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História
Personagem: Harry de Castro Ramos
Por: Everaldo Lacerda, 15 de junho de 2025

Onde nossas vozes se encontram

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Onde nossas vozes se encontram

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Me chamo Harry D. Castro. Mas, ó, esse “D.” aí é só charme mesmo. Nasci em Salvador, mas não cresci lá. Salvador me viu só no berço, porque meus pais, vindos do Piauí, estavam de passagem. Foram ajudar uma tia, ficaram um tempo e voltaram pra São Paulo antes que eu aprendesse a andar. Mas meu umbigo está lá, fincado na Bahia. Todo janeiro, eu volto. É promessa com a minha história.

Cresci nos fundos de um açougue, no Planalto Paulista, bairro “de classe média”, como dizem. Só que classe média é quem tem casa própria, né? A gente tinha um quartinho, banheiro coletivo com os funcionários e muita dignidade. Meu pai, açougueiro. Minha mãe, servente. Eu, filho único, criado nesse microcosmo de concreto e carne crua.

Ali, entre os cheiros fortes e os sonhos miúdos, conheci a dança. A escola pública foi meu palco e minha plateia. Em 1998, com 10 anos, dancei axé numa apresentação. Me aplaudiram como se eu fosse o Carlinhos Brown do bairro. A sala inteira vibrou. Ganhei medalha. Ali entendi que a arte podia ser abrigo. Em 2000, vesti uma túnica e virei Mago Merlin numa peça sobre o Rei Arthur. Não fui o galã, fui o “esquisito da sala”. Mas roubei a cena. Meu talento estava no encantamento, não na espada.

Com 13 anos, num daqueles desvios da vida, entrei pra igreja evangélica. Não por culpa mas por música. Reencontrei uma vizinha que me levou pra Igreja Batista. Ela me deu aulas de piano, e meu pai, com esforço, bancou aulas de teclado. Só que a vida também toca outras músicas, e precisei trabalhar. Call center, boletos, salário mínimo. Viver de arte? Isso viria mais tarde, aos 26, quando retomei o que era meu.

No meio disso tudo, conheci o Terça Afro. Um coletivo nascido do amor de meninas pretas por outras crianças pretas. Um espaço que virou roda, que virou resistência. Fui como convidado, fiquei como parte da engrenagem. Me tornei gestor cultural, mediador, fazedor de pontes. Sou aquele que liga,...

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