Facebook Informações Ir direto ao conteúdo
Personagem: Luiz Alberto Mendes
Por: Museu da Pessoa, 27 de abril de 2007

Páginas de um sobrevivente

Esta história contém:

Páginas de um sobrevivente

Vídeos (2)

Navegue horizontalmente pra acessá-los

Luiz Alberto Mendes Júnior. Nasci em 04 de Maio de 1952, em São Paulo.

Meu pai era alcoólatra, enchia a cara de pinga todo dia, chegava em casa batendo e brigando com minha mãe e comigo, até desmaiar de tão bêbado.

Minha mãe era bruta. Nunca fiz nela um carinho físico, nem ela em mim. Mas havia um carinho diferente, nos olhos, nas atitudes.

Aos sete anos, minha situação familiar vai repercutir na escola. Virei o diabo. Aquele tempo a gente apanhava da professora com tapa na cara. Tive várias brigas com professores. Fui expulso do colégio.

Voltei pra outro colégio, Barão de Mauá, e fiz o primeiro ano ginasial. Mas já estava muito envolvido com a cidade de São Paulo, as suas luzes, as suas cores. Fui estudar de noite, na Avenida Celso Garcia, no Brás, próximo do centro. Então vira e mexe cabulava aula e ia ver a noite. Via os moleques lá tudo solto na rua, à vontade. Achava que aquilo era liberdade.

Comecei a fugir de casa aos onze anos, daí o juizado me pegava e me mandava pro plantão. As crianças que ninguém queria e que o governo criava, colocavam ali. Só que esses caras não queriam cuidar da gente, eles queriam é comer a gente, tomar tudo que a gente tinha. A chave ali era fugir.

A primeira vez que fiquei ali, apanhei pra caramba da polícia, dos menores e tal. Na segunda, fugi com o moleques e aprendi a roubar. Com o tempo, já não pra sobreviver, mas pra se adiantar. A gente entrava nas casas pra vandalizar mesmo. Rasgava o estofado, cagava na geladeira, rebentava tudo, detonava. Já com certo ódio porque a gente era muito judiado no juizado. Então achava que alguém tinha que pagar por aquilo.

Quando vinha para casa da minha mãe, ficava uns dias, meu pai exigia, porque já não estudava mais, que fosse trabalhar. Arrumava emprego de office-boy. Passava um mês trabalhando, quando deixavam uma chance de depositar muito dinheiro no banco ou o cofre marcando, eu “vrupt” e linha na pipa. Ia pro Rio de...

Continuar leitura

Dados de acervo

Baixar texto na íntegra em PDF

Projeto Memórias da Literatura

Entrevista de Luiz Alberto Mendes

Entrevistado por Bruno e Eduardo

São Paulo, 27/04/2007

Realização: Museu da Pessoa

Entrevista número: ML_HV004

Transcrito por Tereza Ruiz

Revisado por Luiza Gallo Favareto

2º Revisão: Nataniel Torres

P/1 – Bem, a metodologia do Museu, a gente pede pra você dizer seu nome completo, a data e local de nascimento.

R – Luiz Alberto Mendes Júnior, nasci em quatro de cinco de 52, em São Paulo.

P/1 – Fazer aniversário a semana que vem.

R – Exatamente.

P/1 – Nascido em São Paulo?

R – Fazer 55 anos.

P/1 – E Luiz, qual é o nome dos seus pais?

R – Luiz Alberto Mendes, obviamente né, e Eida de Oliveira Mendes.

P/1 – E qual que era a profissão dos seus pais?

R – Minha mãe era copeira e meu pai motorista de praça, motorista de táxi.

P/2- Você tem irmãos?

R– Eu tenho irmão por parte de pai, que não foi criado comigo.

P/2 – E você tem ligação com ele hoje em dia, não?

R – Eu tive. A última ligação que tive com ele foi um encontro, a gente conversou e tudo. Mas eu tenho aproximação com a filha dele. A minha sobrinha, hoje é meu braço direito, é a pessoa mais próxima de mim, chama-se Carla Fonseca Mendes, tem até meu sobrenome.

P/1 – E ela trabalha com você?

R – Não. Ela é uma secretária e trabalha num banco, mas ela é meu braço, quando eu preciso de qualquer coisa, como ela é secretária, tem acesso, telefonia, e-mail, tudo, ela tipo me assessora. Como é pouco o que eu faço, é pouca a minha produção, então fica fácil pra ela.

P/2 – Luiz, voltando um pouco agora na sua infância, você nasceu aqui em São Paulo, viveu e passou aqui. Como foram esses primeiros anos de vida, o que você pode nos contar da sua vida em casa, de como era a sua casa, a dinâmica ali com os seus pais, a relação com os seus pais...

R – Bom, eu vou começar contando uma historinha pra vocês que é bem explicativa de como era a situação....

Continuar leitura

O Museu da Pessoa está em constante melhoria de sua plataforma. Caso perceba algum erro nesta página, ou caso sinta falta de alguma informação nesta história, entre em contato conosco através do email atendimento@museudapessoa.org.

Histórias que você pode gostar

Eu gosto de desafiar aquilo que é impossível
Vídeo Texto
 A LINDA HISTÓRIA DE MÃE JÔ
Texto

Joana Benedita Candido

A LINDA HISTÓRIA DE MÃE JÔ
Sou persistente, quando falei que vinha, nasci
Vídeo Texto

Maria de Jesus Pereira Santana

Sou persistente, quando falei que vinha, nasci
Preta Rara além da dor
Vídeo Texto
fechar

Denunciar história de vida

Para a manutenção de um ambiente saudável e de respeito a todos os que usam a plataforma do Museu da Pessoa, contamos com sua ajuda para evitar violações a nossa política de acesso e uso.

Caso tenha notado nesta história conteúdos que incitem a prática de crimes, violência, racismo, xenofobia, homofobia ou preconceito de qualquer tipo, calúnias, injúrias, difamação ou caso tenha se sentido pessoalmente ofendido por algo presente na história, utilize o campo abaixo para fazer sua denúncia.

O conteúdo não é removido automaticamente após a denúncia. Ele será analisado pela equipe do Museu da Pessoa e, caso seja comprovada a acusação, a história será retirada do ar.

Informações

    fechar

    Sugerir edição em conteúdo de história de vida

    Caso você tenha notado erros no preenchimento de dados, escreva abaixo qual informação está errada e a correção necessária.

    Analisaremos o seu pedido e, caso seja confirmado o erro, avançaremos com a edição.

    Informações

      fechar

      Licenciamento

      Os conteúdos presentes no acervo do Museu da Pessoa podem ser utilizados exclusivamente para fins culturais e acadêmicos, mediante o cumprimento das normas presentes em nossa política de acesso e uso.

      Caso tenha interesse em licenciar algum conteúdo, entre em contato com atendimento@museudapessoa.org.

      fechar

      Reivindicar titularidade

      Caso deseje reivindicar a titularidade deste personagem (“esse sou eu!”),  nos envie uma justificativa para o email atendimento@museudapessoa.org explicando o porque da sua solicitação. A partir do seu contato, a área de Museologia do Museu da Pessoa te retornará e avançará com o atendimento.