Foi numa noite de domingo, antes de dormir inventei de ler mais um capítulo do livro ""O idiota"" de Dostoiévski. Naquele capítulo o príncipe Míchkin, protagonista da obra, pediu a uma jovem pintora que recém tinha conhecido, que ela pintasse o exato momento dos 5 min anterior à execução de um prisioneiro que seria decapitado em praça pública. A ideia dele é que a pintora tentasse colocar em imagem essa terrível cena que testemunhou e o fez refletir sobre o que o prisioneiro estaria pensando minutos antes da sua morte. Lido o capítulo, impactada com a leitura e esse estranho desejo do príncipe Míchkin, deito no travesseiro e naquele momento inicial do sono em que muitas vezes temos a sensação que nosso corpo está caindo, sonhei que eu estava morrendo, em tempo real, ali mesmo na cama.
Que associações você faz entre seu sonho e o momento de pandemia?
Um assustador sonho de angústia que diz não só da minha história pessoal, da marca que ficou em mim de um enforcamento de um familiar muito próximo, mas também diz do medo que as execuções públicas retornem em nosso país (assim como parece estar acontecendo por meio das inúmeras mortes pela pandemia) e que o número de suicídios também aumentem. Um sonho de angústia que diz do meu próprio medo de ser executada, ou escolhida pelo vírus e morrer sozinha na minha cama, assim como o medo de sentir vontade de cometer o suicídio frente a tanta barbárie dos nossos tempos. Seguimos...