À primeira vista, minha vida pode parecer distante das grandes questões ambientais. Mas, se olho com atenção, percebo que a minha história como a de todos nós também fala sobre as mudanças climáticas.
Ela fala das estações que já não chegam como antes. Da infância em que o verão parecia ter um ritmo mais suave, com tardes mais frescas e chuvas mais previsíveis. Hoje, o calor chega mais cedo e mais forte. As plantas do quintal as mesmas que minha avó cultivava com facilidade agora lutam para florescer. Até o pão que aprendi a fazer muda com o clima: a massa cresce mais rápido no calor sufocante ou empaca nos dias secos e imprevisíveis.
Minha história também conta sobre escolhas. Sobre os momentos em que optei por praticar um consumo mais consciente, por apoiar produtores locais, por reduzir o desperdício não porque era moda, mas porque comecei a entender que cada ato meu se conecta com o mundo. Pequeno ou grande, tudo conta.
Ela fala ainda de uma sensação que muita gente compartilha: a de impotência diante de algo tão vasto como a crise climática. Mas também carrega a descoberta de que ação coletiva nasce de pequenas ações individuais. Que a mudança global começa com uma mudança em casa, na rotina, no olhar.
A minha história mostra que as mudanças climáticas não são um fenômeno distante, de gráficos e conferências. Elas estão aqui, agora, atravessando nossas vidas, nossas cozinhas, nossas lembranças. E justamente por isso, minha história como a sua tem poder. Porque quando reconhecemos o impacto do clima naquilo que nos é mais íntimo, entendemos que também somos parte da resposta.