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História
Personagem: Baptista Theophilo
Por: Museu da Pessoa, 9 de maio de 2016

Meu primo Vicente

Esta história contém:

Meu primo Vicente

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Eu sempre fui o filho mais velho. Sempre fui o primeiro da família. Lutei que nem um cachorro, andava de tênis, ia à escola muitas vezes com tênis sim e outro, não, amarrava o dedão para dizer que estava machucado e que não podia colocar, e era mentira, porque eu gastava um, jogava futebol na rua, moleque, né? E gastava, jogava fora um e ficava com o outro. Nós fomos muito pobres, não fomos família rica. Meus pais vieram em navio de terceira categoria, e morava a minha avó morava na rua do Lucas. Minha avó, minhas tias, minha outra tia, não lembro. Era tudo casa de gente pobre, dormia em casa em colchão de espiga de milho, tirava as espigas, fazia o colchão e dormia. Eu, meus dois tios, eu morava junto com o meu tio, né? É isso aí. Na minha casa morava eu, minha mãe, minhas irmãs e meu pai.

Eu trabalhei em diversas coisas quando criança. Vendia jornal lá na praça Antônio Prado, na XV de Novembro. Eu chocava bonde todo dia para ir até a Paula Souza, onde tinha a Light lá.. Não era que lotado, nada. Tinha até o cara dura. Cara dura era um bonde normal, que o pessoal ia lá e tinha um bonde pequeno para os que não podiam pagar, então, pagavam o que tinham. Eu chocava aquele lá. O cobrador vinha aqui, a gente dava a volta para o outro lado, cobrador ia lá, a gente voltava para o mesmo lugar. A minha vida foi uma vida dura… tinha o bondinho de carvão que pegava no Largo do Pari também. Eu pegava o bonde lá no Largo do Pari, que eles paravam lá, traziam o carvão, aquele carvão para alimentar as caldeiras do gás, e vinha com ele, descarregava a mercadoria no Largo do Pari, melancia, uva, laranja, abacaxi, melancia era cada melancia desse tamanho, assim. Chegava o trem, né, encostava lá o vagão, abria, o cara ia lá, abria, a gente tirava as melancias lá e punha no caminhão para levarem para os armazéns. Levava lá para a Santa Rosa, passava aqui, aí ele parava no Pari aqui, era só virar a esquina e tava na...

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Dados de acervo

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P/1 – Seu Batista, fala pra mim, só para ficar registrado, o seu nome completo.

R – Batista Theophilo.

P/1 – O senhor nasceu em que dia?

R – Dia cinco de maio de 1925.

P/1 – E foi em que cidade que o senhor nasceu?

R – Na cidade de São Paulo, rua Benjamim de Oliveira.

P/1 – O senhor nasceu na sua casa, então?

R – Nasci em casa. Naquele tempo, não tinha… tinha enfermeira nossa lá.

P/1 – Onde da Benjamim de Oliveira o senhor nasceu?

R – Na Benjamim de Oliveira.

P/1 – Mas era mais para frente, ali perto da…

R – Não te falei que era perto da Monsenhor de Andrade?

P/1 – Sim.

R – Você conhece a Monsenhor de Andrade?

P/1 – Acho que eu conheço.

R – Aquele paredão da Matarazzo? Aqui é Santa Rosa, aqui é Benjamim de Oliveira, ela corta tudo e vai até a Monsenhor de Andrade.

P/1 – Entendi. Então é mais para a Monsenhor de Andrade, sua casa?

R – Sim. Deixa eu lembrar, acho que umas três ou quatro casas, antes de chegar na Monsenhor de Andrade.

P/1 – E qual que é o nome do seu pai?

R – João Theophilo.

P/1 – Ele nasceu no Brasil também?

R – Não. Meu pai, não. Meu pai era italiano.

P/1 – Italiano?

R – Acho que era italiano, eu não lembro. Minha patroa lembra, eu não lembro.

P/1 – Você se lembra a cidade onde ele nasceu ou não?

R – Meu pai? Ah, em Mare, Polignano a Mare. Agora eu lembrei.

P/1 – Você sabe que dia que ele nasceu, seu Batista?

R – Não.

P/1 – Não tem problema. Ele veio para o Brasil por quê? Você sabe?

R – Ver se vencia na vida. Já tinha mudado meus avós, já tinham mudado, então aí veio o meu pai. Meu pai, meu tio.

P/1 – Ele falou como que era lá na Itália?

R – Meu pai?

P/1 – É.

R – Era pobre, né, tudo pescador.

P/1 – Ah é?

R – É, todos pescadores. Meu pai sabe como é que é, ele veio vencer aqui na vida e ele venceu, mesmo, falava o brasileiro corretamente. Ele, meus tios, minha tia.

P/1 – Ele veio de navio para...

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