Projeto Memória dos trabalhadores da Bacia de Campos
Depoimento de Olívia Cristina Borges de Neves Manhães
Entrevistada por Morgana Maselli
Local: Macaé/RJ
Dia: 05/06/2008
Realização Instituto Museu da Pessoa
PETRO_CB363
Transcrito por Ana Lúcia V. Queiroz
P/1 – Pra começar queria que você dissesse seu nome completo, local e data de nascimento.
R – Meu nome é Olívia Cristina Borges Neves Manhães. Nasci dia oito de julho de 1962, na cidade de Cardoso Moreira. Fica próximo à ___, estado do Rio.
P/1 – Qual a sua formação?
R – Eu sou assistente social e trabalho como assistente social na ___.
P/1 – E como foi o seu ingresso aqui na Petrobras?
R – Eu entrei no dia 26 de janeiro de 1990 como auxiliar de escritório. E dois anos após eu fiz um concurso interno. Naquela época o concurso era interno e nós tínhamos a possibilidade de passar para outros cargos. Eu fiz pra assistente social em 1992. Fui aprovada e desde então trabalho como assistente social aqui na ___.
P/1 – Você pode contar pra gente como é o teu cotidiano de trabalho?
R – Eu costumo dizer que amo o que faço. E que apesar de 18 anos eu tenho a mesma motivação do primeiro dia. Porque eu trabalho com pessoas, façõ atendimento das pessoas; com o desenvolvimento das pessoas, com o fortalecimento das equipes. Eu trabalho hoje na gerencia do RH, AO, Ambiência Organizacional, nós somos responsáveis em promover a ambiência das gerencias. O melhor ambiente possível para que o empregado possa desempenhar bem as suas atribuições e contribuir para o resultado da companhia. Porque nós precisamos estar bem. No dia a dia eu falo como os colegas que o que adoece o empregado, numa empresa, não é a sobrecarga de trabalho, mas as relações de trabalho. Então a gente precisa contribuir profissionalmente para que a ambiência da gerência seja favorável e os resultados possam ser alcançados. Hoje eu trabalho com programas sócio-funcionais que possibilitam essa...
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Depoimento de Olívia Cristina Borges de Neves Manhães
Entrevistada por Morgana Maselli
Local: Macaé/RJ
Dia: 05/06/2008
Realização Instituto Museu da Pessoa
PETRO_CB363
Transcrito por Ana Lúcia V. Queiroz
P/1 – Pra começar queria que você dissesse seu nome completo, local e data de nascimento.
R – Meu nome é Olívia Cristina Borges Neves Manhães. Nasci dia oito de julho de 1962, na cidade de Cardoso Moreira. Fica próximo à ___, estado do Rio.
P/1 – Qual a sua formação?
R – Eu sou assistente social e trabalho como assistente social na ___.
P/1 – E como foi o seu ingresso aqui na Petrobras?
R – Eu entrei no dia 26 de janeiro de 1990 como auxiliar de escritório. E dois anos após eu fiz um concurso interno. Naquela época o concurso era interno e nós tínhamos a possibilidade de passar para outros cargos. Eu fiz pra assistente social em 1992. Fui aprovada e desde então trabalho como assistente social aqui na ___.
P/1 – Você pode contar pra gente como é o teu cotidiano de trabalho?
R – Eu costumo dizer que amo o que faço. E que apesar de 18 anos eu tenho a mesma motivação do primeiro dia. Porque eu trabalho com pessoas, façõ atendimento das pessoas; com o desenvolvimento das pessoas, com o fortalecimento das equipes. Eu trabalho hoje na gerencia do RH, AO, Ambiência Organizacional, nós somos responsáveis em promover a ambiência das gerencias. O melhor ambiente possível para que o empregado possa desempenhar bem as suas atribuições e contribuir para o resultado da companhia. Porque nós precisamos estar bem. No dia a dia eu falo como os colegas que o que adoece o empregado, numa empresa, não é a sobrecarga de trabalho, mas as relações de trabalho. Então a gente precisa contribuir profissionalmente para que a ambiência da gerência seja favorável e os resultados possam ser alcançados. Hoje eu trabalho com programas sócio-funcionais que possibilitam essa melhoria de ambiência. Assessorando muito os gerentes. O meu papel também é assessorar os gerentes como gestor de pessoas que ele é. Apoiá-lo, ajudá-lo nesse entendimento que o maior capital que temos são as pessoas.
P/1 – Trabalhando com as pessoas como é no dia a dia a convivência com pessoas de tantos lugares diferentes do país?
R – É um aprendizado contínuo. A gente aprende a respeitar; aprende que a gente cresce nas diferenças. Aprende com os erros que a gente vê e diz: “oh, nunca quero isso pra minha vida, não quero repetir, essa prática não me serve”. A gente aprende quando encontra uma boa prática e diz: “olha, isso eu quero trazer e agregar pra minha vida pessoal e profissional”. Porque eu não consigo desvincular totalmente a minha vida profissional da minha vida pessoal. É óbvio que tem momento, né, mas todo aprendizado que eu adquiro aqui na empresa eu acaba transformando também em algo positivo para a minha vida pessoal. Nas minhas relações familiares, sociais. Então é muito bom trabalhar na Petrobras, muito bom trabalhar no RH. Eu realmente me realizo na minha profissão.
