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Minha mãe

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Minha mãe

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Minha mãe é de 1922. “Linda, minha mãe. Tenho retratos seus da mocidade e posso repetir: — linda, minha mãe.” . Quando a gente não tem palavras, ou pra dizer o que já foi dito, é suficiente citar. Aqui estou dizendo o que todos podem dizer de suas mães, mas eu provo com fotos – e tenho memória de achá-la realmente bela quando eu era criança e ela estava quarentando.

Se a imagem materna de minha infância é fluida e obnubilada, como os rostos tendem a ficar em nossa lembrança, a memória do juízo de beleza é bem sólida. Curioso que para suprir a falta da imagem em minha recordação há fotos, mas nada supre a ausência. É recentíssima sua perda e deverá ser sempre recente a dor inerente, como só doem as dores recentes e sei que essa vai doer sem fim.

Minha mãe teve infância tranquila e segurança financeira quando ainda dependia de seus pais. Educada entre os melhores colégios das cidades por onde seu pai passava no curso da carreira de juiz e o Colégio SacréCœr de Marie, assim como suas irmãs.

De um episódio completamente obscuro para nós, minha mãe teve uma filha antes do casamento. De forma ainda mais misteriosa (inclusive para ela) essa filha lhe foi subtraída – não sabemos bem se pela morte ou algum subterfúgio da família, e essa dor ela guardou para sempre consigo. “Qualquer dor tem seu repertório de gritos.” Essa dor ela escondeu em silêncio gritante. Relutei registrar esse parágrafo, mas ninguém mesmo vai mais se magoar com esse detalhe biográfico. Não vou me alongar nesse episódio cujo registro faço mais no intuído de fidelidade narrativa.

“Na hora de morrer, e quando sabe que está morrendo — o homem tem um olhar súplice e insuportável de criança batida.” Li isso nas memórias de Nelson (Rodrigues 1993, 19), mas o aprendi com meus pais, principalmente a mãe – de quem vi a última e cinzenta luz do olhar se apagar, e está é uma memória que me acorre em pranto incontido ainda...

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Palavras-chave: mãe, poesia

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