No dia em que minha filha nasceu, há treze anos, com bochechinhas rosadas e olhos azuis, pensei muitas coisas. Na emoção de ouvi-la me chamar de mamãe pela primeira vez, seus primeiros passos, suas brincadeiras de casinha com a boneca preferida.
As emoções foram acontecendo como eu imaginava, só que com uma intensidade infinitamente maior. Seus primeiros passinhos foram dados, suas primeiras palavrinhas pronunciadas, só que as brincadeiras de casinha foram substituídas pela bola. Ela brincava de muitas coisas, mas quando estava com uma bola ficava realmente feliz.
Minha menininha foi crescendo e aos quatro anos, com a maior naturalidade, me disse que queria fazer futebol. Posso dizer que sou uma mãe incentivadora, procurei uma escolinha de futebol e lá vai minha menininha de bochechinhas rosadas e olhinhos azuis de meião e chuteira para sua primeira aula. Infelizmente sua primeira experiência não foi muito boa. Sendo a única menina e a mais nova, não encostou na bola uma única vez.
A maior qualidade de minha filha é a perseverança. Passou por todos os pequenos obstáculos para conseguir jogar futebol. nas escolas sempre era a única menina, o que fez com que ganhasse força e agilidade para jogar de igual para igual com os meninos.
Hoje aos treze anos, joga futebol quase todos os dias. Este ano começará a participar peneiras femininas para jogar em categorias de base. Sonha em jogar na Seleção Brasileira de Futebol Feminino. Quer ser uma futura "Marta". É preciso sonhar, treinar, se dedicar e mesmo que nada disso aconteça, que opte por outra profissão, vou sempre me lembrar daquela menininha de quatro aninhos, bochechinhas rosadas e olhinhos azuis com meião e chuteiras na sua primeira aula de futebol.