P/1 – E você tem alguma coisa que você destaque como sendo um desafio do teu trabalho?
R – O desafio é o crescimento constante do profissional. O desafio é estar atenta às necessidades de ser flexível para as mudanças que são colocadas no mundo do trabsalho. A gente passa por mudanças significativas. Eu acho que o que a gente tem de mais permanente na vida são as mudanças. O desafio é estar sempre atenta à essa mudanças percebendo a necessidade de crescimento aqui e acolá, pra sempre agregar valor para o negócio da companhia. Eu tento ficar o tempo todo alinhada como profissional de RH, ao negócio da companhia. Então, compatibilizar interesse da companhia com os desejos e necessidades dos empregados, da força de trabalho que eu também atendo, dos gerentes, é um desafio. Sempre. Então eu tenho que ter sempre essa visão de que estou intermediando as relações de trabalho e buscando compatibilizar os interesses recíprocos.
P/1 – E você lembra, nessas demandas que você tem dos trabalhadores, de algum caso que te marcou?
R – Ah, sim. Nós fazemos atendimento de demandas, hoje muito menos porque o atendimento ao empregado hoje é feito pelas colegas do serviço compartilhado. Elas ficam full-time nessa atribuição de atendimentos sociais as demandas. Demanda funcional, enfim. Mas a gente também atende quando é necessário, solicitado, a gente ainda faz algum atendimento. Mas a minha história toda foi permeada por atendimentos pessoais e são vários casos. Até familiares mesmo. Eu sempre trabalhei com dependenca química. Me lembro muito de determinada ocasião que uma esposa – isso me chamou a atenção – que dizia que o marido era uma droga e que ele tinha que morrer pra que ela ficasse livre. E num dado momento ele veio a óbito, mesmo, num acidente. E ela desesperada disse pra mim: “eu não posso viver sem esse homem”. E eu fiquei pensando: “meu Deus, como nós seres humanos somos contraditórios”. Temos um discurso que não queremos mais e quando queremos muito e de que não podemos mais quando podemos muito. Então eu sempre aprendo e sempre me chamava à atenção quando vivia situações assim. De amor e ódio, de desejo e necessidade. Enfim, é muita coisa. Me recordo assim do acidente da P-36 que nós atendemos.
P/1 – Foi um acidente muito marcante, né? A Fátima contou pra gente também.
R – É, muito marcante, muitas perdas. ___ perderam as famílias, perdemos nós empresa. E vários outros acidentes porque às vezes a gente relaciona à morte só a morte física, passagem dessa vida. Mas não, morte é muito mais eloqüente. Eu posso morrer pela morte de um relacionamento, pela morte de algo que era muito prazeroso e eu não tenho mais. Então, a morte posso ser significada de várias formas. Mas, no caso da morte __, que a pessoa passa para nova vida, ela é dolorosa, mas também nos ensina muito. Porque ela nos obriga a reformular, a reestruturar, reelaborar tudo o que a gente acreditava saber. Ou seja, ela nos tira do lugar comum. Nos tira da área de conforto e nos faz repensar. Na verdade eu creio que a morte de nossos colegas naquele acidente trágico, que mobilizou tanto o país e até o mundo. Porque a imprensa internacional estava aí, estava o tempo todo sendo noticiado, pra fora do país também, esse episódio da tragédia da P-36. Eu creio que isso nos fez repensar muitos valores, muitas oportunidades que ás vezes a gente não vê. Resgate de muitos valores, de muitos sentimentos.
P/1– E você acha que depois desse acidente mudou o comportamento das pessoas? A forma de se relacionar?
R – Eu vejo que foi um marco. A Petrobras sempre foi uma empresa que se preocupou muito com segurança. Eu sou testemunha disso. Eu vejo isso nas ações que ela implementa. Mas foi um marco. E a gente percebeu o quanto era necessário – na época até tinha um slogan, logo após – vigilância máxima. Então, uma vida. Eu sou evangélica, diz que uma vida vale mais que o mundo inteiro. Uma alma. Então, a gente está falando de alma, a gente ta falando de ser humano, a gente ta falando de sentimento, de vida. Eu acho que a Petrobras compreende isso, e hoje mais do que isso, ela norteia as ações dela por esse cuidado com a vida. A ética da preservação da vida. Por isso eu tenho muito orgulho de trabalhar na Petrobras. Na verdade eu sou a Petrobras. Cada um de nós é a Petrobras. A gente fala na Petrobras como se a Petrobras estivesse muito distante da gente. Na verdade nós somos a Petrobras.
P/1– Você acha que o petroleiro é a Petrobras.
R – Cada um de nós somos a empresa. Porque a empresa é isto. Eu não consigo ver a Petrobras como algo inanimado, distante, longe de mim. Não. Eu vejo a Petrobras sendo uma empresa de sucesso, alcançando resultados, através do esforço de cada um de nós. Então eu vejo que a Petrobras somos nós, imbuídos deste orgulho de ser brasileiro, de estar numa empresa que contribui muito para o desenvolvimento do país.
