Justina deve ter vindo da África, não sei bem de que região, tendo sido vendida ao Ten. Cel. Adolpho Pinheiro. Ali teve os filhos Honorata que foi minha avó; Laura que nunca se casou, tendo curtido a vida inteira uma paixão pelo virtuoso do violão Américo Jacolmino "Canhoto" de quem guardava, em seu quarto, uma enorme fotografia emoldurada; Luiz que teve os filhos José, Didica e Nininha, só o primeiro tendo casado-se com uma jovem de nome Ismenia e teve quatro filhos: Rosa, Dijanira, Walfrides e a mais nova que não me recordo o nome; Querino, que seduziu uma jovem (Augusta) no dia do seu casamento e com ela fugiu, teve os filhos: João, Pedra, "Zico", Margarida, "Zela", Marina, Lourdes, Genézia, Josefa e Emidio; deveria existir mais uma irmã de minha avó que nunca aprendi o nome, mas tomei conhecimento de seus filhos que eram: Simíramis, que faleceu ainda jovem e que foi casada com um Funcionário da Prefeitura de São Paulo de nome José Vicente que sempre nos visitava por ocasião de finados (ele residia em São Paulo e havia constituído outra família) quando ia visitar o túmulo da ex-esposa. Era uma figura maravilhosa, chegava sempre dizendo que não ia parar muito tempo, mas o papo ia correndo e acabava indo embora somente à noite; o irmão de Simíramis era Euclávio, funcionário da justiça que morava próximo ao casarão, era casado com Teresa e teve os filhos: Arlete, Beraldo e Eunice e cujo sobrenome era Sene.
A uma dessas minhas primas, Margarida, devo o que sou hoje, pois se não fora ela talvez houvesse tomado um rumo diferente que nem sei até onde me levaria. Eu trabalhava na Casa de Móveis e havia um marceneiro que embora fosse uma boa pessoa levava uma vida irregular, era separado da família e o pior, era dado à bebida. Sempre íamos as casas dos fregueses da loja para fazer acertos nos móveis, e, no caminho ele sempre tomava umas e outras, e pagava para que eu o acompanhasse; enquanto ele tomava a cachaça pura, para mim...
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Justina deve ter vindo da África, não sei bem de que região, tendo sido vendida ao Ten. Cel. Adolpho Pinheiro. Ali teve os filhos Honorata que foi minha avó; Laura que nunca se casou, tendo curtido a vida inteira uma paixão pelo virtuoso do violão Américo Jacolmino "Canhoto" de quem guardava, em seu quarto, uma enorme fotografia emoldurada; Luiz que teve os filhos José, Didica e Nininha, só o primeiro tendo casado-se com uma jovem de nome Ismenia e teve quatro filhos: Rosa, Dijanira, Walfrides e a mais nova que não me recordo o nome; Querino, que seduziu uma jovem (Augusta) no dia do seu casamento e com ela fugiu, teve os filhos: João, Pedra, "Zico", Margarida, "Zela", Marina, Lourdes, Genézia, Josefa e Emidio; deveria existir mais uma irmã de minha avó que nunca aprendi o nome, mas tomei conhecimento de seus filhos que eram: Simíramis, que faleceu ainda jovem e que foi casada com um Funcionário da Prefeitura de São Paulo de nome José Vicente que sempre nos visitava por ocasião de finados (ele residia em São Paulo e havia constituído outra família) quando ia visitar o túmulo da ex-esposa. Era uma figura maravilhosa, chegava sempre dizendo que não ia parar muito tempo, mas o papo ia correndo e acabava indo embora somente à noite; o irmão de Simíramis era Euclávio, funcionário da justiça que morava próximo ao casarão, era casado com Teresa e teve os filhos: Arlete, Beraldo e Eunice e cujo sobrenome era Sene.
A uma dessas minhas primas, Margarida, devo o que sou hoje, pois se não fora ela talvez houvesse tomado um rumo diferente que nem sei até onde me levaria. Eu trabalhava na Casa de Móveis e havia um marceneiro que embora fosse uma boa pessoa levava uma vida irregular, era separado da família e o pior, era dado à bebida. Sempre íamos as casas dos fregueses da loja para fazer acertos nos móveis, e, no caminho ele sempre tomava umas e outras, e pagava para que eu o acompanhasse; enquanto ele tomava a cachaça pura, para mim mandava servir com groselha o que emprestava um sabor agradável, próprio para que eu acostumasse e adquirisse o vício. Um dia, quando estávamos no bar, passou essa minha prima Logo à noite ela apareceu em casa e disse a minha mãe: vim aqui para falar o que está acontecendo com o Mik, ele até pode ficar com raiva de mim mas eu prefiro isso do que mais tarde saber que o meu silêncio o prejudicou mais do que se eu tivesse falado; ele está seguindo uma má companhia e o encontrei bebendo no bar. Minha mãe agradeceu e me passou um sermão que calou fundo em minha mente. E não fiquei com raiva dela porque de imediato percebi que o que ela estava fazendo era, de fato, para o meu bem, eu é que estava procedendo errado; eu tinha à esse tempo doze anos
Muitas vezes nós vemos coisas erradas e silenciamos para não nos expormos, isso é um erro, pois a falta de ação de nossa parte poderá resultar na perdição de pessoas que nos são queridas; não tenhamos receio de ficarmos marcados negativamente na mente dessas pessoas que tentamos preservar, o tempo comprovará que agimos de boa fé e teremos o eterno agradecimento. Eu perdi o contato com esses meus parentes, nem sei se ainda estão vivos, mas esse ato está guardado bem no interior do meu coração como uma dádiva de agradecimento eterno.
(José Wladimir Klein enviou seu depoimento para o Museu da Pessoa em 06 de julho de 1998 pela página na internet, atualizada em 29 de janeiro de 1999.)
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