Projeto Memória dos Trabalhadores da Bacia de Campos
Depoimento de Otávio Cardoso da Costa
Entrevistado por Inês Gouveia
Macaé 11 de junho de 2008.
Realização Museu da Pessoa
Entrevista nº PETRO_CB400
Transcrito por Rosângela Maria Nunes Henriques.
P/1 – Vou pedir para que você começasse dizendo seu nome completo, a data de nascimento e também o local de nascimento?
R – Meu nome é Otávio Cardoso da Costa, eu nasci no dia 03 de outubro de 62 na cidade de São Gotardo, uma cidade do interior de Minas Gerais.
P/1 – E você entrou na Petrobrás quando Otávio?
R – Eu entrei no ano de 1990 no ano do Fernando Collor de Mello, uma época meio tumultuada.
P/1 – Quais foram suas motivações? O que fez com que você entrasse na Petrobrás?
R – Eu sempre falo que eu segui o conselho do meu pai, meu pai sempre falava comigo: “filho se você quiser ser empregado trabalhe para um patrão rico, por exemplo, uma empresa grande” e isso foi uma das principais motivações e por ser também de Campos e não me arrependo de ter seguido o conselho do meu pai que realmente eu acho que fiz a escolha certa, hoje em dia eu tenho bastante consciência disso.
P/1 – Na época a sua formação era qual?
R – Eu fiz Engenharia eletrônica e não me arrependo também, foi uma área que eu gostei muito e na Petrobrás eu entrei na parte de Engenharia de Produção.
P/1 – Você pode contar um pouco pra gente o que você fazia como engenheiro de Produção?
R – Quando eu comecei trabalhando na empresa, eu comecei a trabalhar na área de avaliação, antiga divisão de avaliação a Diraf era uma parte da área de completação de poços, logo depois essa atividade foi extinta e na verdade se juntou com a área de completação, aí eu passei a trabalhar na área de completação.
P/1 – O que significa a área de completação?
R – É preparar o poço de petróleo para produzir, isto é, instalar os equipamentos necessários para produção do...
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Depoimento de Otávio Cardoso da Costa
Entrevistado por Inês Gouveia
Macaé 11 de junho de 2008.
Realização Museu da Pessoa
Entrevista nº PETRO_CB400
Transcrito por Rosângela Maria Nunes Henriques.
P/1 – Vou pedir para que você começasse dizendo seu nome completo, a data de nascimento e também o local de nascimento?
R – Meu nome é Otávio Cardoso da Costa, eu nasci no dia 03 de outubro de 62 na cidade de São Gotardo, uma cidade do interior de Minas Gerais.
P/1 – E você entrou na Petrobrás quando Otávio?
R – Eu entrei no ano de 1990 no ano do Fernando Collor de Mello, uma época meio tumultuada.
P/1 – Quais foram suas motivações? O que fez com que você entrasse na Petrobrás?
R – Eu sempre falo que eu segui o conselho do meu pai, meu pai sempre falava comigo: “filho se você quiser ser empregado trabalhe para um patrão rico, por exemplo, uma empresa grande” e isso foi uma das principais motivações e por ser também de Campos e não me arrependo de ter seguido o conselho do meu pai que realmente eu acho que fiz a escolha certa, hoje em dia eu tenho bastante consciência disso.
P/1 – Na época a sua formação era qual?
R – Eu fiz Engenharia eletrônica e não me arrependo também, foi uma área que eu gostei muito e na Petrobrás eu entrei na parte de Engenharia de Produção.
P/1 – Você pode contar um pouco pra gente o que você fazia como engenheiro de Produção?
R – Quando eu comecei trabalhando na empresa, eu comecei a trabalhar na área de avaliação, antiga divisão de avaliação a Diraf era uma parte da área de completação de poços, logo depois essa atividade foi extinta e na verdade se juntou com a área de completação, aí eu passei a trabalhar na área de completação.
P/1 – O que significa a área de completação?
R – É preparar o poço de petróleo para produzir, isto é, instalar os equipamentos necessários para produção do poço.
P/1 – E esse trabalho exige então que você esteja embarcado?
R - Isso. Existem trabalhos embarcados e existem trabalhos em terra, trabalhos de planejamento e trabalho de execução no mar. Eu trabalhei... Comecei a trabalhar na parte de execução embarcado como fiscal de completação.
P/1 – Qual era a rotina de trabalho em termos de dias, né? Quantos dias você ficava embarcado? Como que era isso?
R – Quando eu comecei na empresa foi logo depois que foi implantado o regime de 14 por 21, você trabalha duas semanas no mar e três semanas de folga foi um dos primeiros grupos que pegaram esse tipo de regime.
