Nasci no dia 29 de janeiro de 1980. Hoje tenho 43 anos e tenho uma história de vida carregada de altos e baixos. Aos 6 anos de idade fui picada por uma cascavel e fiquei em coma 7 dias. Meus pais me contaram que o hospital a Santa casa de Lima Duarte, disse que não podiam me internar mas o Sr Sebastião Nogueira antigo patrão do meu pai brigou para me internarem. Ele salvou minha vida. Tive uma infância pobre e meus pais tinham dificuldade em nós vestir pois éramos 4 irmãos mas nunca faltou comida na mesa pois ele plantava de tudo. Para estudarmos andávamos uns 6 quilômetros da Fazenda do Goiabal até a Escola Estadual José de Sales em Orvalho. Eu não era quieta. Parecia um menino , brigava muito e só andava com eles. Minha melhor amiga de infância era a Maria e meu amor de infânciase chamava Lindomar. Nunca mais tive contato presencial com eles. Mais tarde eu gostava do Geovane. Na adolescência minha melhor amiga era a Jaqueline. E aconteceu o mesmo. Aos 16 anos sofri uma tentativa de estupro e um rapaz chamado Bruno me salvou. 4 anos depois fui atropelada por um homem lindo e descobri que ele era amigo do Bruno. Nos tornamos inseparáveis. Tinha o Whoshington, a Paula e o Paulo. Aprontávamos muito. Com o tempo também nos separamos e só mantinha contato com o Bruno. Ele e o Guilherme mudaram para o Sul mas sempre que vinham em Juiz de Fora me ligavam e nos víamos. Eu comecei a trabalhar com 12 anos com carteira registrada. Trabalhava como trabalhador rural numa suinocultura em Penido. Eu fazia de tudo. Tratava dos porcos, castrada, limpava e fazia parto das porcas. Muitas vezes eu chegava tarde da escola e passava a noite na maternidade para fazer o parto das leitoas. Com 12 anos eu era revoltada com tudo. Deve ser por causa da adolescência. Eu queria morrer e falava que não pedi para nascer. Hoje sei que é mentira. Sou uma vencedora pois entre milhões de espermatozoides eu quis perfurar o óvulo e nascer. Eu não tive namorados,...
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Nasci no dia 29 de janeiro de 1980. Hoje tenho 43 anos e tenho uma história de vida carregada de altos e baixos. Aos 6 anos de idade fui picada por uma cascavel e fiquei em coma 7 dias. Meus pais me contaram que o hospital a Santa casa de Lima Duarte, disse que não podiam me internar mas o Sr Sebastião Nogueira antigo patrão do meu pai brigou para me internarem. Ele salvou minha vida. Tive uma infância pobre e meus pais tinham dificuldade em nós vestir pois éramos 4 irmãos mas nunca faltou comida na mesa pois ele plantava de tudo. Para estudarmos andávamos uns 6 quilômetros da Fazenda do Goiabal até a Escola Estadual José de Sales em Orvalho. Eu não era quieta. Parecia um menino , brigava muito e só andava com eles. Minha melhor amiga de infância era a Maria e meu amor de infânciase chamava Lindomar. Nunca mais tive contato presencial com eles. Mais tarde eu gostava do Geovane. Na adolescência minha melhor amiga era a Jaqueline. E aconteceu o mesmo. Aos 16 anos sofri uma tentativa de estupro e um rapaz chamado Bruno me salvou. 4 anos depois fui atropelada por um homem lindo e descobri que ele era amigo do Bruno. Nos tornamos inseparáveis. Tinha o Whoshington, a Paula e o Paulo. Aprontávamos muito. Com o tempo também nos separamos e só mantinha contato com o Bruno. Ele e o Guilherme mudaram para o Sul mas sempre que vinham em Juiz de Fora me ligavam e nos víamos. Eu comecei a trabalhar com 12 anos com carteira registrada. Trabalhava como trabalhador rural numa suinocultura em Penido. Eu fazia de tudo. Tratava dos porcos, castrada, limpava e fazia parto das porcas. Muitas vezes eu chegava tarde da escola e passava a noite na maternidade para fazer o parto das leitoas. Com 12 anos eu era revoltada com tudo. Deve ser por causa da adolescência. Eu queria morrer e falava que não pedi para nascer. Hoje sei que é mentira. Sou uma vencedora pois entre milhões de espermatozoides eu quis perfurar o óvulo e nascer. Eu não tive namorados, apenas 2 e isto foi por causa do trauma de quase ter sido estuprada. Tinha medo dos homens e os via como monstros. Na adolescência trabalhei no cafezal. Carpia, desbrotava e panhava café no horário da tarde. De manhã fazia o ensino médio no colégio Estadual Polivalente de Benfica. Lá conheci o Cleber Carvalho de Azevedo. Ele foi meu grande amor. Mas optamos só por sermos amigos. Eu preferia ter 1% dele do que 100%de nada. Assim que terminei o ensino médio deixei de vê-lo e escrevi muitas cartas para ele. Mas nunca tive resposta. Alguns anos mais tarde comecei a fazer o curso Técnico de transações imobiliárias no CTU que hoje é o IFET. Neste período eu trabalhava na casa da dona Ilza que hoje é minha madrinha e é uma mãe para mim. Trabalhando lá,
