NELSON LIMA DOKTOR
O EPITÁFIO DE ALUÍSIO
1.A CERVEJINHA DE ALUÍSIO
Aluísio pagava por serviços sexuais desde seus 22 anos, na flor da idade. Não é que ele fosse mais feio ou mais bonito do que outros homens. Ao sair da agência de viagens na qual trabalhava na Rua Visconde de Inhaúma depois das 9 horas da noite, ele tinha o hábito de se refrescar do calor carioca tomando uma cerveja gelada antes de ir caminhando até a Gare Ferroviária Central do Brasil tomar um trem lotado para o subúrbio de Cavalcanti.
Aos 9 anos de idade lhe meteram um óculos preto na cara, este sim feio. Sua miopia foi crescendo exponencialmente e sua família nunca se negou a corrigir suas lentes, só que antigamente era muito mais caro do que hoje em dia. Mas, ninguém pensava em óculos mais bonitos. Óculos pretos eram mais baratos e fortes para suportar lentes do tipo \\\"fundo de garrafa\\\".
O seu professor de história chamava-se Ernesto. Ele se orgulhava de dizer que fora batizado em homenagem a Che Guevara. Na hora do professor falar mal do falecido líder direitista Carlos Lacerda durante a aula, uma aluna perguntou ao professor se ele era feio porque, segundo ela, se ele fazia aquelas coisas contra o presidente Getúlio Vargas deveria ser feio, mas, o livro didático não tinha foto dele. O ignóbil professor apontou o dedo para Aluísio e afirmou que Carlos Lacerda se parecia com ele. É muito triste para um menino de 10 anos ouvir os colegas em coro gritando: -Feio, feio, feio! Lacerdinha! Lacerdinha...
A melhor vantagem de não ser bonito na escola é preservar o anonimato e ir se destacando pelo mérito, com boas notas. Até então, Aluísio ia sobrevivendo ao ambiente escolar de Cavalcanti. Graças à esse professor ele virou o feio oficial da turma: o Lacerdinha! Aluísio se formou em administração, arrumou o seu primeiro emprego aos 22 anos e ainda era virgem. Ninguém queria comer ou dar para Aluísio.
Ao tomar o trem noturno ele percebia as...
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O EPITÁFIO DE ALUÍSIO
1.A CERVEJINHA DE ALUÍSIO
Aluísio pagava por serviços sexuais desde seus 22 anos, na flor da idade. Não é que ele fosse mais feio ou mais bonito do que outros homens. Ao sair da agência de viagens na qual trabalhava na Rua Visconde de Inhaúma depois das 9 horas da noite, ele tinha o hábito de se refrescar do calor carioca tomando uma cerveja gelada antes de ir caminhando até a Gare Ferroviária Central do Brasil tomar um trem lotado para o subúrbio de Cavalcanti.
Aos 9 anos de idade lhe meteram um óculos preto na cara, este sim feio. Sua miopia foi crescendo exponencialmente e sua família nunca se negou a corrigir suas lentes, só que antigamente era muito mais caro do que hoje em dia. Mas, ninguém pensava em óculos mais bonitos. Óculos pretos eram mais baratos e fortes para suportar lentes do tipo \\\"fundo de garrafa\\\".
O seu professor de história chamava-se Ernesto. Ele se orgulhava de dizer que fora batizado em homenagem a Che Guevara. Na hora do professor falar mal do falecido líder direitista Carlos Lacerda durante a aula, uma aluna perguntou ao professor se ele era feio porque, segundo ela, se ele fazia aquelas coisas contra o presidente Getúlio Vargas deveria ser feio, mas, o livro didático não tinha foto dele. O ignóbil professor apontou o dedo para Aluísio e afirmou que Carlos Lacerda se parecia com ele. É muito triste para um menino de 10 anos ouvir os colegas em coro gritando: -Feio, feio, feio! Lacerdinha! Lacerdinha...
A melhor vantagem de não ser bonito na escola é preservar o anonimato e ir se destacando pelo mérito, com boas notas. Até então, Aluísio ia sobrevivendo ao ambiente escolar de Cavalcanti. Graças à esse professor ele virou o feio oficial da turma: o Lacerdinha! Aluísio se formou em administração, arrumou o seu primeiro emprego aos 22 anos e ainda era virgem. Ninguém queria comer ou dar para Aluísio.
