Eu pari no começo da pandemia. Tinha perdido o emprego 2 meses antes de engravidar e , para piorar, o pai não aguentou e foi embora. Eu tive q lidar com o desemprego , a demanda da bebe e ainda me amparar. Toda vez q eu pedia ajuda e ( a distância, pois estávamos em isolamento social né? ) a maioria dizia : vai dar tudo certo. Mas não deu. Sem pensão sem ninguém pra revesar e ainda ter de inventar algo pra ganhar alguma grana que pagasse as fraldas e a comida. Me mudei 11 vezes ao longe de 2 anos . Primeiro fui pra uma quarto/sala , depois pra uma kitnet , depois pra uma kitnet menor, aí acabou a grana e tive q me desfazer dos móveis e fui pra casa de uma conhecida que N conseguiu me ajudar por mto tempo, aí fui morar na loja da minha comadre . Dormia no chão forrado c edredom eu e minha bebe. As 6h tinha q desocupar a sala pq ia preparar pra começar os atendimentos. Eu nem sei como eu sobrevivi, pra falar a verdade. Talvez a minha fé de q tudo fosse passar e tb pq haviam vidas se perdendo e ao menos eu estava \" saudável \". Hoje a neném já tem 3 anos. Está na creche há um mês e já começo a sonhar com um trabalho remunerado q possa me devolver o restante da minha dignidade. Restante pq nesse mundo , sem dinheiro tb somos invisíveis. Atualmente moro numa casa compartilhada e o pai dela está junto de nós. Fui muito culpabilizada por familiares pelo fato de eu ter engravidado dele. E isso era tipo o motivo de eu não poder reclamar ou pedir-lhes ajuda. Guenta. Agora guenta. Eu \" guentei\"... mas me sinto como um soldado que voltou da guerra. Não sou mais a mesma. Estresse pós- traumático. Quanto à minha filha. Ela sempre foi , dentre todos os momentos , meu farol. Acho q por isso eu aguentei e agora vislumbro aguentar e superar por mim. A maternidade é solitária e na minha visão o que precisa mudar é a nossa crença enquanto sociedade, desse sistema patriarcal que enfia tudo nas costas da mulher, mãe.
Hoje, me separei do pai da...
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Eu pari no começo da pandemia. Tinha perdido o emprego 2 meses antes de engravidar e , para piorar, o pai não aguentou e foi embora. Eu tive q lidar com o desemprego , a demanda da bebe e ainda me amparar. Toda vez q eu pedia ajuda e ( a distância, pois estávamos em isolamento social né? ) a maioria dizia : vai dar tudo certo. Mas não deu. Sem pensão sem ninguém pra revesar e ainda ter de inventar algo pra ganhar alguma grana que pagasse as fraldas e a comida. Me mudei 11 vezes ao longe de 2 anos . Primeiro fui pra uma quarto/sala , depois pra uma kitnet , depois pra uma kitnet menor, aí acabou a grana e tive q me desfazer dos móveis e fui pra casa de uma conhecida que N conseguiu me ajudar por mto tempo, aí fui morar na loja da minha comadre . Dormia no chão forrado c edredom eu e minha bebe. As 6h tinha q desocupar a sala pq ia preparar pra começar os atendimentos. Eu nem sei como eu sobrevivi, pra falar a verdade. Talvez a minha fé de q tudo fosse passar e tb pq haviam vidas se perdendo e ao menos eu estava \" saudável \". Hoje a neném já tem 3 anos. Está na creche há um mês e já começo a sonhar com um trabalho remunerado q possa me devolver o restante da minha dignidade. Restante pq nesse mundo , sem dinheiro tb somos invisíveis. Atualmente moro numa casa compartilhada e o pai dela está junto de nós. Fui muito culpabilizada por familiares pelo fato de eu ter engravidado dele. E isso era tipo o motivo de eu não poder reclamar ou pedir-lhes ajuda. Guenta. Agora guenta. Eu \" guentei\"... mas me sinto como um soldado que voltou da guerra. Não sou mais a mesma. Estresse pós- traumático. Quanto à minha filha. Ela sempre foi , dentre todos os momentos , meu farol. Acho q por isso eu aguentei e agora vislumbro aguentar e superar por mim. A maternidade é solitária e na minha visão o que precisa mudar é a nossa crença enquanto sociedade, desse sistema patriarcal que enfia tudo nas costas da mulher, mãe.
Hoje, me separei do pai da bebê , aluguei uma kit net e faço trabalhos freelas, quero abrir a minha empresa no ramo cultural. Mês que vem faço a minha primeira oficina de roteiro. Até 2 dias atrás nem geladeira eu tinha, mas estou muito feliz por ter! Estou comemorando cada conquista por menor que seja
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