P/1– Como você vê a relação da Petrobras com o desenvolvimento das cidades aqui na Bacia de Campos?
R – eu acho fantástico. Ela está sempre apoiando com os projetos. Esses projetos sociais estão na gerencia de comunicação, mas são projetos fantásticos que possibilitam de fato o desenvolvimento do ser humano integralmente. Desde a formação profissional, até o desenvolvimento das cidades, melhorias pras cidades. Então, Eu acho que a Petrobras é uma empresa que nós empregados nós sentimos responsáveis socialmente falando.
P/1 – E o serviço social aqui da Petrobras atua junto à comunidade?
R – Na verdade o serviço social atende algumas demandas quando solicitado, mas nós trabalhamos mais voltados para o produto interno. Empregados, gerentes, familiares dos empregados. Nós atendemos a comunidade à medida que nossa atuação para os familiares. Porque a gente amplia o nosso olhar pra esse público e também para os empregados terceirizados. Porque é assim: quando nós promovemos algum evento, quando nós desenvolvemos algum programa de cunho sócio-educativo, a gente estende pra toda a força de trabalho. Então a gente alcança a comunidade nesse momento. No contato com os familiares e com a força de trabalho que inclui a parte dos contratados. Mas especificamente em projetos __, nós temos participação não efetiva, mas a gente contribui de alguma forma na formação de jovens, jovem aprendiz, jovem que vem pra empresa pra aprender uma profissão, pra se capacitar, pra retornar ao mercado de trabalho. Então, na medida que a gente recebe esse jovem na gerencia e a gente orienta, e a gente apóia e a gente contribui com o conhecimento que tem, acho que a gente também está de alguma maneira participando desses projetos. Mas hoje os projetos sociais são coordenados pelos gerentes de comunicação, __, e o RH participa indiretamente apoiando no que é necessário.
P/1 – Você consegue fazer um exercício de pensar pra frente e ver como vai estar nos próximos anos a Bacia de Campos?
R – Pra fazer o exercício pra frente eu vou ter que fazer um exercício pra trás. Eu costumo dizer que quando eu olho pra minha trajetória na empresa eu fico assim, maravilhada, e às vezes nem me reconheço profissionalmente. Tamanho salto dado com as tecnologias, com o avanço da tecnologia, com os desafios. Porque a Petrobras é assim. Ela se supera a cada instante. Daí o nosso slogan ser: desafio é o nosso ___. Eu vejo a Petrobras alcançando outras fronteiras, se expandindo, buscando outros horizontes através de outras fontes de energia. Com esse entendimento de que ela é competente pra fazer não só a extração do petróleo, mas com energias renováveis. Eu vejo Petrobras ali! E eu junto com ela e sendo ela! (risos).
P/1 – Você tem alguma coisa que você queira colocar que, de repente, eu não tenha perguntado?
R – Parece que eu falei muito pouco da minha história profissional como assistente social, mas pra finalizar eu gostaria de dizer o quanto que nós, que estamos a muito mais tempo temos orgulho dessa companhia. Orgulho de sermos uma empresa brasileira que é reconhecida internacionalmente. Quanto a gente pode de fato contribuir para o desenvolvimento do país. E deixar registrado a alegria que nós temos de ver colegas chegando. Uma força de trabalho jovem, com outros conhecimentos, com competências outras. Com muitas expectativas. Isso também contribui porque a medida que esses profissionais recém chegados têm muitas expectativas eles obrigam também a Petrobras a se movimentar em busca de atender essas expectativas. Porque na verdade, é como se a gente pudesse fazer um recorte da sociedade olhando pra Petrobras. Eu costumo dizer que a gente tem aqui dentro da Petrobras uma mostra da sociedade. Então a gente olha pro Brasil olhando aqui pra dentro. A gente tem todas as raças, todas as cores. A gente tem branco, preto; temos feminino, masculino. Quer dizer, a gente tem uma diversidade enorme. E a mensagem é essa: uma empresa de sucesso se constrói assim mesmo, com pessoas diferentes, um objetivo comum e muita conversa franca. Porque nós temos tudo isso na companhia. A gente tem a possibilidade de conversar, na ____ por exemplo, de conversar com nosso gerente geral, que é o nosso __ maior, que vem promovendo diálogos que são muito efetivos e importantes para o desenvolvimento da companhia e pro nosso desenvolvimento profissional.
P/1 – Pra encerrar queria que você dissesse o que achou de participar de um projeto como este, de construir a história da Bacia de Campos a partir da memória dos trabalhadores?
R – Fantástico. Por isso eu disponibilizei o meu tempo pra estar aqui. Porque eu acredito isso: que a gente não pode desprezar nunca a história. A gente precisa olhar pro futuro, mas olhando sempre para o passado. Sem desconsiderar a importância do que passou, o quanto que a gente pode aprender com esse passado que é rico, que é fantástico.
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