Eu estava na cozinha de uma casa muito linda no meio de uma mata. Podia sentir o cheiro úmido e fresco daqueles tantos tons de verde e ouvir os passarinhos. Tirei os chinelos para caminhar ao redor e, logo nos primeiros passos, comecei a me sentir estranha. Eu não estava sentindo a sola dos pés, assim como a palma das mão. Eu perdi o tato! Era desesperador passar as mãos nos troncas e nas folhas e não sentir absolutamente nada, aquele frescor sumiu, assim como a sensação do ar contra a pele. Segui caminhando em pânico e testando as sensações. Olhei para a minha pele e ela estava grossa, quase um couro. A mata acabou e eu estava em uma praia grande e vazia. A areia deveria estar quente, mas eu não sentia nada e nem aquele sol em meu corpo. Pisei sem querer com um dos pés em uma areia movediça, consegui puxar o pé e notei que o tato voltou naquela parte que entrou em contato com a areia. Entrei correndo e posso me lembrar do misto de alívio e prazer ao sentir na pele aquela areia me envolvendo bem devagar. Entrei em pânico de novo quando chegou ao pescoço, mas eu não consegui sair e decidi me entregar para a morte. Mas em instantes, descobri que eu respirava ali dentro. Nesse momento, senti meus pés tocarem a água e meu corpo deslizou e sai nadando
Que associações você faz entre seu sonho e o momento de pandemia?
A primeira delas e mais forte está relacionada ao isolamento social. Me lembro que alguns dias antes me perturbava a ideia de que nos acostumaríamos a não ter mais contato físico com as pessoas e pensava muito nos reflexos disso em nossos corpos. Penso que a ideia de morte também apareceu na areia movediça e a prisão também pode ser um reflexo do isolamento