Morava em Pejussara, um pedacinho de roça que pertencia ao município de Cruz Alta, no Estado do Rio Grande do Sul.
Tinha quinze anos e muitos, muitos sonhos naquela cabecinha que pouco sabia, mas que queria conquistar o mundo. Gostava de ler, lia tudo que encontrava pela frente e sua imaginação não tinha limites.
Um dia leu na revista Capricho - que por incrível que pareça já existia-, que se usasse um colar de olho de tigre teria sorte no amor, dinheiro e proteção (precisava mais?).
Começou então a busca pelo tão encantado colar. Pediu para os irmãos, tios, amigos, padrinhos, falou até com o padre e ninguém sabia onde encontrar aquela preciosidade.
O tempo passou, a vida continuava, mas algumas vezes o colar voltava a povoar seus sonhos.
Saiu do campo, foi estudar na cidade e arrumou um namorado que morava em São Paulo.
Quando completou um ano de namoro, o rapaz apaixonado perguntou o que ela queria de presente. Ela nem precisou pensar:
- Quero um colar de olho de tigre
Depois de mais de dois meses, ela recebe pelo correio um pequenino pacote, ansiosa e
com o coração aos pulos, abriu o pacote e... que decepção
O colar era belíssimo, todo em ouro, feito artesanalmente e com umas bolinhas marrons intercaladas. E o olho de tigre onde estava?
Pois é, colhendo informações aqui e acolá ela ficou sabendo que “olho de tigre” era uma pedra, e que o seu colar tinha várias delas.
Nos seus sonhos ela pensava:
- Onde o namorado arrumaria um tigre, e mais ainda, como faria para tirar-lhe os olhos?
Ficou muito feliz, colocou o colar no pescoço e nunca mais tirou. Já se passaram cinqüenta anos.
Será que o colar deu-lhe sorte, amor, riqueza?
Tenho a certeza que sim, pois até hoje está com o mesmo amor de cinqüenta anos atrás e vive muito feliz, tem uma família linda... Sorte, riqueza? É claro que ela tem, pois quem tem AMOR, tem tudo...
(Depoimento enviado em 28 de outubro de 2008)