Ao tomar o trem noturno ele percebia as piranhas trabalhando na Central do Brasil, feias e decadentes. Ele era assediado, mas, por mais carente ou curiosidade que tivesse, sempre rejeitou àquelas putas feias e tristes, verdadeiramente \\\"gabrielgarciamarquistas\\\". Se Aluísio saísse do trabalho e fosse caminhando pela Avenida Marechal Floriano, veria piranhas bonitas no caminho, verdadeiramente \\\"prettywomanistas\\\". Se fosse caminhando pela rua da Alfândega e virasse na Avenida Passos até a Praça Tiradentes, veria piranhas velhas e territoriais, que não admitiam intrusas junto a elas. Ele foi mapeando o \\\"condado da putaria\\\" ainda virgem até escolher por onde começaria.
Aluísio adotou dois botequins de onde podia tomar sua cervejinha e mirar às piranhas. Escolheu perder sua virgindade com uma marafona de meia idade da Praça Tiradentes. Ela estava indo bem, lhe chupando, e depois sentou em cima dele olhando para seu rosto de óculos. Ele estava prestes a gozar. Ela era bem feita de corpo e tinha 55 anos. Vestia um corpete preto igual ao de Madonna em Papa don`t preach. Colocou a mão em seu óculos e o tirou do rosto dele. Aluísio perguntou porque ela fez aquilo: -Ah, você de óculos me lembra o filho da puta do Carlos Lacerda. Ela era puta velha e pegou esta época...Ele broxou na hora! Pagou e foi embora abruptamente sem explicar o porque.
No mês seguinte, depois do pagamento, o solteirão já desvirginado resolveu se aventurar no Largo de Santa Rita,ou seja, Avenida Marechal Floriano. Viu uma mulher esbelta e alta parecendo a Julia Roberts. Com aquele sorriso. Ela topou beber com ele. Se chamava Brett, isso mesmo. O mesmo nome que Hemingway deu à protagonista de seu romance The sun also rises.Havia algum tônus muscular naquela mulher e veias aparentes em seus braços, mas, nenhum pêlo. Aluísio se excitou e convidou Brett para ir ao motel depois de beijar-lhe a boca.
Aluísio confessou à Brett que aquela era a sua segunda vez com uma mulher, que havia penetrado a vagina, mas, não ejaculou e explicou o bizarro motivo e deram risadas. Parece que aquilo atiçou mais a libido de Brett, mulherão do porte de Julia Roberts. Aluísio perguntou: -Vai me cobrar quanto? Ela disse: - Boy, meu preço é 500, mas, vou fazer por 300 porque fui com a tua cara.
2.O SOL AINDA SE LEVANTA
No Motel Sevilha Brett entrou no banheiro ainda vestida de bundinha empinada e deixou a porta entreaberta. Aluísio quis fazer uma surpresa e entrou no banheiro enquanto Brett se despia sem ela perceber e viu aquelas ancas musculosas emendando em uma bunda apetitosa. Brett sentiu Aluísio apalpar sua bunda e ir deslizando com as mãos para a frente. Antes que ele chegasse lá, parou sutilmente as mãos dele com as suas. E lhe beijou a boca de lado com seu queixo encostado nos seus ombros espadaúdos:- Você me ama?- Sim, Brett, você é a mulher da minha vida!-disse com hálito alcoólico. E foi segurando as duas mãos de Aluísio para frente até ele sentir seus pentelhos:-Nossa, Brett, como você é pentelhuda? Aí Brett soltou as maõs de Aluísio, que estava extremamente excitado. Aluísio olhava para Brett e seus olhos antes fechados foram se arregalando! E Brett o beijou de novo e perguntou:- O que você me diz?- Eu não me importo, Brett! Brett, que tinha esse nome de guerra graças ao livro, disse: - o sol ainda se levanta!
Tomaram banhos juntos e foram para a cama. \\\"O sol já estava a pino\\\" e Aluísio disse:- Brett, o seu é maior e mais bonito do que o meu! Brett perguntou:- Você quer?- Quero! Brett começou a chupar a bunda de Aluísio e usou sua língua maravilhosamente deixando Aluísio em suspense. Então, ele sentiu uma dor lancinante que lhe subiu até o estômago e gritou:- Para, Brett. Brett voltou ao procedimento oral várias vezes até que em um momento ela perguntou: -Para?- Não, não, quero mais...
