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Por: Marcos Antônio de Godoy, 19 de setembro de 2024

O homem que comia enxofre

Esta história contém:

O HOMEM QUE COMIA ENXOFRE

Então eu chegara de viagem, ele correu abrir o portão e na mesma presteza que desencadeou os ferros me deu um forte e duradouro abraço. Com seus quase um metro e cinquenta e dois centímetros de grandeza, ficou alí, à altura do meu coração e meus pulmões ofegantes. E eu, com o privilégio de poder beijar aquela cabeça e bagunçar um pouco mais aqueles parcos cabelos já acinzentados.

Mal cheguei na cozinha, ele veio ao meu lado informando: \"Olha filhão, tem estas frutas aí, aquele feijãozinho gordo já temperado, aquilo e aquilo outro que você gosta. Ah, e tem aquele queijo fedido que aqui em casa só você come, então eu comprei também (referia-se ao queijo tipo gorgonzola, queijo estragado como ele dizia). Apontava para os alimentos e comentava os preços de cada produto que comprara, nunca por maldade ou parcimônia, era mais pro causa do jeitão de ser de caboclo mesmo, ou porque sempre soube dar valor a cada centavo que ganhava com o suor de seu rosto e os calos das mãos surradas.

Ah, \"và pensireo\", hoje eu com meus cinquenta e poucos anos, me recordo ainda que ele , o HOMEM, no auge e na saúde de suas três décadas de vida experimentou ir trabalhar na cidade grande. Morávamos no interior do oeste paulista e os empregos alí estavam cada vez mais escassos na década de setenta. Então, papai foi \"comer enxofre \" para poder por o que comer para sí, para a linda esposa e para o primeiro varão dos Godoy. Sim, se expunha ao enxofre, ao chumbo, ao níquel e outros metais pesados em uma empresa química fronteiriça entre Santo André e São Bernardo do Campo na região do ABC paulista. Eu, na minha inocência de criança, não entendia quando seus colegas de trabalho chegavam de manhã em frente ao portão de nossa casa e gritavam: \"Vamos aí oh baixinho, vamos comer enxofre na fábrica\". E alí, eu e mamãe ficávamos acenando até ele sumir de nossas vistas.

Ah, meu...

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