um dia ao passar de carro com a Danielly em Penido conheci meu atual esposo. Me lembro que quando o vi pela primeira vez na vida ele estava trabalhando na casa da Conceição em Penido e eu disse que iria me casar com ele. E realmente 2 anos depois estávamos casados. Tivemos 2 filhos. E tudo para mim era planejado exceto meu marido. Anos depois de casada numa tarde eu fui na casa de uma amiga a Cristiane que era Agente de saúde como eu e reencontrei o Cleber. Naquele momento eu percebi que ainda o amava. Mas também descobri que ele era casado com a Graziela que dava estudo bíblico para minha mãe. E ela era uma mulher linda e educada. Fiquei feliz em vê-lo seguir em frente. Embora eu sempre quis saber o motivo pelo qual ele nunca respondeu a nenhuma carta que eu enviara. Quando eu noivei o Guilherme me ligou e disse que era apaixonado por mim. Nos encontramos na rodoviária em Juiz de Fora e ele me beijou sem eu esperar. Para mim foi assustador. Eu disse que era apaixonada pelo Robinho e ele sorriu e me desejou felicidades. Em 2003 comecei a trabalhar na UBS Igrejinha onde trabalho até hoje. Comecei também a fazer cursos de artesanato e trabalhar com isso. Depois do nascimento da minha filha em 2005, tive depressão pós parto e cheguei a pesar 49 kilos. Fiquei muito magra, com a autoestima abalada e sem vontade de nada. Eu vivia me dopando de remédios e várias vezes entrei na frente de carros desejando morrer, até que um dia fiz isso com uma carreta e o motorista freou a tempo, saiu do veículo e me disse várias coisas que eu não sei explicar como ele sabia tanto da minha vida. Ele pediu para eu pensar na minha filha que era bebê. E o doutor Eduardo passou a cuidar da minha doença. Alguns anos depois eu e meu esposo brigamos e eu saí de casa sem rumo. E no desespero liguei para o Bruno que estava numa festa nas Granjas Betânia e ele me buscou em Santa Terezinha. Ele me levou para a Granja e eu chorava muito. Lá reencontrei o Guilherme e ele alcoolizado deu um
jeito de ficar sozinho comigo e tentou me beijar à força. E mais uma vez o Bruno entrou e tirou ele de perto de mim. O Bruno sempre foi meu anjo da guarda e até hoje quando eu ligo ele vem correndo em meu socorro. Ao fim da festa, ele me levou para a casa da tia Candinha e antes de eu descer do carro ele me disse que eu era o grande amor da vida dele e que mesmo esquálida eu era a mulher mais bonita que ele conhecia. Fiquei surpresa e me senti uma pessoa especial. Ele desceu do carro, abriu a porta para eu descer e me abraçou tão forte que me senti protegida e amada. Depois disso não tocamos mais no assunto mas sempre mantínhamos contato por telefone. 3 anos depois planejei mais uma gravidez e tive um menino. A vida parecia entrar nos eixos. E vivi bons momentos ao longo dos anos. Reformamos a casa, me Tornei militante nos movimentos relacionados aos direitos humanos viajei muito mas em 2013, no natal, pela primeira vez nossa casa foi inundada pela enchente. Perdemos muitas coisas. Móveis, alimentos, roupas mas ganhamos muitas coisas. Sempre firam solidários comigo por isso faço o mesmo pelas pessoas. Depois sofremos com mais 2 enchentes. Uma no dia 11 de janeiro de 2021 e outra no dia 06 de janeiro de 2022. E nesta perdemos praticamente tudo, inclusive à casa. Tivemos que nos mudar para outro bairro Humaitá. Foi o pior ano da minha vida. Pois no dia 31 de março uma usuária chamada Naura foi até meu trabalho e atentou contra minha vida ao me enforcar. Eu desenvolvi TEPT, depressão e ansiedade. Fiquei 45 dias sem sair no quintal de casa. Fiquei afastada do trabalho por 6 meses mas tive que voltar a trabalhar por necessidade mas cheia de restrições. Não consigo realizar o trabalho que eu desenvolvia anteriormente e só saio de casa com rivotril sublingual. Mas aos poucos estou tentando retomar minha vida. Tenho um projeto social chamado Projeto Cidadania onde dou aulas gratuitas de pintura em tela, artesanato e reciclagem. E trato com psiquiatra, tomo 9 medicações para depressão e tive uma perda muito grande no dia 14 de abril deste ano quando meu primo que sempre me deu forças nas crises de ansiedade cometeu o suicídio. Ele fez exatamente tudo que me pediu para não fazer. E justamente neste dia choveu muito e a nossa casa antiga encheu novamente de água. Hoje eu trato com homeopatia e antroposofia também. Por conta desta perda ru fiz um curso sobre saúde mental com o objetivo de compreender o processo que leva uma pessoa a cometer suicídio. E o curso serviu para me ajudar a compreender minha própria dor. Hoje estou retomando minha vida. Voltei a pintar telas, usar as redes sociais, caminhar e de vez em quando fotografo alguns eventos. Mas ser mesma de antes sem as crises de pânico é um processo que eu espero vencer.
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