido e só então me dei conta da cena. Fiquei imaginando eu, correndo pela rua, gritando: “Moço, seu cachorro vai comer a minha periquita, prende ele”. Um rubor tomou conta do meu rosto e, ao mesmo tempo ria da cena engraçada que a periquita me fez passar. Eta periquita danada. Por fim, um dia, ao tentar a fuga mais uma vez, Menina terminou morta pela Lady, que é uma caçadora implacável. Quanto ao John, depois de um período de luto, casou-se mais uma vez... mas, novamente, foi abandonado. Hoje ele está solteiro, vive muito feliz e todos os dias quando vou alimentá-lo ele demonstra sua gratidão com algumas bicadinhas carinhosas.
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