Acredito que ao longo da vida assumimos distintos papéis: somos filhos, pais, profissionais… Em algum momento nascemos para um determinado papel, modificando a maneira como vemos o mundo. Uma das minhas mais importantes facetas foi o momento que nasci como irmã.
Na minha família, naquele momento, éramos poucas crianças, somente eu e dois primos mais velhos. Fomos criados muito próximos, as famílias, tanto paterna como materna, eram muito unidas. Tinha uma vaga ideia de como era ter irmãos mais velhos pois eles eram todos cuidadosos comigo, como são até hoje. Temos uma amizade bonita, um amor que ultrapassa os laços de sangue. Porém, ainda assim não é possível comparar ao amor fraterno.
Aconteceu na tarde de 5 de outubro de 1987. Lembro que naquela dia, na sala do pré-escolar II, nossa árdua tarefa era brincar com massinhas de modelar. Eu estava ansiosa, a qualquer momento a Tia (ou seja, a professora) me chamaria para sair de sala, pois a minha mãe estava no hospital e alguém da família viria me buscar. Eu iria conhecer a minha irmã. Enfim assumiria meu papel de irmã mais velha, ou de “mana”, como carinhosamente fui apelidada. Resolvi então fazer um presente pra levar, peguei as massinhas e fiz uma maçã. Lembro que nem tinha todas as cores e até me empenhei em pedir emprestado. Cabinho, folha, maçã, tudo. Estava orgulhosa da minha invenção, feliz por poder presenteá-la. Ao chegar no hospital lembro de ver a família reunida em volta do bebê. Confesso que fiquei um pouco decepcionada pois ela era pequena demais, delicada demais, não tinha como brincar com ela.
Com o passar dos meses pude perceber que a minha vida não seria mais a mesma, a atenção de todos estaria voltada para aquele bebê ou ao menos não a teria mais por completo para mim. Minha mãe sabiamente me envolvia nos cuidados com minha irmã, despertando uma responsabilidade que ainda não havia experimentado.
O novo cargo veio com muitas...
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Acredito que ao longo da vida assumimos distintos papéis: somos filhos, pais, profissionais… Em algum momento nascemos para um determinado papel, modificando a maneira como vemos o mundo. Uma das minhas mais importantes facetas foi o momento que nasci como irmã.
Na minha família, naquele momento, éramos poucas crianças, somente eu e dois primos mais velhos. Fomos criados muito próximos, as famílias, tanto paterna como materna, eram muito unidas. Tinha uma vaga ideia de como era ter irmãos mais velhos pois eles eram todos cuidadosos comigo, como são até hoje. Temos uma amizade bonita, um amor que ultrapassa os laços de sangue. Porém, ainda assim não é possível comparar ao amor fraterno.
Aconteceu na tarde de 5 de outubro de 1987. Lembro que naquela dia, na sala do pré-escolar II, nossa árdua tarefa era brincar com massinhas de modelar. Eu estava ansiosa, a qualquer momento a Tia (ou seja, a professora) me chamaria para sair de sala, pois a minha mãe estava no hospital e alguém da família viria me buscar. Eu iria conhecer a minha irmã. Enfim assumiria meu papel de irmã mais velha, ou de “mana”, como carinhosamente fui apelidada. Resolvi então fazer um presente pra levar, peguei as massinhas e fiz uma maçã. Lembro que nem tinha todas as cores e até me empenhei em pedir emprestado. Cabinho, folha, maçã, tudo. Estava orgulhosa da minha invenção, feliz por poder presenteá-la. Ao chegar no hospital lembro de ver a família reunida em volta do bebê. Confesso que fiquei um pouco decepcionada pois ela era pequena demais, delicada demais, não tinha como brincar com ela.
Com o passar dos meses pude perceber que a minha vida não seria mais a mesma, a atenção de todos estaria voltada para aquele bebê ou ao menos não a teria mais por completo para mim. Minha mãe sabiamente me envolvia nos cuidados com minha irmã, despertando uma responsabilidade que ainda não havia experimentado.
O novo cargo veio com muitas responsabilidades como balançar o berço pra ela parar de chorar, buscar na escola, ajudar nos trabalhos de aula, ajudar a vestir, segurar na mão ao dormir porque tinha medo da chuva, brigar para usar óculos, fazer tutoriais para explicar as coisas mais óbvias…Por muito tempo acreditei que precisava ser exemplar para aquela pessoa que me via como inspiração, apesar dos defeitos e das falhas tão humanas.
Vieram também muitas alegrias, pois o tal do pacotinho foi o melhor presente que eu poderia ter recebido, como se fosse um "cargo premiado". Sou feliz quando estamos juntas, por rir de motivos bobos, de ter com quem contar, com quem chorar e ganhar um colo. O mais importante, é ter a certeza de saber que nunca estarei sozinha no mundo. Meu cargo de mana é ser irmã, mãe, amiga e filha, tudo ao mesmo tempo. Obrigada, Morena, por me deixar nascer contigo.
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