No dia seguinte era domingo no entediante subúrbio de Cavalcante e Aluísio acordou de ressaca. Quando sentou na beira da cama, gemeu. Finalmente, havia tomado consciência do que havia feito. De virgem passou a ser descabaçado de frente e verso. Tinha que ir na padaria comprar pão. Quando começou a andar, mancou levemente. O padeiro português era observador, curioso e inconveniente. Logo perguntou:-Estás a mancar porque, ô gajo? Essas coisas só acontecem em lugares como Cavalcante. - Ah, eu tropecei no degrau da estação, seu Manoel! - que retrucou jocosamente:- Ah, foi, menino? E o degrau era do grande ou do pequeno? Aluísio não respondeu porque já estava saindo da padaria.
3.NA ZONA DO AGRIÃO
Cavalcanti antigamente fazia parte da \\\"zona do agrião\\\", de cultivo desta hortaliça nos entornos da linha de trem. Era uma parte do subúrbio aonde não havia fome, tanto é que moradores de outras partes do subúrbios cariocas falavam assim de gente metida a besta: - lá vai ela pensando que é a rainha da zona do agrião! Os hortelãos de Cavalcanti comercialializavam sua produção no Mercadão de Madureira. Além de agrião, debaixo das torres de alta tensão, imensas hortas de chicória, alface, salsa, cebolinha, espinafre...Em Cavalcante era proibido batizar as filhas com o nome de Luzia, graças ao famoso ditado dado às \\\"sirigaitas\\\" da época: ela tá dando o que Luzia perdeu na horta! Veio uma juvenília a partir de 1980 e começou a plantar cannabis sativa no meio das hortas, popularmente chamada de maconha.
No sábado seguinte ao primeiro encontro com Brett, Aluísio sentou no botequim e pediu uma porção de costela com agrião,bem servida, para que quando ela chegasse o prato já estivesse saindo. Ele foi criado comendo costela ou rabada com agrião nos almoços de domingo, mas, rabada tinha pouca carne para duas pessoas. Brett era uma mulher perfeita. Sua voz era maviosa e sem afetações. Era praticamente impossível saber que era homem de nascença. Quando Brett atravessou a rua desfilando em sua direção, Aluísio teve certeza de que estava apaixonado por aquela mulher. Aquela mulher que o comia! E, naquela tarde de sábado, Brett saiu da costela de Aluísio e o comeu com agrião novamente.
4.E,QUEM DIRIA, HEMINGWAY FOI PARAR EM CAVALCANTE
Brett não sabia o que fazer. Morava no pé do morro, na Ladeira do Livramento, onde nasceu Machado de Assis. Aluísio a intimou a conhecer sua família em Cavalcante, para a qual seria apresentada como mulher. Comprou um vestido novo para ela na loja da Impecável Maré Mansa na antiga rua Larga e dali saíram para a Gare Central do Brasil rumo a Cavalcante. A cada sábado que passava Aluísio continuava a mancar e agora tinha começado uma mania nova: puxar a calça que agora estava entrando dentro da sua bunda na medida em que encontrava uma protuberância cada vez maior. Tomaram um trem velho carinhosamente chamado pelo povo de Wanderley Cardoso,cantor da Jovem Guarda, e que circulava de portas abertas. O balanço do trem o fazia ficar puxando a cueca por trás das calças.
Este gestual não passou despercebido por Seu Manoel da padaria quando entraram lá pra tomar café antes de zarpar para a casa da mãe de Aluísio:- O senhor continua a tropeçar no degrau, menino Aluísio? Brett não entendeu nada.- Pois, é, seu Manoel...
Dona Marocas cumprimentou Brett gentilmente e disse que os outros parentes estavam chegando. Ela era uma (então, considerada) \\\"mulata\\\" esguia e muito vivida. Colocou os óculos na ponta do nariz e fez um raio x de Brett sem ela perceber:- Nossa, você parece a Julia Roberts! Todos riram e o ambiente ficou descontraído. Foram mandando mensagens para Dona Marocas, desmarcando o encontro: todos os parentes! Brett era muito esperta! Convenceu Dona Marocas a espionar o localizador dos celulares dos parentes e estavam todos a 550 metros...Dona Marocas deduziu que todos mentiam dizendo que ainda estavam em casa, mas, estavam aonde: na padaria do seu Manoel, o \\\"prefeito\\\" de Cavalcante! O que o português fofoqueiro estaria contando para aquela gente provinciana?
