Não lembro bem, talvez tenha sido pelos idos de 83 ou 84. Mas o fato é que eu não conseguia tirar os olhos do chão te tanta timidez que assolava o meu ser. Embora contasse com 13 ou 14 anos, muitas oportunidades que me podiam ser oferecidas eram dispensadas por conta da timidez. Tinha vergonha de perguntar as horas aos transeuntes!
A cidade era São Salvador da Bahia de Todos os Santos e o local era o Shopping Itaigara, segundo piso. Tinha uma japonesinha e um bando de crianças rindo e falando alto (o normal de quando junta mais de duas crianças). Estavamos eu e minha irmã Janine, dois anos mais nova, e ficamos parados ao longe observando, até que a tal japonesinha nos chamou: \\\"Estamos organizando um grupo de circo.teatro para apresentar no final de semana aqui no shopping\\\" - disse ela, \\\"querem participar?\\\" Eu lá com cara de b***da, não falava nada e minha irmã prontamente: \\\"queremos!\\\" Minha timidez só era superada pela minha incapacidade de dizer um sonoro \\\"NÃO!\\\".
Sentamos em círculo e Verônica Tamaoki, ou Verô - a japonesinha, explicou as coisas e distribuiu as tarefas. Do alto de seus vinte e poucos anos, percebendo minha introversão disse: \\\" voce vai ser o apresentador\\\". Gelei! \\\"vai até ali (no meio do piso) e diga bem alto: O Grande Circo Tapate Mágico, orgulhosaente apresenta a sua trupe!\\\". Morri!
Fui, abri os braços, olhei ao redor e segundo minha percepção deveria ter umas 200 pessoas, mas na verdade tinha 4 ou 5, e gritei a plenos pulmões a tal frase.
Meus pais desde que perceberam essa minha retração, incentivavam o meu encaixe social. Toquei saxhorn e trumpete na banda de musica da cidade, encenava nas peças da escola, mas não dava jeito.
Mas depois desse dia... com certeza posso dividir a minha vida em antes e depois desse momento. Fui aceito pelo grupo que organizou o evento e \\\"enganjei\\\" na trupe principal por mais uns tres anos, se tivesse ficado mais tempo seria uma...
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Não lembro bem, talvez tenha sido pelos idos de 83 ou 84. Mas o fato é que eu não conseguia tirar os olhos do chão te tanta timidez que assolava o meu ser. Embora contasse com 13 ou 14 anos, muitas oportunidades que me podiam ser oferecidas eram dispensadas por conta da timidez. Tinha vergonha de perguntar as horas aos transeuntes!
A cidade era São Salvador da Bahia de Todos os Santos e o local era o Shopping Itaigara, segundo piso. Tinha uma japonesinha e um bando de crianças rindo e falando alto (o normal de quando junta mais de duas crianças). Estavamos eu e minha irmã Janine, dois anos mais nova, e ficamos parados ao longe observando, até que a tal japonesinha nos chamou: \\\"Estamos organizando um grupo de circo.teatro para apresentar no final de semana aqui no shopping\\\" - disse ela, \\\"querem participar?\\\" Eu lá com cara de b***da, não falava nada e minha irmã prontamente: \\\"queremos!\\\" Minha timidez só era superada pela minha incapacidade de dizer um sonoro \\\"NÃO!\\\".
Sentamos em círculo e Verônica Tamaoki, ou Verô - a japonesinha, explicou as coisas e distribuiu as tarefas. Do alto de seus vinte e poucos anos, percebendo minha introversão disse: \\\" voce vai ser o apresentador\\\". Gelei! \\\"vai até ali (no meio do piso) e diga bem alto: O Grande Circo Tapate Mágico, orgulhosaente apresenta a sua trupe!\\\". Morri!
Fui, abri os braços, olhei ao redor e segundo minha percepção deveria ter umas 200 pessoas, mas na verdade tinha 4 ou 5, e gritei a plenos pulmões a tal frase.
Meus pais desde que perceberam essa minha retração, incentivavam o meu encaixe social. Toquei saxhorn e trumpete na banda de musica da cidade, encenava nas peças da escola, mas não dava jeito.
Mas depois desse dia... com certeza posso dividir a minha vida em antes e depois desse momento. Fui aceito pelo grupo que organizou o evento e \\\"enganjei\\\" na trupe principal por mais uns tres anos, se tivesse ficado mais tempo seria uma pessoa melhor.
hoje com 53 anos, médico veterinário, apresentador de programas de radio e tv ao longo dos anos, palestrante e professor. Tudo isso só foi possível por conta daquele dia, daquele lugar, daquela japonesinha, da insistência de minha irmã e do Grande Circo Tapete Mágico.
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