P/1 – Como é que era o cotidiano dentro da... Como era o cotidiano de trabalho embarcado Otávio? Conta um pouco pra gente?
R – Naquela época era bem pesado, imagino hoje não estou mais ligado diretamente à parte de embarcado, mas imagino que já melhorou muito. O fiscal de completação ele trabalhava praticamente sozinho na sonda, ele tinha todo trabalho de planejamento de material ou de operação era com ele. Foi a mesma coisa que eu senti um pouco de dificuldade, aliás, muita dificuldade não foi pouca não, foi muita dificuldade era o inglês. As sondas eram contratadas de firmas americanas e eu não tinha o total domínio de inglês, foi a minha melhor aula de inglês que eu já tive. Em um ano eu aprendi inglês assim acho que por cinco anos de curso.
P/1 – Em função da necessidade de operar as ferramentas, os maquinários com o qual você lidava?
R – Exatamente. A própria atividade eu era o fiscal da atividade de completação e eu não podia ter o luxo de não entender nada, né? De não entender alguma coisa, se você deixasse de entender alguma coisa se isso fosse importante poderia comprometer a operação.
P/1 – Já que você tocou nesse ponto Otávio a gente sabe da diversidade de trabalhadores que a Petrobrás agrega e pessoas inclusive de fora do Brasil, você chegou a trabalhar com alguém que não era brasileiro?
R - Cheguei bastante no começo era praticamente os especialistas da área eram todos não brasileiros.
P/1 – E como é que era essa relação? Como é que era esse convívio?
R – Era um convívio bom, era um convívio profissional, a gente aprende muita coisa que geralmente os americanos, os estrangeiros eles trabalham de uma maneira muito profissional e isso é uma coisa que a gente aprende muito com eles.
P/1 – Em relação aqui à Bacia de Campos nesse trabalho quais foram as plataformas, os poços que você teve mais contatos do que está ativo hoje, do que está funcionando?
R – Logo depois eu comecei a trabalhar como especialista da parte elétrica submarina e isso me deu muita oportunidade de conhecer praticamente todos os projetos importantes da época, eram projetos que eram novidades tecnológicas da época como vaspes, bipahaigh eu tive oportunidade de trabalhar quase todos esses projetos e para mim foi muito gratificante.
P/1 – Nessa época do trabalho embarcado você já era casado?
R – Já sim, já era casado.
P/1 – E como é que era essa coisa de ficar longe da família?
R – Olha é uma coisa difícil principalmente para as pessoas que ficam que é a minha esposa e meus filhos, né? Meus filhos já nasceram quando eu estava embarcado, eu já trabalhava embarcado, mas eu sentia muito o sentimento deles de falta daquele convívio diário e o trabalho também da minha esposa de cuidar deles, né? Porque a responsabilidade fica praticamente em cima dela durante a minha ausência.
P/1 – Havia possibilidade de comunicação constante com a família?
R – Sim sempre... No começo tinha plataforma que tinha alguma dificuldade de telefone, às vezes ficava aí dois ou três dias sem telefone, mas não era constante, era raro.
P/1 – Você falou da dificuldade em relação ao inglês, né? É bastante interessante, mas eu te pergunto Otávio desses anos, quase 18 anos que você me disse, qual foi o maior desafio profissional que você enfrentou na Petrobrás?
R – Olha, eu enfrentei alguns desafios, mas sempre a Petrobrás como um todo e os colegas como uma corporação sempre deram muito apoio. Isso é um ponto muito positivo na força de trabalho da Petrobrás a gente sempre trabalha como equipe e isso é uma coisa que eu vejo é uma coisa de muito valor na Petrobrás e na equipe de trabalho.
P/1 – já que você falou de equipe também, pegando a coisa da diversidade do trabalhador, você conseguiria definir hoje um perfil do atual trabalhador da Bacia de Campos?
R – Perfil atual que eu vejo, hoje está mais profissional essa relação entre a equipe bem mais profissional que no passado é uma relação bem... Com regras, com... A gente tem agora o código de ética que não tinha ainda atualmente é muito mais regulamentado e profissional.
P/1 – Otávio, em sua opinião qual foi a fase mais marcante desses quase 31 anos de produção da Bacia de Campos?
R – Eu entendo que foi auto-suficiência isso a Petrobrás soube incentiva a gente e dar valor aos funcionários... A quem participou e a Petrobrás ela participou dessa conquista, ela participou os funcionários dessa conquista, sempre frisando que a equipe de trabalho foi um dos fatores que fez contribuir para chegar à auto-suficiência.
P/1 – Isso foi em que momento? Qual o ano?
R – Foi em 2006, eu uso até hoje o cordãozinho todo mundo orgulhoso e realmente a equipe toda ficou muito orgulhosa disso.