Brett sentiu-se contando piadas indecentes em um baile operário na rue de Mouffetard em plena Paris dos anos 20 ao lado de Jake Barnes. Ela era um \\\"peixe fora d`água\\\" passando calor e vergonha. O único que não tinha percebido nada era Aluísio, o parvo! Seu olhar apaixonado e decepcionado comoveu Brett e Dona Marocas, ao mesmo tempo. Dona Marocas achava que estava diante de outra mulher, pois, nada percebeu de estranho. Nem gogó Brett tinha! Resolveram jantar apenas o três um delicioso Bobó de Camarão...
Brett, como toda puta,sonhava com um príncipe encantado para lhe tirar da esquina, mas, queria um marido que lhe comesse e tinha diante dela uma bicha encubada que gemia em sua vara,embora socialmente fossem um casal crível! No verão, Brett começou a fazer ponto em Copacabana e na Avenida Atlãntica conheceu Tyrone, um negro de Nova York que lhe pagou bem e, principalmente, lhe comeu ardentemente na sexta e lhe comeu no sábado de novo. No domingo, às vésperas de partir, lhe pediu em casamento. E Brett aceitou, a revelia de Aluísio, que viajou para São Paulo a trabalho por uma semana.
Tyrone preferiuu montar um quitinete para Brett na rua de Santana do que levá-la às pressas. E tirou Brett do cortiço imundo na Ladeira do Livramento. Lá perto, em um sebo de livros na rua General Caldwell, Brett achou um livro de Jorge Amado com o qual se identificou: Teresa Batista cansada de guerra! Tyrone era o seu salvador viril gringo. Brett bloqueou Aluísio no seu telefone e ele não soube mais de seu paradeiro. Tyrone lhe pagava uma mesada, mas,exigia que Brett ficasse praticamente em cárcere privado. Em um sábado com ruas desertas no centro carioca, Brett estava olhando a rua da janela do apartamento e viu Aluísio passando pela calçada, parando e olhando a esmo. Vinha do restaurante que ambos estavam acostumados a jantar quando ele saia de seu meio expediente de sábado com uma fisionomia desolada sem mais saber nada de Brett. Ali mesmo na rua de Santana ele voltava da esquina da rua Frei Caneca para tomar seu trem na Central. O coração de Brett apertou, mas, ela resistiu. Era véspera de sua viagem para Atlanta, aonde morava seu marido. E Brett se foi da vida de Aluísio repentinamente como entrou.
5.ALUÍSIO, GUIA TURÍSTICO
Aluísio trabalhava como agente de viagens na rua Visconde de Inhaúma e descobriu que sua agência vendeu o pacote de viagem que levou Brett embora quando ele foi incumbido de fazer uma verificação de software contra vírus e spywares nos computadores da empresa. Ele trabalhava em outro departamento da agência. Em seu departamento, ele fazia roteiros turísticos para os citytours dos turístas, além de ser um guia turístico com registro na Riotur. Com a crise, a agência fechou as portas e Aluísio foi demitido. Depois de 18 anos de trabalho, a ideia de ficar em Cavalcanti full time lhe parecia aterrorizante devido ao marasmo do bairro, e no dia de ir ao Tribunal do Trabalho na rua do Lavradio sacar sua indenização trabalhista que era considerável, Aluísio teve a ideia de ser hospedar no hotel que mais gostava da região da Lapa: o Hotel Carioca, na esquina da Avenida Gomes Freire com rua da Relação.A caminho do hotel, viu na mesma rua uma placa em frente ao sobrado: \\\"aqui funcionou o jornal A Tribuna da Imprensa fundado por Carlos Lacerda\\\". Que raiva getulista Aluísio sentiu de Lacerda naquela hora. Precisava de uma ducha quente!
