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Nasci no Rio de Janeiro e vim para São Paulo com quatro anos de idade, em 1966. Guardo flashes da viagem de trem do Rio a São Paulo. Chegamos à noite, chovia, o tamanho do trem me impressionou.

Fomos morar no bairro de Vila Mariana, numa casa térrea bem mal cuidada pelos antigos inquilinos, na Rua Sabóia de Medeiros. Depois da escola, o almoço, a lição de casa e a ordem de minha mãe: "Vá brincar lá fora, nada de ficar grudado na TV". Imagino que as mães dos outros meninos diziam o mesmo, porque a rua se transformava num enorme parque de diversões, com carrinhos de rolemã descendo a Joaquim Libânio, bicicletas de todas as cores, velotróis fazendo ratatá, guerra de mamona e futebol na ladeira. O gol era demarcado por camisetas, pedras ou latas.

Os pais achavam perigoso brincar com carrinhos de rolemã, porque sempre podia aparecer um carro. Isso mesmo, podia: as ruas em volta de minha casa eram movimentadas, mas mesmo assim os carros ainda não as dominavam, dava tempo de avisar os amigos. "Olha lá um carro"

O fluxo era de um carro a cada meia hora. As histórias de crianças que entravam por debaixo de caminhões com seus rolemãs eram contadas sempre pelos pais, com uma entonação dramática, como um aviso sinistro. Nem eu e nem meus amigos presenciamos algo assim.

As oficinas mecânicas estavam acostumadas com moleques que iam pedir rolemãs velhos para montar seus carrinhos, que ganhavam pedaços de pneu como freio, ripa de madeira pregada atrás do assento, fazendo o encosto, e pinturas coloridas das mais variadas. Muitos moleques queriam ser chofer de caminhão quando crescessem, talvez por essa razão os rolemãs tivessem frases escritas com tinta a óleo.

Outra preocupação dos pais eram os "ventanistas", ladrões que entravam nas casas e roubavam roupas do varal. As pessoas achavam o cúmulo alguém roubar roupas no varal, era um absurdo, um escândalo. Para evitar os ventanistas, bastava fechar a porta, nem era preciso trancar. Eles...

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