Erica Luciene Okuma, paulistana, conta com orgulho sobre seus pais, diz que seu caráter foi moldado envolta de muita atenção, amor, que eles sempre a apoiaram, orientaram, e que nunca esconderam nada, e sempre ensinaram o que era certo e errado, sem julgamentos, sem prostrações. É marcada por uma conversa com seu pai (não biológico, o segundo marido de sua mãe) onde ela teria perguntado sobre o que era errado, e ele respondeu que seria tudo aquilo que você faz e tem vergonha de fazê-lo. Lema que carrega consigo.
Erica teve uma infância livre, com muita brincadeira na rua, “bicho solto”, mesmo tendo morado em uma grande avenida como a Nova Cantareira. Um privilégio, quando pensa nas crianças de hoje, cercadas de aparelhos eletrônicos e trancadas dentro de casa. Entretanto, ressalta que foi uma criança muito tímida, se sentia deslocada, estranhava o fato de ter traços japoneses e seus pais não, se incomodava por ter outro pai, de outro casamento, mesmo isso tendo sido explicado desde cedo a ela. Com o passar dos anos, com o convívio, já que estudou praticamente com as mesmas pessoas da primeira à oitava série, amigos os quais possuí contato até hoje, acabou se soltando um pouco mais, e ressalta que ter se mudado para uma escola particular foi um divisor de águas em sua vida, pois lá conheceu pessoas de todos os tipos e classes sociais.
Outras recordações de sua infância e juventude eram os almoços na casa de sua avó. Vale ressaltar que se tratava de uma casa de imigrantes sírios, sua mãe teria vindo ao Brasil de Alepo com quatro anos de idade. Erica conta que a família era muito matriarcal, e até quando sua avó foi viva, os familiares se reuniam com frequência em sua casa. Diz que o centro de tudo ali era sua avó por parte de mãe. No natal, chegava a ter 20, 30 pessoas, porque vinham os primos, os agregados, ia todo mundo. Quando sua avó faleceu, a família praticamente se dissolveu. Não que...
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Erica Luciene Okuma, paulistana, conta com orgulho sobre seus pais, diz que seu caráter foi moldado envolta de muita atenção, amor, que eles sempre a apoiaram, orientaram, e que nunca esconderam nada, e sempre ensinaram o que era certo e errado, sem julgamentos, sem prostrações. É marcada por uma conversa com seu pai (não biológico, o segundo marido de sua mãe) onde ela teria perguntado sobre o que era errado, e ele respondeu que seria tudo aquilo que você faz e tem vergonha de fazê-lo. Lema que carrega consigo.
Erica teve uma infância livre, com muita brincadeira na rua, “bicho solto”, mesmo tendo morado em uma grande avenida como a Nova Cantareira. Um privilégio, quando pensa nas crianças de hoje, cercadas de aparelhos eletrônicos e trancadas dentro de casa. Entretanto, ressalta que foi uma criança muito tímida, se sentia deslocada, estranhava o fato de ter traços japoneses e seus pais não, se incomodava por ter outro pai, de outro casamento, mesmo isso tendo sido explicado desde cedo a ela. Com o passar dos anos, com o convívio, já que estudou praticamente com as mesmas pessoas da primeira à oitava série, amigos os quais possuí contato até hoje, acabou se soltando um pouco mais, e ressalta que ter se mudado para uma escola particular foi um divisor de águas em sua vida, pois lá conheceu pessoas de todos os tipos e classes sociais.
Outras recordações de sua infância e juventude eram os almoços na casa de sua avó. Vale ressaltar que se tratava de uma casa de imigrantes sírios, sua mãe teria vindo ao Brasil de Alepo com quatro anos de idade. Erica conta que a família era muito matriarcal, e até quando sua avó foi viva, os familiares se reuniam com frequência em sua casa. Diz que o centro de tudo ali era sua avó por parte de mãe. No natal, chegava a ter 20, 30 pessoas, porque vinham os primos, os agregados, ia todo mundo. Quando sua avó faleceu, a família praticamente se dissolveu. Não que ela tenha perdido o contato, mas as coisas nunca mais foram as mesmas, e os almoços de domingo, os animados natais, ficaram na lembrança.
Erica sempre gostou de música, curiosamente, relata que sua motivação vem das aulas de flauta doce que recebia no Estado, o que lhe levou posteriormente a ingressar no conservatório musical, ter aulas de órgão, bateria e, claro, muito de trabalho “autodidata”. Atualmente, trabalha com música e é percussionista, contudo não esconde sua dificuldade em ler partituras. E como que um hobby virou profissão?
Diz que foi sem querer. Não se lembra precisamente da data, mas provavelmente há uns 15, 16 anos, encontrou uma amiga no restaurante, que é a fundadora da banda a qual Erica faz parte até hoje, que disse o seguinte: "Japa, eu vou fazer uma reunião e eu preciso de alguém que toque um instrumento. Você toca alguma coisa?". Na época, ela sabia tocar pandeiro, que brincava durante os churrascos familiares... Sua amiga ajudava asilos e, naquele ano, resolveu juntar uma turma, alugar uma quadra e realizar um evento chamado "Hand Samba", que seriam jogos de handebol não profissionais, e nos intervalos das partidas, haveria uma banda, só de mulheres, tocando samba. Erica diz que participaram umas 13 ou 15 mulheres, e a experiência foi tão bacana que ela se manteve depois. De algo improvisado e pouco profissional, tocando nos bares por diversão e cerveja, de repente um cachê, irrisório, mas que a levou a pensar de outra maneira sobre a música. A partir dessa virada, ensaios, profissionalização, até a banda Samba de Rainha se constituir verdadeiramente nessa trajetória profissional.
Erica conta muitas histórias sobre a trajetória da banda, de rodas de samba memoráveis, das dificuldades do mercado de trabalho, e ainda muitos causos e impressões sobre a zona norte de São Paulo.
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