P/1 – Isso foi comemorado de alguma forma mais explícita entre os funcionários?
R – Foi comemorado pela empresa e os funcionários participaram todos dessa comemoração junto com a empresa.
P/1 – Desde que você entrou Otávio, em que momento que você se deu mais conta de que a Bacia de Campos havia dado certo? Houve esse momento? Um acontecimento específico que...
R – Eu acho que foi aos poucos, não houve um acontecimento específico, foi aos poucos a cada recorde que a gente batia de produção a Bacia de Campos estava sempre presente, sempre contribuindo com a maior parte praticamente quase 100% dessa parte, né? A Bacia de Campos pra mim é um sucesso e esse sucesso é devido ao esforço tanto do corpo técnico quanto do corpo gerencial, esse resultado não foi a toa e não se adquiriu esse resultado... Não se conseguiu esse resultado do dia para a noite foram anos trabalhando, né? Esse é o resultado de anos de trabalho e o trabalho que eu vejo num caminho certo daí os resultados que a gente conseguiu.
P/1 – Você deixou de trabalhar embarcado faz quanto tempo Otávio?
R – Há uns três anos.
P/1 – Você sente falta?
R – Eu gosto de trabalhar embarcado, eu gosto, mas aqui no escritório também tem suas vantagens tanto embarcado quanto em terra eu vejo muitas oportunidades.
P/1 – Como é o seu cotidiano de trabalho hoje?
R – Hoje atualmente eu trabalho com a parte de engenharia Submarina, a parte de projetos e equipamentos submarinos projeto e compras, eu sempre falo que eu sou um entusiasta da Petrobrás, eu estou sempre entusiasmado desde quando entrei na empresa. No começo quando você entra na empresa você não vê o potencial por você ser muito novo, um profissional muito novo, mas com o tempo você vai vendo que existem outras referências, outros colegas que foram para outras empresas... Eu me sinto cada vez mais orgulhoso e mais ciente de que eu fiz a escolha certa na empresa certa, eu vejo até colegas nossos que saíram da empresa quando eu converso com eles eu sinto certa inveja da gente que ficou apesar de... Houve muitos atrativos na época que abriu o mercado para outras operadoras, abriu mercado de petróleo, mas eu sempre achei que aqui era a melhor opção e não me arrependo e estou muito satisfeito e orgulhoso.
P/1 – Você pode contar pra gente como é que foi o crescimento físico mesmo da Petrobrás em Macaé? Na Bacia de Campos?
R – Olha, o crescimento físico foi a partir do ano 2000 se não em engano, houve um crescimento assim... Eu acho que a Petrobrás ela mesma acreditou aqui na Bacia de Campos e investiu mais tanto em estrutura quanto em pessoal, eu não sei exatamente a data, mas imagino que seja essa data que eu vejo um crescimento mais rápido.
P/1 – Com maior número de funcionários, inclusive, né?
R – Isso.
P/1 – Tem algum momento Otávio, que você... Hoje quando pensa nessa trajetória e entusiasmado... Eu suponho que essa trajetória que te dá não só o que você espera para o futuro, mas essa trajetória que também te dá esse entusiasmo que você sente. Mas tem algum momento, algum dia ou alguma circunstância que você se lembre como muito forte dessa trajetória toda que tenha te marcado?
R – Foi quando eu recebi no ano passado um prêmio, o prêmio inventor é um equipamento que eu participei da invenção e eu vi o reconhecimento da empresa, do meu esforço e isso me tocou muito, você vê que a empresa realmente reconhece o trabalho dos seus funcionários procura reconhecer... Isso é uma política da empresa e isso é um ponto marcante na minha vida profissional.
P/1 – Você pode contar um pouco sobre esse invento?
R – Sim. Esse invento surgiu a partir da necessidade de... Um ativo veio procurar a nossa equipe de Engenharia Submarina para solucionar um problema que eles estavam tendo de dados de reservatório em poços mais antigos, eles estavam sem os dados de reservatório e precisava desenvolver uma maneira para possuir esses dados, porque os equipamentos tradicionais precisavam de cabos elétricos para obter esses dados. E nesses casos específicos eram dois casos, dois poços não tinham disponibilidade desses cabos elétricos. Em conjunto com os engenheiros do ativo a gente desenvolveu aí o equipamento que não precisa de cabo elétrico para obter os dados de reservatório e dados de poços, chamado Says Emiey sistema de aquisição de sinais com monitoramento independente.
P/1 – Como você vê a Bacia de Campos no futuro Otávio?
