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História
Personagem: Brasílio Priprá
Por: Museu da Pessoa, 22 de junho de 2021

O povo Xokleng sempre existiu

Esta história contém:

O povo Xokleng sempre existiu

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O povo xokleng sempre existiu

Os povos indígenas são muito diferentes dos não índio. Uma coisa que me marcou muito, eu me lembro tão bem… Tinha um menino que eu chamava de Jubei: uma vez ele matou 6 animais, 6 patinhos. Ele chegou no rancho, eu tinha 5 anos de idade, eu nunca esqueci... ele chegou para cada chefe de família e lhes deu um bicho daquele para se alimentar. É um gesto muito diferente da sociedade moderna, e o povo xokleng tem isso, o povo índigena em geral tem esse jeito.

Eu lembro muitos anos. Primeiro que os povos indígenas foram classificados em 1914 pelo povo kaingang, Londrina no Paraná, até porque o dialeto era muito semelhante, então se usou o povo kaingang para fazer esse contato. E quem fez foi o meu bisavô que era kaingang. Eles fizeram esse contato com o pacificador Eduardo Lima e Silva. Eu nasci, era menino, eu tinha uns quatro anos, a comunidade indígena voltou novamente para o mato, tinham feito contato depois de alguns anos, para tirar palmito para sobrevivência. Eu me criei com meus avós, eles que me criaram, voltei para o mato novamente, menino com 4 anos, 5 anos.

Eduardo Lima e Silva mata Brasílio Pripa, meu antepassado, quando foi denunciá-lo no Rio de Janeiro. É uma coisa que também faz parte do povo xokleng. Brasílio foi assassinado por que ele foi denunciar essa barragem norte que existe lá hoje nas nossas terras, em Ibirama. Isso foi em 1952, eu nem existia ainda, e por isso que hoje o meu pai, colocou o meu nome Brasílio Pripa, para dar sequência neste trabalho. Hoje eu estou aqui lutando, justamente a pedido do meu pai, do meu avô, para que continuasse trabalhando nesse sentido: de proteger as nossas terras.

Eu fiz tanta coisa... mas ao mesmo tempo eu lembro que é para o meu povo, é para o futuro e faço com muito gosto isso. Essa é história desse processo, que eu acompanhei praticamente 23 anos, como também acompanho a situação da barragem hoje. Em 2003, a portaria 1.128,...

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Universidade de Brasília

Dados da imagem Foto tirada na Universidade de Brasília. No centro da foto está o procurador Bigonha da 6ª Câmara de Brasília e mais um companheiro.

Período:
Ano 2019

Local:
Brasil / Distrito Federal / Brasília

Imagem de:
Brasílio Priprá

História:
O povo Xokleng sempre existiu

Crédito:
Acervo Pessoal

Tipo:
Fotografia

Palavras-chave:
brasília, procuradoria, universidade

Foto tirada na Universidade de Brasília. No centro da foto está o procurador Bigonha da 6ª Câmara de Brasília e mais um companheiro.

Dados de acervo

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Indígenas pela Terra e pela Vida

Entrevista de Brasílio Pripa

Entrevistado por Jonas Samaúma e Idjahure Kadiwel

Entrevista concedida via Zoom, 22/06/2021

Realização: Museu da Pessoa

Entrevista número ARMIND_HV002

Transcrito por Lidiane Ramos

00:12

P/1 - Brasílio, eu queria pedir para você começar falando do seu nome completo e o lugar onde você nasceu?

R - Eu sou Brasílio Pripa, sou do povo xokleng, do Estado de Santa Catarina, é precisamente no Vale do Itajaí, vou fazer 63 anos agora mês que vem, sou do povo xokleng, vivi muito tempo dentro da área indígena, sai um pouco, fui trabalhar fora, mas a minha área é indígena, e hoje eu moro lá dentro da terra indígena.

00:47

P/1 - E como é que era a terra indígena no período em que você nasceu, o que você lembra do período que você criança?

R - Eu lembro muitos anos, primeiro que os povos indígenas foram classificados em 1914 pelo povo kaingang, Londrina no Paraná, até porque o dialeto era muito semelhante, então se usou o povo kaingang para fazer esse contato, e quem fez foi o bisavô que era kaingang, então fizeram esse contato com Eduardo Lima (1:25), eu tive a felicidade de conhecer esse cidadão, e assim lembro que quando eu nasci, era menino, eu tinha uns quatro anos, a comunidade indígena voltou novamente para o mato, tinha feito de contato depois de alguns anos, para tirar palmito para sobrevivência, porque daí já mudou aquela vida que se vivia no mato só de caça, já teria que ter algum recurso para comprar alguma coisa, roupa, eu tive essas coisas, eu tive esse prazer de acompanhar, essa liberdade, essa oportunidade. Eu me criei com meus avós, eles que me criaram, voltei para o mato novamente, menino com 4 anos, 5 anos, e a gente vivia no mato, depois o pessoal saíram de volta mas, assim era um trabalho, não tinha voltado novamente, era um trabalho, tirar o palmito e vender para comprar alimentos, essas coisas, roupa.

02:45

P/1 - A gente vai entrar mais nessa...

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