O hotel tinha um hall de entrada à moda antiga, com uma mobilha, tapete persa e mesa de centro e um balcao de madeira de lei. Ele confirmou uma reserva para uma semana. Disse que não tinha bagagens porque decidiu de sopetão e pretendia compras roupas novas para usar naquela estadia. O seu quarto foi outra grata surpresa, com uma varandinha de frente à Catedral Metropolitana. No banheiro havia a opção de tomar banho de box ou banheira. A cama de casal com roupa de cama alvíssima era muito macia. Ele apagou a luz, deixou a luz do banheiro acesa e, na penumbra, chorou com saudade de Brett. Foi para a rua fazer compras e viu os primeiros travestis fazendo ponto cerca de 10 horas da noite na Lapa. Ele foi cortejado. Quando virou a rua do Resende, uma delas atrás de uma sombra de árvore lhe mostrou uma piroca preta enorme com uma glande vermelha latejando. A voz de Dart Vader lhe propôs: - Me dá 50 e eu deixo pegar. E ele pegou. O travesti era muito feio e ele saiu rápido, como despertado de um transe.
No quarto, sua mente escaneava o corpo de Brett enquanto as lágrimas caiam, mas, quando ele lembrou-se \\\"dela\\\", a sua própria imediatamente respondeu e seu cu piscou. Parecia um network de tesão. De um romantismo moralista sua memória mergulhada em águas abissais do Pacífico irrompeu em um vulcão de Kilauea cheio de lava fervendo formando uma piroca de fogo saindo de uma boca escurecida que parecia seu próprio cu. E ele tomado por este delírio começou a se masturbar até gozar. Depois nada se acalmou. Ele resolveu baixar um aplicativo \\\"tiro e queda\\\" de pegação que todo mundo conhece. Seu interesse? homens. Ele se perguntou: virei viado? Fazer o que se ele queria piroca! Ele queria surra de piroca para esquecer de Brett, das mulheres, de Carlos Lacerda, de Cavalcante, do travesti preto...
Apareceu um moreno de um metro e noventa e três chamado Danilo, que estava hospedado no hotel. Estava no quarto com seu marido que estava dormindo, justificando-se, por falar baixinho na chamada de vÍdeo dentro do banheiro. Aluísio chamou Danilo para o quarto. Disse que estava com seu Sugar Daddy, que não havia liberado um dinheiro para ele cheirar cocaína. Aluísio disse que queria transar primeiro antes de pagar o \\\"programa\\\". Sendo assim, Danilo o possuiu com capricho, dando-lhe inclusive tapas na cara. A cueca de Aluísio ficou toda lambuzada! E um novo encontro no mesmo hotel foi marcado quando Danilo saiu correndo de volta ao quarto, cheirando pelos corredores. Ele conseguiu o pó antecipado \\\"na biqueira\\\" e disse que aquele dinheiro era para quitar a dívida. Aluísio desinstalou o aplicatativo e foi tomado por uma serenidade monogâmica,como se Danilo fosse seu namorado. Danilo não passava de um junkie vagabundo que se prostituia por drogas.
Com o mês de novembro chegando, ocorreu a Aluísio retomar o velho trabalho de guia turístico bem perto de seu hotel predileto e passou a vender seu serviço na Escadaria Selarón,perto dos Arcos da Lapa quando em um final de tarde, avistou Danilo com outro daddy gringo passeando pelas belas escadas decoradas com azulejos do mundo todo pelo artista chileno Jorge Selarón. Danilo havia \\\"dado bolo\\\" no encontro marcado com Aluísio no seu quarto.Por zap, Danilo disse que estava com seu daddy hospedado no Hotel Copacabana Palace. Quando se olharam,Danilo piscou para ele e finalmente Aluísio caiu em si. Era mais uma Cinderela invertida que achava o sapatinho de cristal do príncipe daddy e virava gata borralheira!
6.O DETETIVE DE TAMANCOS
E assim Aluísio virou bicha, viado, gay e pederasta passivo sem maldade no coração, mas, cheio de mágoas. Bicha tardia de 49 anos que só transava quando tinha dinheiro. O seu ideal de amor heterossexual teria vingado se ele morasse em uma pacata cidade do interior. Ele poderia ter tirado a puta do bairro do cabaré e casado com ela. Ele poderia já ter filhos. E até netos! Era assim que Aluísio imaginava sua vida bebendo, depois do expediente, sozinho no antigo botequim na rua dos Inválidos. Ele tinha a cabeça de Cavalcante e escondia tudo de seus vizinhos.Era seis da manhã e ao sair embriagado do bar, Danilo chegou para comprar cigarro. Se entreolharam com volúpia e resolveram tomar a saideira no bar da esquina da mesma rua com a Visconde do Rio Branco.
