Desde que cheguei ao Cariri cearense, encontrei muitas mulheres que carregam vivências e atravessamentos parecidos com os meus. Através delas, revivo memórias ainda tão presentes. No final de setembro de 2023, com a primavera despontando, uma jovem de 16 anos entrou no meu espaço de trabalho, trazendo uma grande energia de amorosidade que acabou impactando também minha vida pessoal. Como pode, aos 36 anos, me ver naquela menina de 16? Aprendi a honrar cada troca com as mulheres ao meu redor, mas fazia muito tempo que eu não revivia a energia da juventude. Graças a Manuella, voltei a me conectar com a jovialidade do ser mulher. Manu chegou com a força do seu nome: uma verdadeira presença divina. Acompanhá-la em seu processo de autoconhecimento através da ioga me fez reviver meu próprio percurso. Por meio dela, tive a chance de observar a vulnerabilidade que surge ao adultecer, e percebi como, mesmo adulta, ainda estou em contato com as memórias dessa fase e posso transformá-las em força e entendimento. A convivência com jovens revela o que deixamos para trás e o que carregamos conosco, mostrando tanto as diferenças quanto as semelhanças entre gerações.
Manu recentemente completou 18 anos, o que inevitavelmente me levou a recordar minha própria passagem para a vida adulta, quando, aos 18, ouvi de uma amiga da minha mãe: “Agora é você por você, agora é sua vez de ser adulta.” Essas palavras soaram duras na época e, hoje, com mais perspectiva, compreendo como a sociedade coloca a jovem mulher sob uma cobrança precoce e desigual, exigindo dela responsabilidade e “maturidade”.
Meu trabalho me faz entender que cada geração tem algo a ensinar e a aprender, mulheres mais maduras, por já terem percorrido longas jornadas de autodescoberta, têm o poder de inspirar a autocompaixão e o amor-próprio nas mais jovens. Em contrapartida, as jovens trazem consigo uma energia vibrante e a coragem de experimentar o novo, que inspira as mais...
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Desde que cheguei ao Cariri cearense, encontrei muitas mulheres que carregam vivências e atravessamentos parecidos com os meus. Através delas, revivo memórias ainda tão presentes. No final de setembro de 2023, com a primavera despontando, uma jovem de 16 anos entrou no meu espaço de trabalho, trazendo uma grande energia de amorosidade que acabou impactando também minha vida pessoal. Como pode, aos 36 anos, me ver naquela menina de 16? Aprendi a honrar cada troca com as mulheres ao meu redor, mas fazia muito tempo que eu não revivia a energia da juventude. Graças a Manuella, voltei a me conectar com a jovialidade do ser mulher. Manu chegou com a força do seu nome: uma verdadeira presença divina. Acompanhá-la em seu processo de autoconhecimento através da ioga me fez reviver meu próprio percurso. Por meio dela, tive a chance de observar a vulnerabilidade que surge ao adultecer, e percebi como, mesmo adulta, ainda estou em contato com as memórias dessa fase e posso transformá-las em força e entendimento. A convivência com jovens revela o que deixamos para trás e o que carregamos conosco, mostrando tanto as diferenças quanto as semelhanças entre gerações.
Manu recentemente completou 18 anos, o que inevitavelmente me levou a recordar minha própria passagem para a vida adulta, quando, aos 18, ouvi de uma amiga da minha mãe: “Agora é você por você, agora é sua vez de ser adulta.” Essas palavras soaram duras na época e, hoje, com mais perspectiva, compreendo como a sociedade coloca a jovem mulher sob uma cobrança precoce e desigual, exigindo dela responsabilidade e “maturidade”.
Meu trabalho me faz entender que cada geração tem algo a ensinar e a aprender, mulheres mais maduras, por já terem percorrido longas jornadas de autodescoberta, têm o poder de inspirar a autocompaixão e o amor-próprio nas mais jovens. Em contrapartida, as jovens trazem consigo uma energia vibrante e a coragem de experimentar o novo, que inspira as mais velhas a sair da zona de conforto e a redescobrir a alegria de viver. Ambas, no fundo, enfrentam a mesma luta: a busca pela autenticidade, apesar da pressão social.
Quando temos a oportunidade de conviver com pessoas de idades diferentes, aprendemos que o amadurecimento é esculpido pelos desafios e até pelos sofrimentos que atravessamos. Na juventude, tropeços e decepções despertam uma consciência latente, cada experiência abrindo espaço para questionamentos que impulsionam o autoconhecimento. E enquanto mulher, a cada nova fase, somos forçadas a refletir sobre quem realmente somos e o que desejamos.
A sociedade patriarcal espera que a mulher jovem tenha responsabilidade, enquanto ainda exige dela moderação e segurança, especialmente em seu comportamento. Enquanto para os homens a passagem para a maioridade é incentivada como uma época de liberdade e exploração, para as mulheres, essa mesma liberdade é colocada em uma caixa de expectativas, associada a papéis futuros de cuidadora e também do olhar para a maternidade compulsória.
Essas expectativas desiguais limitam o desenvolvimento de cada um e reforçam estereótipos que perpetuam a desigualdade de gênero, restringindo a liberdade e a autenticidade. Conviver com jovens, como
Manu, me faz refletir sobre essas imposições e repensar o que realmente significa amadurecer e viver uma identidade autêntica. A jornada do adultecer da mulher é um caminho repleto de nuances e constantes reflexões. Ao conviver com Manuella e com outras jovens, percebo que, embora as pressões sociais possam ser desiguais, cada mulher, independentemente da idade, carrega dentro de si a capacidade de se reinventar e de redescobrir sua autenticidade, mantendo-se firme em suas escolhas. Essa troca de aprendizado é vital. As memórias que trazemos conosco se tornam aliadas na construção de um futuro mais empático e livre para nós mulheres, independente da idade.
Por fim, que possamos celebrar a força da mulher em todas as suas fases, abrindo espaço para um diálogo que desafia estereótipos e ressignifica todos os papéis aos quais somos inseridas.
Essa reflexão é um convite à liberdade, desejo que cada uma de nós possa abraçar sua história, honrar suas experiências e, ao mesmo tempo, inspirar outras a fazer o mesmo. Que continuemos a cultivar essa conexão, promovendo um ambiente onde cada mulher, independentemente da idade, possa viver plenamente em sua autenticidade e força.
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