R – Eu vejo um horizonte muito grande, muito amplo principalmente com essas novas descobertas de Tupi, eu vejo que aquela expectativa que davam pra gente está cada vez mais se prolongando. Quando eu entrei na Petrobrás o que falavam pra gente era o seguinte: “olha o petróleo vai durar 30 anos” eu fiz as contas acho que dá para aposentar na Petrobrás, hoje com 17 anos de empresa esses 30 anos parece que se multiplicaram, a cada ano que passava esses 30 anos iam se prolongando e hoje são muito mais de 30. Eu não sei exatamente a expectativa com essas novas reservas e isso é o que dá também entusiasmo pra gente, porque parte desse horizonte foi construído por nós.
P/1 – Eu imagino que tenha havido, como em todas as áreas uma sofisticação técnica muito grande de materiais que vocês precisam operar, enfim até para chegar a essas novas conquistas. Você pode falar um pouco como isso interferiu na sua área diretamente?
R – Interferiu diretamente. Eu sempre falo com outros colegas de outras empresas que aqui a gente trabalha com tecnologia de ponta, porque a gente está sempre buscando soluções para as necessidades e como a gente está sempre vendo além, a gente está sempre participando de novos projetos com novas tecnologias, sempre tecnologia de ponta da área submarina. E a Petrobrás ela já ganhou alguns prêmios de tecnologia e quase todos ligados à área de submarina que é um trabalho que também tem participação e contribuiu para a Petrobrás adquirir esses prêmios isso é o nosso dia a dia.
P/1 – Você se identifica com a palavra, petroleiro?
R – Me identifico.
P/1 – E o que é ser petroleiro?
R – Petroleiro pra mim é aquele que é comprometido com a sua empresa de petróleo.
P/1 – E qual é o sentimento que essa palavra te remete?
R – Orgulho, orgulho como eu falei, eu sou entusiasta da Petrobrás, porque eu vejo... A Petrobrás ela valoriza muito a pessoa humana, o ser humano, o profissional com várias maneiras durante esses anos que eu trabalhei de uma maneira ou de outra ela sempre procurou valorizar a pessoa humana a gente vê com as políticas que ela está tendo de SMS sempre colocando a pessoa humana como um valor muito grande. O lucro é um valor, mas a pessoa humana também é um valor muito grande, isso eu acho que dá na Petrobrás... No petroleiro aquele orgulho de pertencer à Petrobrás, você não está ali como uma peça de produzir lucro, mais uma peça no xadrez, mas como uma pessoa. E a Petrobrás como empresa ela demonstra essa valorização do profissional com suas políticas não tanto com salário... Eu já passei por fases que o salário não estava tão atrativo, mas a valorização ela sempre valorizou isso que traz esse entusiasmo que eu tenho até hoje e espero até o final da carreira.
P/1 – Já que você tocou nesse ponto, eu me lembrei de vários projetos que a gente ouve falar que são voltados para o trabalhador e projetos sociais fora da Petrobrás que a Petrobrás enfim coordena, né? Tem algum projeto em especial que se refira aos trabalhadores que você possa destacar pra gente? De valorização do trabalhador?
R - Eu vou falar não sobre projeto, mas sobre política, a política do SMS atualmente é uma política que a gente vê que é voltada para o trabalhador, para o bem do trabalhador. Isso a gente vê com vários colegas que infelizmente se acidentaram até perderam a vida durante esse período quero dizer que a Petrobrás sempre corrigiu isso e atualmente pelos seus casos a gente vê que é a valorização do empregado.
P/1 – Há alguma coisa que eu não tenha te perguntado que você queira falar Otávio?
R – Eu já fiz algumas viagens ao exterior e quando falei sobre o orgulho de ser petroleiro, né? Quando eu me apresentava, eu sou da Petrobrás eu percebia que era bem recebido, não por... Às vezes eu percebia que não era por motivo puramente comercial, mas por valorização da empresa, eu estava ali representando a empresa, né? E a empresa era respeitada e eu fico orgulhoso por fazer parte desse respeito que a Petrobrás adquiriu aí no Brasil e no mundo.
P/1 – Quais foram as viagens?
R – Eu já estive na Noruega, na França, na Holanda, Inglaterra e Escócia.
P/1 – E os motivos das viagens quais eram?
R – Sempre ligada a equipamentos submarinos, sempre a desenvolvimentos, novos desenvolvimentos a tecnologia de ponta, sempre ligado a essa área. A gente foi lá às vezes não para aprender, mas para ensinar.
P/1 – E por fim então o que você achou de participar desse projeto da Petrobrás que tem o objetivo de contar a história da instituição por meio da memória dos trabalhadores?
R – Eu acho essa iniciativa muito boa é naquela linha que eu falei a Petrobrás quer resgatar a memória valorizando o empregado e com isso a empresa cada vez mais mostrando mais sua característica, né?
P/1 – Ok, obrigada.
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