Era sábado, e Seu Manuel da padaria do Cavalcante, foi comprar ingredientes para fazer quibe na rua Gonçalves Ledo, no Saara. Não havia trem por defeito na rede aérea, e ele resolveu tomar um uber até a Avenida Suburbana e ,depois, desembarcou do ônibus 371 na Praça da República às 8 da manhã, bem em frente ao botequim aonde estavam Aluísio e Danilo, que já tinham pago a conta e se levantavam para voltar ao hotel. Seu Manuel os viu sem ser visto. Eles se abraçaram e sairam abraçados do bar. Na esquina da mesma rua com a Avenida Gomes Freire, eles ficaram de perfil e se beijaram na boca. Seu Manuel os seguiu. Eles olharam para trás, mas, Seu Manuel entrou no posto de gasolina da rua Visconde do Rio Branco e saiu de suas vistas. Seu Manuel sempre foi apaixonado por Dona Marocas antes dela casar com o pai de Aluísio e dele nascer. Ficou solteirão e sempre se intrometeu na vida da família dele. Quando Dona Marocas ficou viúva, Aluísio tinha 19 anos. ele ficava mandando recadinhos quando Aluísio ia à padaria,mas, ele não desejava ter Seu Manuel como padrasto e nunca dava recados amorosos à mãe, nem os pães doces extras, que ele próprio comia sem falar nada. Um dia ele descobriu ao perguntar à Dona Marocas se ela estava gostando dos mimos. Dona Marocas entendeu o sentimento de proteção do único filho, mas, Seu Manuel queria se vingar e passou a perseguir o rapaz com ironias e sarcasmos.
Agora ele estava disposto a contar tudo à Dona Marocas. Ao passar na frente da igreja, lembrou que Dona Marocas era muito devota de São Jorge. Só tinha a sua palavra na qual certamente Dona Marocas não confiaria em detrimento da palavra do seu filho.
7. BALANÇA MAIS NÃO CAI
Tyrone morreu de ataque cardíaco aos 44 anos nos braços de Brett na cama e ela teve dificuldades para voltar ao Brasil. Somente conseguiu após o médico-legista de Atlanta emitir uma segunda via do atestado de óbito discriminando a causa mortis. Brett viria morar na garçoniere que Tyrone havia comprado no nome dela na Rua de Santana. O casamento durou 3 anos.
Enquanto isto, Aluísio descobriu na ocasião que fez uma limpeza nos arquivos da antiga empresa o antigo endereço de Brett no pacote de viagem. Convenceu sua mãe a vender a casa de Cavalcante e interando com sua indenização trabalhista morar em um apartamento comprado no mesmo prédio, crente de que Brett nunca mais moraria lá, já que seu apartamento estava alugado. Ou será que inconscientemente Aluísio queria exatamente o oposto com esta mudança?
Seu Manoel passou a gerenciar uma padaria de um irmão seu que morreu na... rua de Santana, sem saber o paradeiro de Dona Marocas, que mudou na calada da noite!Danilo, desempregado e agora loiro, não foi reconhecido por Seu Manoel quando foi selecionado para trabalhar como balconista da padaria. A padaria funcionava embaixo no prédio aonde já estava morando Aluísio, Dona Marocas e para onde Brett estava a caminho, já no Aeroporto Internacional do Galeão.
A puta velha que tirou o cabaço de Aluísio chamava-se Ademilde e também morava no prédio. Estava aposentada pelo INSS. Naquela noite de 5 de setembro de 2018 todos os personagens deste romance estavam dormindo no mesmo prédio: o famoso Balança mais não cai!
8. O HOMOM MORREU? BALANÇOU, MAS, NÃO CAIU
Jair Bolsonaro foi esfaqueado em Juiz de Fora no final da manhã de 6 de setembro de 2018. Danilo já havia se aboletava na casa de Ademilde que estava fazendo compras na feira livre do Bairro de Fátima quando acompanhou o noticiário sobre o assunto. Ele zapeava a maioria das Tvs e se dizia: - o candidato foi atacado, mas, passa bem, antes mesmo da divulgação de qualquer boletim da Santa Casa de Juiz de Fora. Ele resolveu entrar no youtube e ouviu o próprio candidato confirmar nas redes sociais ao lado dos médicos que entrou na UTI do hospital \\\"sem pulso\\\" devido à hemorragia interna e somente sobreviveu porque era um homem muito forte.
Mas, porque dizer a verdade era tão perigoso? Por que estávamos a um mês das eleições e Haddad acabava de ser confirmado como candidato diante da prisão de Lula. Quando a verdade deixa de ser o valor absoluto de uma sociedade, ou da parte da sociedade que tem o dever de informar, a boataria toma conta do processo político dando a ele um único mentor: Maquiavel! É isso que se passa no Brasil até hoje...
Ademilde adentrou o apê esbaforida e gritou pra Danilo:- O desgraçado morreu? Danilo disse que ele estava vivo e que tinha vontade de votar nele, o que desatou um bate boca:- Tô vazando, mulher. Tenho que pegar meu turno de trabalho na padaria. Seu Manoel também acompanhava o noticiário preocupado com seu candidato: - Ele me lembra o Salazar, lá da minha terrinha. Falava com ternura quando entrou na padaria Ademilde: - lembra o Mussolini também, né, português fascista? Seu Manoel retrucou dizendo que opinião de puta não tinha valor para ele. O clima pesado entre os três só acalmou quando entrou Dona Marocas na padaria: Não acredito, Seu Manoel por aqui! O português se desmilinguiu de ternura dizendo que estava desolado sem saber o paradeiro de sua vizinha de bairro. Ela levou seu pão e ele disse: mande lembranças para o menino Aluísio!
Aluísio não é um nome muito comum, de modo que Danilo, um malandrinho muito despachado, perguntou a Seu Manoel de onde os dois se conheciam: - Ora,pois, de Cavalcante! Pronto, Danilo já sabia que seu ex-amante estava morando no Balança, mas, não cai. Agora ele poderia ter três fontes de renda: Seu Manoel, Ademilde e Aluísio. Afinal, seus argumentos eram sempre convincentes...
9. O TELEFONE TOCOU
Seu Manoel atendeu a ligação de Brett, pedindo uma entrega de pães a domicílio: -Menino Danilo, entrega esses pães no apartamento 234 para Dona Brett. Danilo tocou a campainha e Bret já esperava avisada pelo interfone, mas, os dois não se conheciam. E os dois se viram pela primeira vez!
Danilo era alto, da mesma altura de Brett. Seus 27 anos já denunciavam um início de calvice, mas, continuava deslumbrante. Era uma calvice mais elegante do que a coroinha de Santo Antônio de Seu Manoel. Eram duas entradas arrojadas que faziam seus cabelos castanhos encaracolados virarem um topete. nha gordura no corpoSeu rosto era seco, quase árido. Não tinha nenhuma umidade negróide. O nariz adunco se centrava em um rosto mouro com olhos constantemente entreabertos como se as areias do Saara ventassem sobre ele, mas, eles brilhavam em pupilas móveis. Era um olhar hipnótico! Ele não tinha gordura no corpo, tão pouco viam-se músculos. Seu corpo era coberto de veias e nervos como uma estátua de Aleijadinho. Suas mãos elegantes moviam-se com graça quando queriam seduzir, um pouco afeminadas, mas, com rompantes viris. E havia um anel de caveira no dedão. Ele moveu seu braço esgio com graça na direção de Brett que ao pegar o pão tocou em sua mão. Ela sentiu a pulsação do coração dele ao tcar em sua mão e eles ficaram se mirando, mas, ela disse apenas: - obrigado! E fechou a porta!
Que ato falho! Brett se declarou transsexual para um desconhecido.Ou seria proposital? Aluísio falou sobre Brett para Danilo. Ele já sabia que os dois viviam no mesmo prédio, mas, ainda não sabiam que iriam se encontrar. Danilo pensou em lucrar com o fato. O que ele não sabia é que era teúdo e manteúdo da mulher que descabaçou Aluísio: Ademilde. Ademilde não contou o passado dela para Danilo. Ademilde, por sua vez, não sabia da bissexualidade de Danilo, que foi sugar baby de Aluísio. Seu Manoel já sabia que Dona Marocas, seu amor,iria frequentar sua padaria. O que aconteceria agora no famoso Balança, mas, não cai?
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